Política
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Por O Globo — Rio de Janeiro

Pauta que deve mudar substancialmente o regime fiscal do Brasil nos próximos anos, a Reforma Tributária também teve efeitos que reconfiguraram a correlação de forças entre atores políticos do país. O projeto, cujas discussões se arrastaram ao longo das últimas décadas, foi aprovado na noite da última quinta-feira por 382 votos a favor e 118 contrários, além de três abstenções.

A aprovação da proposta uniu partidos da base do governo Lula e até parte da oposição, incluindo o PL do ex-presidente Jair Bolsonaro. Além disso, contou com a atuação — pró e contra — de grupos de governadores e prefeitos que fizeram intenso lobby, em Brasília, nos últimos dias.

Veja, abaixo, quem ganhou e quem perdeu no mundo político com a aprovação da reforma tributária.

Sobe

  • Haddad

O ministro da Fazenda Fernando Haddad foi visto como um dos maiores vencedores com a aprovação da proposta. Seu trabalho silencioso nos bastidores, atuando na articulação e negociação da proposta, rendeu elogios. Em entrevista ao SBT, Lula afirmou que não precisou entrar no corpo a corpo da articulação pela proposta, pois Haddad estava “jogando bem”.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad — Foto: Diogo Zacarias
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad — Foto: Diogo Zacarias

Nas redes sociais, Haddad foi o vencedor de menções positivas de acordo com um levantamento feito pela Quaest, numa coleta de 5,3 milhões de interações sobre a reforma feitas no Twitter, Facebook e Instagram. A pesquisa analisou a repercussão em torno dos nomes do ministro da Fazenda, do presidente da Câmara, Arthur Lira, de Lula, do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, e de Jair Bolsonaro. Haddad foi o que se saiu melhor, com 78% de menções positivas contra 22% de negativas.

  • Lira

Em segundo lugar no levantamento da Quaest, ficou Arthur Lira, que teve 63% das menções positivas contra 37% negativas. O presidente da Câmara dos Deputados concentrou seus esforços para que a proposta fosse votada antes do recesso parlamentar e assumiu a condução dos trabalhos como um projeto pessoal.

Arthur Lira durante discussão dos deputados sobre a Reforma Tributária — Foto: Brenno Carvalho / Agência O Globo
Arthur Lira durante discussão dos deputados sobre a Reforma Tributária — Foto: Brenno Carvalho / Agência O Globo

Antes de dar início à votação, ele chegou a discursar no plenário em defesa da proposta, o que rendeu elogios até de petistas como Haddad. Além disso, usou sua influência sobre os partidos do Centrão para garantir uma votação com ampla margem favorável à proposta.

  • Appy

Principal mentor da proposta da Reforma Tributária, Bernardo Appy carrega há anos a bandeira da necessidade de uma mudança no regime fiscal brasileiro. Em 2007, quando trabalhava no segundo mandato de Lula com o Ministro da Fazenda Guido Mantega, ele elaborou um projeto que acabou naufragando no Congresso.

O economista Bernardo Appy foi indicado por Fernando Haddad para cuidar da reforma tributária no próximo governo — Foto: Ana Paula Paiva/Valor
O economista Bernardo Appy foi indicado por Fernando Haddad para cuidar da reforma tributária no próximo governo — Foto: Ana Paula Paiva/Valor

Passados 16 anos, de volta ao governo como secretário de Reforma Tributária do ministro Haddad, ele viu a nova proposta que vinha costurando desde 2019 ser finalmente aprovada em Brasília. Para isso, negociou e construiu pontes com o centro e a direita.

  • Tarcísio

Já o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, entrou numa arena perigosa ao abraçar a proposta. No levantamento da Quaest, o saldo ficou quase num empate: teve 49% das postagens positivas e 51% negativas. O mundo bolsonarista ficou em polvorosa com a postura do ex-ministro, principalmente com o fato de ele ter posado ao lado de Haddad em defesa da reforma.

O Governador do Estado de São Paulo, Tarcísio de Freita — Foto: Isadora de Leão Moreira/Governo do Estado de SP
O Governador do Estado de São Paulo, Tarcísio de Freita — Foto: Isadora de Leão Moreira/Governo do Estado de SP

Ele mostrou força ao ajudar a mobilizar seu partido, o Republicanos, que apoiou de forma massiva a proposta. Além disso, conforme publicou O GLOBO, alguns analistas avaliam que o movimento pode colocá-lo como líder capaz de agregar o centro e a direita moderada. Bolsonaro, que colocou a artilharia de sua inflamada base contra o ex-ministro, encontrou-se com Tarcísio nesta sexta-feira em clima bem mais ameno.

Desce

  • Bolsonaro

Maior derrotado com a aprovação do projeto, Bolsonaro alcançou o pior desempenho nas redes no levantamento da Quaest. Ele teve 29% de menções positivas e 71% de negativas. Após ser condenado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) a ficar inelegível por oito anos, Bolsonaro fez seu primeiro teste de força política como líder da direita fora da corrida eleitoral ao tentar mobilizar o PL contra a Reforma Tributária.

Ex-presidente Jair Bolsonaro — Foto: Brenno Carvalho
Ex-presidente Jair Bolsonaro — Foto: Brenno Carvalho

Porém, a estratégia não funcionou e um em cada cinco deputados da bancada votou a favor do texto. Além disso, ele viu alguns de seus principais aliados, como Lira e Tarcísio, se empenharem em aprovar o projeto.

  • Caiado

O governador de Goiás, Ronaldo Caiado, tentou liderar um movimento de chefes dos executivos estaduais contra a reforma, considerada “desrespeitosa” por ele. Apesar de outros governadores também rejeitarem alguns pontos e fazerem ressalvas à proposta, ele se posicionou de forma terminantemente contrária à mudança nas regras.

O governador de Goiás, Ronaldo Caiado — Foto: Jefferson Rudy/Senado Federal
O governador de Goiás, Ronaldo Caiado — Foto: Jefferson Rudy/Senado Federal

Para tentar frear a proposta, Caiado chegou a fazer apelos à bancada de deputados goianos e aos representantes do Agronegócio no Congresso. Porém, seus esforços não foram suficientes, e a Frente Parlamentar do Agronegócio foi favorável ao texto final.

  • Jorginho

Já o governador de Santa Catarina, Jorginho Mello, saiu do silêncio para se declarar contra a proposta, às vésperas da votação, após se reunir com o ex-presidente Bolsonaro, segundo publicou o portal catarinense NSC.

Jorginho Mello assume o governo e agradece aos 'bolsonaristas de Santa Catarina' — Foto: Reprodução/YouTube
Jorginho Mello assume o governo e agradece aos 'bolsonaristas de Santa Catarina' — Foto: Reprodução/YouTube

No dia da votação, ele publicou um vídeo em suas redes criticando o projeto: “E é pra isso que estamos aqui, vamos continuar lutando por uma reforma tributária de verdade, e não é isso que temos aí”, disse. Não adiantou.

  • Novo

Apesar do partido Novo ter anunciado que era “institucionalmente” a favor do projeto da Reforma Tributária, dois de seus três deputados votaram contra a proposta na Câmara. Não houve consenso na bancada, e a legenda liberou o voto.

Criado como partido de viés liberal, que pretendia ser protagonista nos debates econômicos do Brasil, o Novo acabou ficando de fora do núcleo das articulações de um dos projetos mais importantes para o desenvolvimento do país nesta seara.

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