O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, afirmou nesta segunda-feira que a politização das Forças Armadas foi "dramática" para a democracia e que elas "fizeram um papelão" no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Durante palestra na PUC-SP, o magistrado disse, sem citar nomes, que militares convidados a ajudar na fiscalização da segurança das urnas, em 2022, foram induzidos por uma "má liderança" a levantar falsas suspeitas sobre o processo.
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— Desde 1988, as Forças Armadas tiveram um comportamento exemplar no Brasil, de não ingerência ou interferência, de cumprir suas missões constitucionais (...) Porém, foram manipulados e arremessados na política por más lideranças. Fizeram um papelão no TSE. Convidados para ajudar na segurança e dar transparência, (os militares) foram induzidos a ficarem levantando suspeitas falsas. Quando a lealdade é um valor que se ensina nas Forças Armadas — discorreu o ministro.
Barroso diz que Forças Armadas foram 'manipuladas por más lideranças'
Barroso também listou, em tom de crítica, o "uso de inteligência governamental para perseguir adversários", o incentivo a acampamentos golpistas, o desfile de tanques na Praça dos Três Poderes e o ataque à imprensa e os ataques golpistas de 8 de janeiro de 2023, definido pelo magistrado como uma articulação ampla e não espontânea.
Em setembro do ano passado, o TSE excluiu as Forças Armadas da lista de entidades que fiscalizam o sistema eletrônico de votação. A medida, proposta pelo presidente da Corte, Alexandre de Moraes, ocorreu em meio às investigações sobre o papel do ex-presidente Jair Bolsonaro nos ataques às instituições e a suposta adesão de militares a teses golpistas.
Apesar da decisão, o TSE incorporou, por meio da nova resolução, o "teste de Integridade com Biometria" entre as modalidades do Teste de Integridade das Urnas Eletrônicas, uma proposta feita pelas Forças Armadas para as eleições de 2022, e que foi realizada de forma piloto.
Os militares vinham insistindo na inclusão de mais uma etapa de testagem das urnas. A ideia era adotá-la nas seções eleitorais e não nas sedes dos tribunais regionais eleitorais, como ocorreu nas últimas eleições. Argumentavam que o teste proposto não implicava em transtorno para o eleitor, assim como não violaria o sigilo do voto.