Política
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Por Daniel Gullino, Eduardo Gonçalves, Paolla Serra e Reynaldo Turollo Jr. — Brasília

O ex-presidente Jair Bolsonaro recebeu em seu celular, em mensagem enviada pelo então ajudante de ordens Mauro Cid, um certificado de autenticidade de um relógio Patek Philippe avaliado em US$ 51 mil (cerca de R$ 250 mil, na cotação atual) que teria sido dado por autoridades do Bahrein em 2021 e vendido a uma loja dos Estados Unidos no ano seguinte.

A Polícia Federal (PF) encontrou, no armazenamento da nuvem de Cid, fotos e um documento que registra a venda desse relógio e de outro modelo, um Rolex, por US$ 68 mil. A transação ocorreu no dia 13 de junho de 2022. Além disso, a investigação também comprovou que o tenente-coronel esteve na loja de relógios por meio de uma busca no aplicativo Waze e pela conexão com o Wi-Fi do estabelecimento.

Cronologia:

  • Bolsonaro recebeu de Cid uma foto com o certificado de autenticidade do relógio, em 16/11/2021
  • O relógio foi um presente do Bahrein
  • Em 13 de junho de 2022, o relógio Patek Philippe foi vendido, junto com um Rolex, em uma loja nos EUA
  • Não há registro oficial na Presidência do recebimento do relógio da marca Patek Philippe

Segundo a PF, que investiga a suposta transação envolvendo esse relógio, além do Rolex que já era conhecido, “não foi identificado nenhum registro do relógio Patek Philippe (no acervo presidencial), fato que indica a possibilidade de o referido bem sequer ter passado pelo então Gabinete Adjunto de Documentação Histórica (...), sendo desviado diretamente para a posse do ex-presidente Jair Bolsonaro”.

“Tal fato”, continua a PF, “explicaria não ter existido, ao contrário dos demais itens desviados, uma ‘operação’ para recuperar o referido bem, pois, até o presente momento, o Estado brasileiro não tinha ciência de sua existência”. Procuradas, as defesas de Bolsonaro e Cid não se manifestaram.

Procurada pelo GLOBO, a defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro informou que está analisando os elementos apresentados pela Polícia Federal para se manifestar sobre o tema. A defesa de Cid não se manifestou.

Segundo a PF, o valor de US$ 68 mil obtido com a venda dos dois relógios à loja americana foi depositado na conta do general Mauro Cesar Lourena Cid, pai do tenente-coronel Mauro Cid e alvo de busca e apreensão nesta sexta-feira. No dia anterior à venda, Lourena enviou ao filho dados da conta que seria utilizada na transação.

No período da venda, Cid estava nos Estados Unidos acompanhando a participação de Bolsonaro na Cúpula das Américas. Depois do fim da agenda, viajou da Flórida até a Pensilvânia para vender os dois relógios.

"Os elementos de prova colhidos apontam que Mauro Cid, após se desligar da comitiva presidencial no dia 13 de junho de 2022, viajou de Miami até a cidade de Willow Grove, no estado Pensilvânia/EUA. Na cidade se dirigiu até a sede da loja Precision Watches e efetivou a venda do relógio Rolex Day-Date, que integrava o denominado “kit Ouro Branco”, presenteado ao ex-presidente da República Jair Bolsonaro, quando de sua visita oficial à Arábia Saudita em outubro de 2019", escreveu a PF.

"Após efetivar a venda do referido relógio, juntamente com o relógio da marca Patek Philippe, o montante de US$ 68.000,00 foi depositado, no mesmo dia, na conta bancária de Mauro Cesar Lourena Cid, pai de Mauro Cesar Barbosa Cid", acrescentou a corporação.

Valores envolvidos

A Polícia Federal calcula que aliados de Bolsonaro faturaram cerca de R$ 1 milhão com a venda de presentes dados ao ex-presidente durante missões oficiais. Entre os objetos, há relógios, duas estátuas douradas — uma de barco e outra de palmeira — e um kit de joias que continha caneta, anel, abotoaduras e um rosário árabe.

No inquérito, a PF destaca que Bolsonaro recebeu os itens "na condição de chefe do Estado do governo brasileiro, em compromissos oficiais com representantes de outros países".

O que diz o STF?

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou que dados "indicam a possibilidade" de que o esquema de desvio de presentes recebidos pela Presidência da República ocorreu por "determinação de Jair Bolsonaro".

Detalhes da investigação

A investigação da Polícia Federal sobre a venda de presentes oficiais valiosos dados ao então presidente Jair Bolsonaro aponta que o general Mauro Lourena Cid, pai do ex-ajudante de ordens Mauro Cid, tinha consigo US$ 25 mil em espécie que seriam do ex-mandatário. Em mensagens, Cid discute com outro auxiliar de Bolsonaro, Marcelo Costa Câmara, como seria a melhor forma de entregar o dinheiro ao ex-presidente. Para Cid, seria melhor evitar utilizar contas bancárias.

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