Parlamentares da base do governo de Luiz Inácio Lula da Silva pretendem aprofundar as investigações sobre o suposto envolvimento de lideranças do agronegócio nos atos golpistas de 8 de janeiro. O deputado Rogerio Correia (PT-MG) apresentou um pedido de convocação do líder do Movimento Brasil Verde e Amarelo (MBVA), Antonio Galvan, para que ele "preste esclarecimentos" à CPI dos Ataques Golpistas.
Como revelou O GLOBO, a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) indicou o grupo formado por produtores rurais como suposto "articulador dos atos intervencionistas" que contestaram, sem provas, o resultado das eleições e culminaram na invasão às sedes dos três Poderes. Presidente da Aprosoja Brasil, Galvan é apontado no relatório da Abin como o "general" do movimento.
— Vamos investigá-lo — afirmou o deputado Rogerio Correa. O requerimento do deputado ainda precisa ser aprovado pelo colegiado .
O deputado Rubens Junior (PT-MA), que lidera o bloco do governo na CPI disse que, além da convocação, vai pedir também as quebras de sigilos bancários, telefônicos e telemáticos do presidente da associação rural.
Junior e Correia se reuniaram na sexta-feira com a equipe da comissão para coordenar as ações que tomarão em relação aos supostos financiadores — nesse rol entrariam os produtores rurais do MBVA.
Galvan já é investigado em um inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF) por supostamente incitar ataques contra a democracia em 2021. Neste caso, ele foi alvo de um mandado de busca e apreensão. Em nota, a Aprosoja afirmou desconhecer o conteúdo do documento da Abin e que não organizou nem financiou nenhuma das ações antidemocráticas. Procurado, ele não quis se manifestar.
Por enquanto, a CPI tem focado os esforços em investigar os eventos que antecederam o 8 de janeiro, como o plano frustrado de explodir os arredores do aeroporto de Brasília e a suposta trampa golpista para impedir a posse do presidente Lula, no fim de 2022. Depois, o colegiado irá se debruçar sobre os financiadores e incitadores dos atos antidemocráticos.
Na próxima terça-feira, o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, é aguradado para depor sobre as mensagens de teor golpista encontradas em seu celular. Nos arquivos do aparelho, a PF encontrou um rascunho apócrifo que previa anular a eleição de 2022 e realizar um novo pleito, com a intervenção dos militares e o afastamento de ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Depois da oitiva de Cid, os parlamentares entrarão em recesso e só devem retomar as sessões da CPI em agosto.