Política
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Por Bianca Gomes e Guilherme Caetano

O plano do deputado federal Ricardo Salles (PL-SP) de disputar a prefeitura de São Paulo corre o risco de sucumbir antes mesmo de o ano eleitoral começar. Nas últimas semanas, o ex-ministro do Meio Ambiente de Jair Bolsonaro viu o seu isolamento crescer no PL, com acenos de líderes da legenda ao atual chefe do Executivo Municipal paulistano, Ricardo Nunes, do MDB.

A principal ofensiva vem do próprio presidente do PL, Valdemar Costa Neto, que defendeu em duas entrevistas recentes um nome de centro-direita para bater de frente com o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP). Para Valdemar, Salles está no campo da “extrema-direita”.

Segundo interlocutores do dirigente partidário, também partiu de Valdemar a indicação do marqueteiro Duda Lima para a campanha de Nunes, em outra movimentação que mira a fritura interna de Salles. Duda atuou na campanha de Bolsonaro junto ao ex-chefe da Secretaria Especial de Comunicação Social, Fabio Wajngarten, bolsonarista que tem trabalhado contra o ex-ministro do Meio Ambiente.

Outro recente aceno do PL a Nunes ocorreu na semana passada, quando o prefeito cumpriu agendas públicas no Campo Limpo, bairro da Zona Sul, ao lado do presidente do diretório municipal do PL em São Paulo, vereador Isac Félix, e do deputado federal Antonio Carlos Rodrigues (SP), líder da bancada paulista do PL na Câmara e um dos nomes da sigla mais próximos a Valdemar.

A estratégia de Salles para manter sua candidatura de pé envolve, principalmente, o apoio público de Bolsonaro e de outros nomes da ala ideológica com quem ele tem se reunido semanalmente. Somado a isso, o parlamentar vai tentar ganhar protagonismo na CPI do MST, onde é relator.

Mas mesmo Bolsonaro já disse em público que a decisão final será da bancada do PL em São Paulo e de Valdemar. O recado foi reforçado em um almoço do ex-presidente com o prefeito no mês passado.

O grupo de Salles vê como provável o apoio de Tarcísio se o deputado chegar a 2024 com viabilidade eleitoral, apesar da aproximação do governador com Nunes. Seus aliados avaliam que, com aval de Bolsonaro, não haverá alternativa para o governador não apoiá-lo, sob o risco de ver seu capital eleitoral junto ao bolsonarismo ameaçado. No entanto, avaliam ser difícil que Tarcísio faça esse movimento tão cedo, já que precisa manter um relacionamento com Nunes.

Relação conturbada

Segundo interlocutores dos dois ex-ministros, eles herdaram uma relação conturbada do governo que tem dificultado a construção do palanque para 2024. Ao mesmo tempo, Tarcísio tem mantido uma boa relação com Nunes, com quem compartilha agendas quase que semanalmente.

Aliados de ambos narram que Tarcísio já criticou a postura polêmica de Salles à frente da pasta de Meio Ambiente, que dizia afastar investimentos estrangeiros do país. Mas o abalo na relação ocorreu mesmo em 2021, quando Salles deixou o governo.

Tarcísio, contam interlocutores, teria atuado para que o ex-ministro fosse destituído de dois conselhos de administração para os quais foi indicado pela Infraero, vinculada ao então ministério de Tarcísio. As saídas dos conselhos nos quais Salles era membro — e recebia remuneração — ocorreram meses após ele deixar a pasta, o que foi motivo de irritação para o hoje deputado.

Segundo um interlocutor de Salles, ele só teria aceitado ocupar os conselhos para atender a um pedido de Tarcísio. O governador teria solicitado a Salles para trocar a sua vaga no conselho do Sistema S, cuja remuneração era maior, com os da Infraero, com remuneração menor. Tarcísio teria tirado Salles dos conselhos sem antes consultá-lo ou comunicá-lo.

Procurado, Salles não quis comentar o assunto. Seu entorno, entretanto, vê como inevitável o apoio do partido à sua pré-candidatura e diz que as declarações de Valdemar são feitas para manter boa relação com Nunes. Aliados lembram que o deputado tem agregado apoio de parte expressiva do PL de São Paulo.

Um dos exemplos citados é que Salles transformou sua casa, na capital paulista, numa espécie de bunker bolsonarista, onde quinzenalmente recebe para um café da manhã a tropa de choque de apoio do ex-presidente. São frequentadores os deputados federais Eduardo Bolsonaro, Luiz Philippe de Orleans e Bragança, Paulo Bilynskyj e Mario Frias; os deputados estaduais Lucas Bove, Gil Diniz, Major Mecca, Conte Lopes e Paulo Mansur; e o vereador de São Bernardo do Campo Paulo Chuchu, ex-assessor de Eduardo.

Desde o aval público dado por Bolsonaro à empreitada eleitoral de Salles, no entanto, o grupo passou a ganhar adeptos do “PL raiz” — a ala próxima a Valdemar que já estava na sigla antes do desembarque dos bolsonaristas em 2022. Carlos Cezar, líder do partido na Assembleia Legislativa de São Paulo, Luiz Carlos Motta e Jefferson Campos, próximos a Valdemar, são alguns dos participantes dos encontros.

Um interlocutor de Salles destacou que o tuíte de Valdemar em que ele rechaça um candidato de extrema-direita recebeu uma avalanche de comentários insatisfeitos com o cacique. Os usuários compararam Valdemar a Luciano Bivar, o então presidente do PSL que rompeu com Bolsonaro.

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