Após ter comparado a atuação de Israel na Faixa de Gaza ao extermínio praticado pela Alemanha nazista durante o Holocausto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tornou-se alvo de seu 19° pedido de impeachment desde que assumiu o terceiro mandato, em janeiro de 2023. Desta vez, o de maior adesão, com mais de 130 assinaturas por parte dos deputados federais.
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Os dois primeiros pedidos foram protocolados por Sanderson (PL-RS) e Evair Melo (PP-ES) ainda em janeiro. Na ocasião, os parlamentares afirmaram que o presidente teria cometido crime de responsabilidade ao afirmar que o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), em 2016, havia se tratado de um golpe de Estado. Os dois são os únicos dos 19 que já foram arquivados, pois foram apresentados antes do início da legislatura.
Poucos dias depois, no início de fevereiro, Carla Zambelli (PL-SP) entrou com um novo requerimento, desta vez por uma suposta dispensa indevida do processo de licitação na compra de móveis de luxo que teriam sido adquiridos para o Palácio do Alvorada, residência oficial da Presidência.
Oito de janeiro
Os ataques antidemocráticos que culminaram na depredação da Praça dos Três Poderes em Brasília no dia 8 de janeiro de 2023 renderam mais três pedidos de impeachment para Lula.
O primeiro, ainda em março, foi protocolado por Carlos Jordy (PL-RJ), que afirmou que o presidente teria se omitido. Jordy argumentou que, no dia anterior às invasões, a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) emitiu alertas de risco para as manifestações que ocorreriam, a princípio, de maneira pacífica. Esta agenda voltou a ser pauta em maio, com um requerimento de Sargento Gonçalves (PL-RN).
No mesmo mês, Coronel Chrisóstomo (PL-RO) enviou outro documento ao presidente Arthur Lira (PP-AL), desta vez pedindo o afastamento de Lula por estar, supostamente, tentando impedir a instalação da CPI. Já o vereador Márcio Colombo afirmou que Lula teria tentado esconder as imagens de câmeras de segurança do dia dos atos.
'F*der Moro'
Em declaração polêmica, Lula afirmou, durante uma entrevista, que enquanto esteve preso em Curitiba por decorrência das investigações da Operação Lava-Jato nutria um desejo de se vingar do então juiz federal e atual senador Sergio Moro (União Brasil-PR).
— Não está tudo bem. Só vai ficar tudo bem quando eu f* esse Moro. Eu sempre dizia que estava lá para me vingar dessa gente. Sempre que entrava um delegado, eu falava: 'Se prepare que eu vou provar [a inocência] — disse Lula em entrevista à TV 247.
Neste contexto, Bibo Nunes (PL-RS) capitaneou uma reação dentro do Congresso, pedindo o impeachment do presidente.
Luiz Philippe de Orleans e Bragança (PL-SP) solicitou o afastamento pela ameaça a Moro, mas também por outros motivos como um suposto ataque à operação Lava-Jato e "ingovernabilidade". Paulo Bilynskyj (PL-SP), por sua vez, elencou falas do presidente em momentos diferentes do ano para justificar sua destituição. Em julho, por exemplo, Lula disse: "Derrubamos o Bolsonaro, mas não os bolsonaristas ainda".
Maduro e Foro de SP
Outro episódio que gerou tensão com a oposição foi a visita do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, ao Brasil em junho passado. Na ocasião, Lula chegou a defender o chefe do Executivo do país vizinho, sob o argumento de que a democracia seria "relativa". O autor deste requerimento foi Sanderson, o mesmo deputado que escreveu o primeiro pedido.
Neste cenário, um discurso no 26º Foro de São Paulo rendeu mais duas solicitações. Na ocasião, Lula afirmou que o patriotismo deve ser combatido e que ele se orgulha quando o chamam de comunista.
— Não somos vistos pela extrema direita fascista como organização democrática. Nos tratam como terroristas. Nos chamam de comunistas, achando que ficaríamos ofendidos por isso. Ficaríamos ofendidos se nos chamassem de nazistas, neofascistas e terroristas. Mas de comunista, socialista, nunca. Isso não nos ofende. Isso nos orgulha, muitas vezes.
'Golpe' contra Dilma
Assim como no primeiro pedido de impeachment, declarações de Lula em defesa de Dilma renderam outras duas denúncias. Isso porque em agosto, em viagem à Angola, o presidente voltou a repetir que o afastamento de Dilma em 2016 teria sido antidemocrático.
Postura de Janja
A atuação da primeira-dama, Rosângela da Silva, também foi apontada como uma motivação para um pedido de impeachment. Em outubro, um cidadão enviou um requerimento em que dizia ser crime de responsabilidade permitir que sua esposa assumisse a agenda presidencial durante uma viagem ao Rio Grande do Sul.
Na ocasião, Janja esteve em uma comitiva de ministros que visitou áreas afetadas pela chuva. Lula estava ausente, pois se recuperava de uma cirurgia no quadril.
Armas de fogo
O último requerimento de 2023 foi apresentado pelo líder da bancada da bala, Marcos Pollon (PL-RS), em meados de dezembro. Segundo o deputado, o motivo seriam medidas como o revogaço dos decretos presidenciais de Jair Bolsonaro (PL).
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