O jornal francês Le Monde trouxe um novo artigo nesta terça-feira em que destaca a atuação política da primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja. O artigo entrevista especialistas e chama Janja no título de "vice-presidente", para apontar a importância que ela exerce sobre o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e também como tem sido alvo de críticas por sua "influência excessiva" no governo.
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A foto da publicação traz Janja com um cocar com o nome de Lula escrito. O texto descreve uma cena do dia 30 de outubro do ano passado, quando o petista foi eleito para presidência e derrotou Jair Bolsonaro. "Passaram-se meses, quase um ano, e Rosângela da Silva não saiu dos palcos, muito pelo contrário. Aos 57 anos, ela se tornou até uma das figuras políticas mais influentes do país", diz um trecho da publicação.
O artigo ainda destaca a posição do gabinete da primeira-dama, próximo ao de Lula, e como ela tem "liderado iniciativas notáveis", como a luta contra os crimes de feminicídio. Nesta terça-feira, o presidente anunciou a sanção de uma lei que institui pensão especial aos órfãos em razão do crime de feminicídio.
O Le Monde relata também a influência sobre a escolha de algumas cadeiras nos ministérios, e cita o caso da ministra da Cultura, Margareth Menezes.
O cientista político Claudio Couto pontua que Janja é "tudo menos uma ‘primeira-dama’ decorativa!”. Ainda segundo o especialista, a atual primeira-dama se destaca em um país que "conheceu uma longa sucessão de primeiras-damas apagadas e marginalizadas".
Artigo sobre violência contra mulher
Em julho, a primeira-dama brasileira havia escrito um artigo para a publicação, em que abordava as diversas formas de violência perpetradas contra mulheres em contextos de guerra. De acordo com Janja, ao mesmo tempo em que são levadas a ter que lidar com a situação com normalidade, elas são vítimas de "diferentes tipos de violência causados pela guerra", sobretudo aqueles "sistematicamente dirigidos contra os seus corpos".
Na publicação, ela defendia que a guerra é um "instrumento de perpetuação das desigualdades econômicas, sociais, raciais e de gênero", apontando que, enquanto os homens decidem entrar em embates geopolíticos, quem sofre mais com essa dinâmica é a população mais vulnerável. Ao Le Monde, a socióloga diz que, nesse contexto, as mulheres e meninas são "responsáveis pela defesa da dignidade das suas famílias e comunidades em situações de conflito".