O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta sexta-feira que a entrada do PP e do Republicanos no governo federal, cada um com um ministério, foi porque "precisava" dos votos das duas legendas no Congresso, que somam cerca de cem parlamentares. Lula também voltou a dizer que não negocia com o Centrão, mas sim com partidos. Ele também justificou a troca na presidência da Caixa Econômica Federal ao afirmar que o nome indicado pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), tem carreira no banco.
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— Eu não fiz negociação com o Centrão. Eu não converso com o Centrão. Vocês nunca me viram fazendo reunião com o Centrão. Eu faço conversas com partidos políticos, que estão ali legalizados, que elegeram bancadas. E que, portanto, são com eles que eu tenho que conversar para estabelecer um acordo que eu tenho que fazer — afirmou Lula, em café da manhã com jornalistas no Palácio do Planalto.
Na quarta-feira, o governo federal anunciou a demissão de Rita Serrano da presidência da Caixa e a nomeação de Carlos Antônio Vieira, indicado por Arthur Lira (PP-AL) e outros líderes do Centrão. Em setembro, Lula já havia nomeado os ministros André Fufuca (Esportes) e Silvio Costa Filho (Portos e Aeroportos), indicados por PP e Republicanos, respectivamente. Os dois partidos têm, juntos, 90 deputados na Câmara.
O presidente ressaltou que Vieira é servidor de carreira da Caixa e que já trabalhou no Ministério das Cidades no governo da ex-presidente Dilma Rousseff (PT).
— Eu fiz um acordo com o PP, com o Republicanos. Acho que é direito deles dirigir o governo, ter um espaço no governo. Indicar uma pessoa que já esteve na Caixa, já foi na Caixa, já esteve no Ministério das Cidades, que já esteve no Ministério da Cidade. Uma pessoa que tem currículo para isso. E eles juntos têm mais de 100 votos, e eu precisava desses votos para continuar governando.
Lula ainda afirmou que é preciso "humildade" para negociar com os parlamentares, e disse que o Congresso é conservador porque é a "cara do povo brasileiro".
— Como o governo precisa do Parlamento, e não o Parlamento que precisa do governo, é importante que a gente tenha humildade de sentar pra conversar — afirmou, acrescentando depois: — Nós temos que negociar cada coisa que a gente quer aprovar. É bom que seja assim. Porque o Congresso Nacional, por mais que a gente diga que é conservador, o Congresso Nacional é a cara do povo brasileiro no dia do voto.
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