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Uma semana após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) comparar a ação de Israel na Faixa de Gaza à perseguição de Hitler a judeus, o ato convocado por Jair Bolsonaro na Avenida Paulista, neste domingo, ganhou tom de repúdio à declaração do petista. Além das dezenas de bandeiras israelenses exibidas pelo público, o próprio ex-presidente exibiu uma flâmula ao subir ao palco, que chegou a rodar sobre a cabeça.

Vários dos discursos sobre o trio elétrico também fizeram menção direta ao tema. "Nós abençoamos Israel", afirmou ao microfone a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro. "Eles atacam Israel. Querem destruir Israel", disse o senador Magno Malta (PL-ES). Até o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), cuja fala focou em ações políticas da gestão Bolsonaro, parabenizou o ex-presidente pela boa relação que manteve com o país.

A primeira referência direta à declaração de Lula, contudo, veio do pastor Silas Malafaia. Um dos principais organizadores do evento bolsonarista, o religioso lembrou o episódio logo ao início do discurso de aproximadamente 20 minutos:

— Meu repúdio ao presidente Lula, que fez o brasil ser vergonha no mundo inteiro. A fala dele não representa o povo brasileiro. O único presidente de um país democrático que recebeu elogio de terroristas assassinos do Hamas. Que vergonha! — bradou Malafaia.

O próprio Jair Bolsonaro, entretanto, não citou Israel ao discursar.

Bandeiras de Israel durante ato de Bolsonaro na Avenida Paulista — Foto: Miguel Schincariol/AFP
Bandeiras de Israel durante ato de Bolsonaro na Avenida Paulista — Foto: Miguel Schincariol/AFP

A menção a Hitler

A comparação entre a ação de Israel na Faixa de Gaza e o Holocausto foi feita por Lula durante entrevista a jornalistas em Adis Abeba, a capital da Etiópia, onde o presidente discursou na sessão de abertura da cúpula da União Africana:

— O que está acontecendo na Faixa Gaza não existe em nenhum outro momento histórico, aliás, existiu, quando Hitler resolveu matar os judeus — afirmou Lula.

A fala desencadeou uma crise diplomática entre Brasil e Israel. Imediatamente, o premier israelense, Benjamin Netanyahu, declarou que Lula cruzou uma "linha vermelha" ao fazer tal comparação. Netanyahu convidou o embaixador brasileiro em Israel, Francisco Meyer, para acompanhá-lo no Museu do Holocausto, onde anunciou diante das câmeras que o presidente "é persona non grata em Israel até que se retrate".

O gesto foi considerado pelo Planalto como humilhante. O Brasil convocou seu embaixador no país, Francisco Meyer, num gesto de insatisfação na diplomacia. O representante diplomático israelense no Brasil, Daniel Zonshine, também foi chamado pelo governo brasileiro para prestar esclarecimentos.

Lula não se desculpou nem recuou. Em evento no Rio nesta sexta-feira, o presidente repetiu que considera a ofensiva israelense contra palestinos um "genocídio" — desta vez, contudo, sem menção direta a Hitler ou ao Holocausto.

— Eu, Luis Inácio Lula da Silva, quero dizer para vocês da mesma forma que disse quando estava preso, que eu não trocava minha dignidade pela liberdade. Eu não troco minha dignidade pela falsidade. Eu sou favorável a criação do Estado Palestino. E pelo Estado Palestino viver em harmonia com Israel. O que o estado de Israel está fazendo com o povo palestino é genocídio. Estão morrendo mulheres e crianças dentro do hospital. Se isso não é genocídio, não sei o que é — discursou Lula.

Mais recente Próxima Investigado pela PF, Bolsonaro nega golpe, pede 'borracha no passado' e anistia para condenados do 8 de janeiro

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