Política
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Por O GLOBO — Rio de Janeiro

Criticado pela frase "nós derrotamos o bolsonarismo" em congresso da UNE na última quarta-feira, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso acumula entreveros com o ex-presidente Jair Bolsonaro e seus apoiadores desde o último governo, em especial por conta de ataques bolsonaristas ao sistema eletrônico de votação e ao Judiciário. Antes da declaração desta semana, Barroso já havia sido alvo de parlamentares aliados de Bolsonaro por outros comentários e falas, em sua maioria tirados de contexto.

Relembre a seguir outras rusgas de Barroso com bolsonaristas:

'Perdeu, mané'

Abordado de forma ríspida por eleitores de Bolsonaro, em duas ocasiões, durante uma viagem a Nova York (EUA) após o segundo turno presidencial de 2022, Barroso se irritou com um homem que perguntava sobre o código-fonte das urnas eletrônicas -- um dos elementos do sistema de votação constantemente evocado pelo ex-presidente em tentativas de questionar a confiabilidade do processo.

Em resposta ao eleitor bolsonarista, Barroso proferiu a frase "perdeu, mané, não amola", fazendo referência à derrota de Bolsonaro para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A reação do ministro foi criticada por lideranças do bolsonarismo. Dias depois, Barroso disse que lamentava o episódio.

Nos ataques golpistas às sedes dos três Poderes em Brasília, em janeiro deste ano, uma das frases pichadas no prédio do STF foi justamente "perdeu, mané". Questionado após os ataques se a pichação lhe gerava arrependimento por ter dito a frase, Barroso ironizou um erro ortográfico no ato de vandalismo.

-- Me arrependo mesmo porque tem um ‘perdeu, mané’ com ‘L’. Isso, sim, é de lascar.

Hostilizado em restaurante

Cerca de uma semana depois do segundo turno presidencial, Barroso foi cercado por bolsonaristas em um restaurante no litoral norte de Santa Catarina. Em nota divulgada após o episódio, Barroso afirmou que "pessoas que participavam de bloqueios de estradas", expediente adotado por apoiadores de Bolsonaro inconformados com o resultado da eleição, iniciaram um protesto no lado de fora do restaurante ao notarem a presença do ministro.

Barroso afirmou ainda que "a manifestação ameaçava fugir ao controle e tornar-se violenta", e que por isso decidiu se retirar do restaurante.

"A democracia comporta manifestações pacíficas de inconformismo, mas impõe a todos os cidadãos o respeito ao resultado das urnas. O desrespeito às instituições e às pessoas, assim como as ameaças de violência, não fazem bem a nenhuma causa e atrasam o país, que precisa de ordem e paz para progredir", disse Barroso em nota.

'Conhecerás a mentira'

Depois de ataques do então presidente Jair Bolsonaro ao Judiciário e às urnas eletrônicas no feriado de 7 de setembro em 2021, Barroso, à época presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), criticou a "campanha diuturna e insidiosa contra as urnas eletrônicas, por parte de ninguém menos do que o presidente da República".

Em sessão no TSE, Barroso afirmou ainda que, à exceção de "fanáticos" e "mercenários", não havia dúvidas sobre a confiabilidade das urnas eletrônicas, contestada por Bolsonaro: "Todas as pessoas de bem sabem que não houve fraude e quem é o farsante nessa história", afirmou.

Barroso fez referência também ao versículo bíblico "conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará", constantemente usado por Bolsonaro e seus apoiadores.

"O slogan para o momento brasileiro, ao contrário do propalado, parece ser: 'Conhecerás a mentira e a mentira te aprisionará'", declarou o ministro na ocasião.

Críticas ao voto impresso

Outro motivo de atrito entre Barroso e apoiadores de Bolsonaro foi o debate, alimentado pelo bolsonarismo, em torno da adoção do voto impresso para as eleições de 2022. Em março do ano passado, meses após a Câmara rejeitar a PEC do voto impresso, Bolsonaro acusou Barroso de "interferência" no Congresso Nacional para derrubar a proposta.

Em resposta, Barroso criticou a postura do então presidente e disse que Bolsonaro se referia de forma mentirosa a uma reunião com líderes partidários durante a tramitação da PEC.

"Mentir precisa voltar a ser errado de novo. Compareci à Câmara dos Deputados, como presidente do TSE, para debater o voto impresso, atendendo a três convites oficiais. E foi a própria Câmara que derrotou a proposta de retrocesso. Mas sempre haverá maus perdedores", alfinetou Barroso.

Em mais de uma ocasião, o ministro se referiu à proposta encampada por Bolsonaro como "retrocesso" e reforçou a confiabilidade das urnas.

Dicas da semana

Barroso também se envolveu em rusgas com bolsonaristas ao divulgar suas "dicas da semana" nas redes sociais. Algumas das postagens de Barroso, com recomendações musicais e literárias para seus seguidores, continham recados velados, o que foi destacado mais de uma vez por eleitores de Bolsonaro.

Na antevéspera do segundo turno de 2022, por exemplo, Barroso inseriu como dica musical a canção "Já vai tarde", do grupo Mania de Ser.

Frases distorcidas

Barroso já veio a público mais de uma vez para explicar declarações que haviam sido compartilhadas de forma descontextualizada ou enganosa nas redes sociais. Nesta quinta-feira, em meio à repercussão da fala no congresso da UNE, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) compartilhou uma publicação que traz uma coletânea de outras frases de Barroso, todas distorcidas.

Uma delas, esclarecida por Barroso em agosto de 2021, é a suposta frase de que "eleição não se ganha, se toma". À época, o ministro explicou que a declaração fora editada de forma enganosa para suprimir o trecho "em Roraima", que antecedia a frase. Barroso se referia a acusações de fraude eleitoral no estado anteriores à adoção do voto eletrônico, e citava um raciocínio da classe política em Roraima quando vigorava o voto impresso.

Outra declaração usada por bolsonaristas para criticar a conduta de Barroso, também distorcida, é uma menção do ministro à transformação do Judiciário em um "poder político". No raciocínio completo de Barroso, proferido em uma palestra em Porto Alegre no início deste mês, ele argumenta que a Constituição de 1988 trouxe uma "ascensão institucional" ao Poder Judiciário.

"Deixou de ser já há um tempo um departamento técnico especializado. Passou a ser um poder político na vida brasileira. Houve mudança na natureza, no papel, na visibilidade, nas expectativas que existem em relação ao Poder Judiciário", explicou Barroso.

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