Política
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Por O GLOBO — Rio de Janeiro

Peça chave na operação deflagrada pela Polícia Federal para apurar organização criminosa que atuou na tentativa de golpe de Estado e abolição do Estado Democrático de Direito, a reunião ministerial realizada em 5 de julho de 2022 pelo então presidente Jair Bolsonaro e seu gabinete foi marcada por ataques ao processo eleitoral, ao STF e ao então candidato Luiz Inácio Lula da Silva.

Apreendido no computador do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, e divulgado em primeira mão pela coluna de Bela Megale, o vídeo da reunião mostra um ex-presidente nervoso, proferindo ataques destemperados e pedindo a seus ministros que atuem para mantê-lo no poder.

Participaram do encontro Anderson Torres (então Ministro da Justiça), Augusto Heleno (então Chefe do Gabinete de Segurança Institucional), Paulo Sérgio Nogueira (então Ministro da Defesa), Mário Fernandes (então Chefe-substituto da Secretaria-Geral da Presidência da República) e Walter Braga Netto (ex-Ministro Chefe da Casa Civil e futuro candidato a vice-Presidente da República).

Reunião ministerial de Bolsonaro que embasou operação da PF

Reunião ministerial de Bolsonaro que embasou operação da PF

Confira os principais pontos do encontro de Bolsonaro e seus então ministros, que reforçam a trama golpista investigada pela PF.

Ataques ao processo eleitoral

A reunião ocorreu dias antes do encontro que Jair Bolsonaro teve com embaixadores, marcada por ataques ao sistema eleitoral, que gerou a condenação do ex-presidente pelo TSE por abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação.

No encontro com seus ministros, Bolsonaro já ensaiava os ataques às urnas que faria diante dos embaixadores.

— Nós sabemos que, se a gente reagir depois das eleições, vai ter um caos no Brasil, vai virar uma grande guerrilha, uma fogueira no Brasil. Agora, alguém tem dúvida que a esquerda, como está indo, vai ganhar as eleições? Não adianta eu ter 80% dos votos. Eles vão ganhar as eleições — disse Bolsonaro.

Mobilização de ministros

Com a certeza de que sairia derrotado do pleito eleitoral, Jair Bolsonaro mobiliza seus ministros para agirem "antes das eleições" para "fazer alguma coisa".

— Todos aqui têm uma inteligência bem acima da média. Todos aqui, como todo povo ali fora, têm algo a perder. Nós não podemos, pessoal, deixar chegar as eleições e acontecer o que está pintado, está pintado. Eu parei de falar em voto imp... e eleições há umas três semanas. Vocês estão vendo agora que... eu acho que chegaram à conclusão. A gente vai ter que fazer alguma coisa antes — afirmou o então presidente.

Interferência em comissão

A Comissão de Transparência Eleitoral (CTE), formada por órgãos públicos, força militar e representantes da sociedade civil, foi tema da reunião de Bolsonaro com seus ministros. O então presidente, que não integra a comissão, sugeriu aos representantes da Controladoria-Geral da União e das Forças Armadas que firmassem uma nota conjunta com os integrantes da CTE, afirmando que “a lisura das eleições são (sic) simplesmente impossíveis de ser (sic) atingidas”. O ex-presidente afirma que a nota precisa ser subscrita pela Ordem dos Advogados do Brasil, para dar credibilidade à demanda.

Sugestão de elo entre PT e PCC

Durante o encontro com Bolsonaro, o ex-ministro da Justiça Anderson Torres reforçou o discurso do chefe de que não poderiam deixar o Partido dos Trabalhadores (PT) voltar ao poder, afirmando que a legenda possui relações com a facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC).

— Isso não é mentira. Isso não é mentira — disse Torres de forma enfática, descreve decisão do ministro Alexandre de Moraes.

O ex-ministro, em outro momento do encontro, afirmou que atuaria junto à Polícia Federal para cumprir a ordem de Bolsonaro para tentar agir antes das eleições.

Personificação nas Forças Armadas

Ainda sobre a CTE, o ex-presidente fala abertamente que o TSE errou ao chamar as Forças Armadas para integrar o comitê de transparência eleitoral da corte. Ele, então, sugere que, como chefe das Forças Armadas, foi beneficiado com a medida.

— O TSE cometeu um erro [inaudível] quando convidou as Forças Armadas para participar da comissão de transparência eleitoral. Cometeu um erro. Eles erraram. Pra nós, foi excelente. Eles se esqueceram que sou o chefe supremo das Forças Armadas?

Ataques ao STF

Ao longo do mandato, Bolsonaro ficou marcado por proferir ataques aos ministros do Supremo Tribunal Federal. E não foi diferente no encontro com seus ministros. No encontro, o ex-presidente disparou seguidos ataques aos ministros Alexandre de Moraes, Barroso e Fachin, dizendo que “os caras estão preparando tudo” para que Lula ganhe as eleições no primeiro turno, mas por meio de “fraude”.

— Alguém acredita em Fachin, Barroso e Alexandre de Moraes? Se acreditar levanta braço? Acredita que são pessoas isentas? — disse Bolsonaro diante de uma plateia silenciosa.

Ataque à democracia

Então ministro da Defesa, Paulo Sergio Nogueira tratou o TSE como inimigo durante encontro com Bolsonaro e classificou a comissão de transparência como "pra inglês ver".

— Muito bem, o TSE ele tem o sistema e o controle do Processo Eleitoral. Então, como disse o Presidente, eles decidem aquilo que possa interessar ou não e não tem instância superior. E a gente fica meio que de mãos atadas esperando a boa vontade dele aceitar isso ou aquilo outro — criticou o ex-ministro. — Pra encerrar... senhor Presidente eu estou realizando reuniões com os Comandantes de Força quase que semanalmente. Esse cenário, nós estudamos, nós trabalhamos. Nós temos reuniões pela frente, decisivas pra gente ver o que pode ser feito; que ações poderão ser tomadas pra que a gente possa ter transparência, segurança, condições de auditoria e que as eleições se transcorram da forma como a gente sonha! E o senhor, com o que a gente vê no dia a dia, tenhamos o êxito de reelegê-lo e esse é o desejo de todos nós.

Atuação junto à Abin

No mesmo encontro, o então ministro-chefe do GSI, Augusto Heleno, disse aos presentes que conversou com o diretor-adjunto da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) “para infiltrar agentes nas campanhas eleitorais”. O ministro, porém, logo foi calado por Bolsonaro, que pediu para o tema ser tratado apenas com ele. Heleno também destaca a necessidade dos órgão do governo federal atuarem pela vitória de Bolsonaro.

— Não vai ter revisão do VAR. Então, o que tiver que ser feito tem que ser feito antes das eleições. Se tiver que dar soco na mesa é antes das eleições. Se tiver que virar a mesa é antes das eleições — falou o líder do Gabinete de Segurança Institucional.

'Cagada do bem'

Durante o encontro, Bolsonaro classificou sua presença na cadeira presidencial como uma "cagada do bem", sugerindo que deu sorte em meio de um sistema que luta contra pessoas como ele.

— Como é que eu ganho uma eleição, um fodido como eu? Deputado do baixo clero, escrotizado dentro da Câmara, sacaneado, gozado, uma porra de um deputado”.

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