Política
PUBLICIDADE

Por Jeniffer Gularte e Bruno Góes — Brasília

Depois de concluir dois mandatos no governo da Bahia com alto índice de aprovação, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, escolhido por Lula para o cargo mais importante do Palácio do Planalto, admite que a experiência de comandar uma equipe ministerial tem sido mais desafiadora e lamenta “eventual” fogo amigo que há em Brasília. Criticado por supostamente dificultar a relação com o Congresso ao travar liberação de emendas e nomeações, ele diz não participar diretamente da articulação política e avalia que a aprovação recente de medidas econômicas é prova do distensionamento da relação com o Parlamento.

Em entrevista ao GLOBO, o ministro antecipa que o principal objetivo no segundo semestre será o lançamento do Novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) com ampliação do investimento em obras públicas, incentivando Parcerias Público Privada (PPPs) e concessões — mecanismos antes tratados como tabu por gestões do PT.

O senhor foi alvo de críticas de parlamentares. Por que houve tensão política com o Congresso nos primeiros seis meses de governo?

Eram previsíveis e naturais. Na política não tem vácuo. Como existia um completo vazio de governança de gestão do Executivo, esse espaço foi ocupado por muitos outros atores institucionais. Na medida em que o governo passa a existir, a ocupar o seu devido lugar, as coisas vão se acomodando. A partir de agora consigo começar a abrir mais a minha agenda para interlocução com parlamentares. Mas, se for para discutir assuntos que não são da minha parte, da articulação política, não tem condição. A ênfase do presidente foi, desde o início, pedir que eu me concentrasse na gestão de governo e que resistisse ao máximo para não entrar na articulação política. Humanamente não tem como fazer as duas coisas.

E as intrigas palacianas?

Eu não nego que eventualmente tem fogo amigo, gente que planta notícias. Isso é uma coisa que eu não vivia na Bahia. Você via muito mais unidade e time jogando, do que eventualmente, às vezes, se percebe aqui. O que mais me incomoda é a inverdade e a mentira. Eu já li três ou quatro livros para ver se eu conforto mais minha alma sobre o fim da verdade. Mas é um negócio que a mim me incomoda profundamente, essa era da fake news, da notícia plantada, porque a velocidade da informação é muito grande.

E agora como está a relação com o Congresso?

A semana passada (retrasada) foi simbólica (quando houve aprovação de medidas econômicas). Houve um processo de distensionamento. Muita reunião, muito café, muito almoço, muito jantar, e isso vai ajudando a distensionar. Houve a diminuição também de intrigas, de fofocas, de disse me disse. Até dissuadir disso, leva um tempinho.

Como o senhor vê a possibilidade da chegada ao governo de novos partidos como PP e Republicanos?

A relação do Congresso, do ponto de vista da articulação política, é da Secretaria de Relações Institucionais (comandada pelo ministro Alexandre Padilha). Não é comigo. Então, eu não participo disso. Não pretendo participar. Se, eventualmente, em reuniões de coordenação, o presidente solicita opinião, eu posso eventualmente dar. Mas eu não faço e não farei essa articulação. Sobre a ampliação do governo, é absolutamente natural. Quanto mais o governo se fortalece ao longo dos anos, mais as pessoas vão desejar participar.

O PT pode perder espaço nesse arranjo político?

Quem vai definir a composição é o presidente, então ele vai olhando o cenário. O governo é dele, a quem cabe fazer essa negociação. Acho que é indevido, cada ministro ficar fazendo especulações. Isso fragiliza o governo. Se cada ministro ficar dando palpite não dará certo. Porque a cada dia a cabeça de um ministro ou de um presidente de empresa vai a público. Isso fragiliza muito o governo, atrapalha. Então, as composições e mudanças, o presidente fará. E quando ele fizer, troca um diretor de empresa, um superintendente, um ministro, e acabou. A vida segue e o governo segue.

Qual a prioridade do governo para o segundo semestre?

A prioridade número um que está pré-agendada para o fim do mês é o lançamento do Novo PAC. Vamos ampliar de forma substantiva os investimentos para além do orçamento geral da União, utilizando projetos de PPP. Além de estimular estados e municípios e eventualmente participar deles, a União também fará projeto de PPP diretamente. E vai ampliar o projeto de concessões. Vamos fazer financiamento a estados e municípios que tenham margem de empréstimo para fazer esse investimento, com Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil, BNDES, Banco do Nordeste.

De quanto será o investimento público no Novo PAC?

Estamos trabalhando com a perspectiva de R$ 60 bilhões por ano, fora concessões e PPPs.

O governo ainda pretende contratar empresas no PAC que fecharam acordos de leniência durante a Operação Lava-Jato?

Não conseguimos fazer essa ideia andar por vários fatores. Qual era a ideia? Elas pagarem o que devem fazendo obras, mas, para isso, elas precisam se alavancar financeiramente para tomar o empréstimo no banco público ou privado. Precisa ter lastro de garantias para acessar esses créditos. Isso não se mostrou viável.

Em sua avaliação, como o senhor se diferencia de outros ministros da Casa Civil durante os governos do PT como José Dirceu, Dilma Rousseff e Antonio Palocci?

Não sou a melhor pessoa para avaliar minhas diferenças para com os outros. Isso cabe a um terceiro. Tem muito pouco tempo que eu estou aqui. Cada um tem seu estilo. O meu é pé no chão. Disse ao presidente: minha vaidade pessoal foi absolutamente preenchida com oito anos em que fui governador da Bahia. Não me deixo emular pelo nome pomposo de ministro. Me considero o assessor do presidente. Muitas pessoas perguntam: “Qual é a sua opinião?” A minha opinião direi ao presidente.

O líder do governo no Senado, Jaques Wagner, fez um elogio público ao atual procurador-geral da República, Augusto Aras, indicado por Jair Bolsonaro. Aras pode ser reconduzido ao cargo?

A escolha, seja de ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) ou procurador-geral da República, cabe exclusivamente ao presidente da República. Não cabe a mim ou a nenhum outro ministro ficar dando palpite. Sobre o elogio de Wagner, acho que ele emitiu a opinião dele. Se tem algo, e é meritório, que o atual procurador da República fez foi enfrentar, e na minha opinião foi bom para o país, superar aquela avalanche de perseguição e de lava-jatismo, que deixou tantos problemas. Na minha opinião, (Aras) teve a virtude (de enfrentar). Isso é explícito, quem gosta e quem não gosta dele. Reconheço esse mérito na conduta dele. Agora, isso não tem nada a ver com a sua eventual indicação.

Ao mesmo tempo em que defende retirar exceções da Reforma Tributária, o governo deu benefícios fiscais a montadoras e agora discute desonerar produtos da linha branca. Vê contradição?

Não tem contradição. Duas das principais virtudes da reforma é a simplificação e retirar o efeito cascata do sistema tributário. Isso não anula a busca de políticas que deem equidade no desenvolvimento nacional e regional. Não é contraditório desenvolver regiões nem afirmar políticas públicas se pretende adotar uma estratégia de desenvolvimento, por exemplo, de descarbonização da economia. E não há projeto no sistema que a Casa Civil participa, pelo menos, sendo discutido de incentivo à linha branca.

Mais recente Próxima Além de Moraes, outros ministros do STF também sofreram ataques; veja quais
Mais do Globo

Consumidor pode 'reclamar pelos vícios aparentes ou de fácil constatação' 'em trinta dias, tratando-se de fornecimento de produtos não duráveis', caso de produtos como o café

Comprou café impróprio para consumo? Veja como proceder; Ministério da Agricultura reprovou 16 marcas

No Instagram, PA fica atrás apenas dos aposentados Usain Bolt e Caitlyn Jenner; ele é o segundo representante brasileiro mais seguido

Atleta do Brasil nos 100m rasos, ex-BBB Paulo André é esportista do atletismo com mais seguidores no mundo nas redes sociais

David Pina conquistou torcida com cabelo no formato de Mickey Mouse

Primeiro medalhista de Cabo Verde teve de parar preparação para Paris-2024 para trabalhar como pedreiro em Portugal: 'Dinheiro acabou'

Haverá recepcionistas bilíngues, que darão informações sobre o estado do Rio aos visitantes

Galeão nas alturas: com quase o dobro de conexões doméstico-internacionais, terminal vai centro de informações turísticas

Brasileira pode conquistar nova medalha em Paris hoje. Rebeca Andrade é favorita ao pódio

Rebeca Andrade nas Olimpíadas: onde assistir e qual é o horário da final do salto da ginástica artística

Quais são as marcas e as técnicas que procuram diminuir o impacto negativo sobre o meio ambiente da roupa mais democrática do planeta

Conheça alternativas para tornar a produção do jeans mais sustentável

Fotógrafos relatam como foi o processo de concepção das imagens em cartaz na Casa Firjan, em Botafogo

Lavadeira, barbeiro, calceteiro: exposição de fotos em Botafogo enfoca profissões em extinção

‘Queremos criar o museu do theatro’ revela Clara Paulino, presidente do Theatro Municipal

Theatro Municipal pode ganhar museu para expor parte do seu acervo de 70 mil itens