Política
PUBLICIDADE
Por — Brasília

Quase nove meses após os atos golpistas de 8 de janeiro, momento mais tenso de sua gestão, a presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Rosa Weber, se despediu ontem do plenário da Corte com uma defesa veemente da democracia e reiterou a importância da presença de mulheres na Corte. Ela passará hoje o comando ao ministro Luís Roberto Barroso e, na semana que vem, vai se aposentar, porque completará 75 anos.

Em seu discurso de despedida, Rosa lembrou que foi apenas a terceira mulher a integrar o STF. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem sido pressionado a indicar uma representante feminina para a vaga, mas já disse que não levará em conta critérios de “gênero e cor”.

Ao falar sobre a presença das mulheres no Judiciário, a ministra celebrou a aprovação da resolução do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), na terça-feira, que prevê maior equilíbrio entre homens e mulheres na segunda instância. Para Rosa, “a igualdade de gênero é expressão da cidadania e da dignidade humana e pressuposto fundamental da democracia”.

A ministra, que passou mais de 11 anos na Corte, o último deles na presidência, entregou aos colegas um balanço de 289 páginas. Em um texto de apresentação, mencionou o papel do STF, posto à prova na ação extremista — três réus já foram condenados e há seis outros julgamentos em andamento.

Legado de Rosa na Corte — Foto: Editoria de Arte/Infoglobo
Legado de Rosa na Corte — Foto: Editoria de Arte/Infoglobo

“O Supremo Tribunal Federal permanece firme, vigilante e resiliente na defesa dos valores democráticos e pela concretização das promessas civilizatórias da Constituição”, escreveu a ministra na publicação.

Depois, em discurso ao fim da sessão que encerrou o debate sobre o marco temporal para terras indígenas, Rosa fez uma referência direta aos atos antidemocráticos e voltou a classificar o 8 de janeiro como o “dia da infâmia”.

— A resistência, a resiliência e a solidariedade ficaram estampadas na metáfora da travessia da Praça dos Três Poderes, todos nós de mãos dadas, desviando das pedras, dos vidros, dos cartuchos de bala. Inabalada restou a nossa democracia — afirmou Rosa, emocionada, lembrando a cena que reuniu também o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).

O decano do STF, ministro Gilmar Mendes, foi responsável pelo discurso em homenagem a Rosa. Segundo o ministro, ela deixa um “legado de bravura e competência”.

— Ao longo desses anos, vimos a ministra Rosa lutar incessantemente pelos direitos da mulher, do meio ambiente, direitos trabalhistas, pelos direitos dos indígenas — ressaltou Gilmar.

Ainda que exercendo uma presidência curta — os mandatos são de dois anos —, Rosa implementou mudanças estruturais no funcionamento do Supremo. A principal delas foi a regra que mexeu com o tempo pedido por cada ministro para analisar um caso, suspendendo um julgamento. A alteração regimental capitaneada pela ministra fixou um prazo de 90 dias para os chamados pedidos de vista dos processos. Após esse período, os casos passam a ser automaticamente liberados para continuidade da análise pelos demais magistrados.

Na gestão de Rosa, foram julgados ou retomados casos emblemáticos, como o marco temporal para demarcação de terras indígenas e a descriminalização do porte de drogas, que se arrastam há anos na Corte.

A tese segundo a qual só seriam passíveis de demarcação terras indígenas ocupadas na data da promulgação da Constituição de 1988 foi derrubada por 9 votos a 2. Já o julgamento que pode levar à descriminalização do porte de maconha para uso pessoal foi interrompido em 25 de agosto com cinco votos favoráveis e um contrário.

A ação que pede a descriminalização do aborto, da qual ela era relatora, foi colocada em votação no plenário virtual do Supremo na última sexta-feira e contou com o voto da ministra. Ela se manifestou de forma favorável à descriminalização até a 12ª semana de gestação, em um voto carregado de simbologia em defesa dos direitos das mulheres.

Em uma jogada combinada, a análise foi suspensa por um pedido de destaque do ministro Luís Roberto Barroso, que reiniciará o julgamento no plenário físico, com debates, mas mantendo o voto da ministra. A interlocutores, Rosa confidenciou o seu temor com o futuro do julgamento diante de uma Corte “tão masculina”.

Ao longo de seus 11 anos de atuação, Rosa teve papel decisivo, por exemplo, no entendimento do STF sobre a prisão após condenação em segunda instância. Em 2016, quando o Supremo passou a permitir a prisão após condenação em segundo grau, Rosa foi contrária, e ficou vencida. Por isso, em 2018, quando o tribunal julgou um pedido de habeas corpus para evitar a prisão do então ex-presidente Lula, a ministra acompanhou a maioria, ressalvando seu “posicionamento pessoal”. Com o voto de Rosa, que foi decisivo, o petista acabou sendo preso.

Segunda instância

Em 2019, no voto que foi considerado “o mais esperado” do julgamento que mudou novamente o posicionamento do Supremo e vetou a prisão após condenação em segunda instância, Rosa lembrou que os constituintes rejeitaram as propostas de redação da Constituição que desvinculavam a formação da culpa de um acusado do trânsito em julgado. Ao final, a Corte derrubou a prisão sem trânsito em julgado, entendimento que acabou beneficiando Lula.

Seu sucessor na presidência do STF, Barroso afirmou que Rosa “teve uma carreira impecável na Justiça do Trabalho e no Supremo Tribunal Federal”, e que presidiu a Justiça Eleitoral “de modo firme e extremamente competente”.

A ministra também foi homenageada pela colega Cármen Lúcia:

— É uma cidadã que orgulha a sociedade, dotada de qualidades humanas e intelectuais que dignificam todos os seus desempenhos.

Mais recente Próxima Vereador do Pará suspeito de atirar contra assentado nega ter feito disparo
Mais do Globo

Ao todo, 10 indígenas Guarani Kaiowá foram gravemente feridos na Terra Indígena (TI) Lagoa Panambi, em Douradina, Mato Grosso do Sul

Indígenas baleados na cabeça e no pescoço em ataque no MS seguem internados, mas sem risco de morte

Previsão do GLOBO era de 13 medalhas garantidas após o nove dias, mas Brasil só subiu ao pódio dez vezes

Brasil vai bater recorde de medalhas? Domingo ruim complica busca por 22 pódios; veja projeção

Atriz encantou seguidores em registros na sua mansão na Barra da Tijuca, onde mora com o marido Diogo Nogueira

De biquíni branco, Paolla Oliveira aproveita o sol em sua mansão e brinca: 'Mais um bronze para o Brasil'; veja fotos

Resultado, porém, ainda não tira a equipe carioca da zona de rebaixamento

Fluminense se impõe sobre o Bahia e vence a quarta seguida no Brasileiro

Claire Michel, que participou do triatlo feminino nas Olimpíadas de Paris no último dia 31, está hospitalizada há quatro dias

O que é a bactéria E.coli, causa da internação de triatleta belga após nadar no Sena

Diferença de tempo entre o campeão Noah Lyles e o primeiro velocista fora do pódio foi de apenas três centésimos, a 'mais apertada' já registrada

Olimpíadas: final dos 100m mais equilibrada da História teve menor intervalo entre 1º e 4º colocados

Seleção termina como a melhor na classificação geral da fase de grupos e evita adversárias mais fortes no cruzamento

Paris-2024: Com set emocionante de 38 pontos, Brasil vence a Polônia e pega a República Dominicana no vôlei feminino

Prefeito Eduardo Paes critica a situação e cobra soluções urgentes do Governo Federal

Após atrasos e cancelamentos no Galeão por falta de energia, moradores da Ilha do Governador continuam a enfrentar apagões

Segundo delegado que investiga o caso, motorista deixou o veículo imediatamente após colisão para que outra pessoa assumisse a autoria do acidente

Vídeo: dono de Porsche que matou motociclista calibrou pneu minutos antes do atropelamento

Evento para celebrar os medalhistas vai contar com show e a presença de público

Olimpíadas: medalhistas do judô vão inaugurar participação do Brasil no desfile dos campeões