Política
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Por e — Rio de Janeiro

Apesar de partidos reivindicarem o posto de vice na chapa de Eduardo Paes (PSD) na busca pela reeleição em outubro, cresce a convicção no entorno do prefeito que o escolhido deve ser o principal aliado dele, o deputado federal Pedro Paulo (PSD). A composição configuraria uma chapa “puro-sangue” — quando ambos são correligionários —, e Paes tem atuado, de forma discreta, para executar a ideia. O plano é evitar qualquer tomada de decisão até o período de convenções partidárias, entre 20 de julho e 5 de agosto, para não antecipar o debate em conjuntura até aqui marcada por favoritismo do prefeito.

Ao contrário das outras três vitórias que teve para a prefeitura (2008, 2012 e 2020), a eleição de 2024 tem na escolha do vice um ponto-chave para Paes, dada a possibilidade de ele deixar o cargo no meio do mandato, caso reeleito, para concorrer ao governo do estado daqui a dois anos. Com isso, o vice assumiria o município, o que faz o prefeito optar por alguém de seu núcleo político. O diagnóstico é de que a escolha representa quase um processo de sucessão. A perspectiva de abandono do mandato, inclusive, é algo que adversários pretendem explorar, e Paes quer ter consigo um vice que seja praticamente uma extensão de si.

Partidos que conversam com o PSD para compor a chapa têm reclamado da provável escolha por Pedro Paulo ou mesmo por outro nome ligado ao prefeito. O fator partidário também é citado, já que a hipótese do deputado migrar para outra sigla a fim de aplacar as críticas perdeu força. Pedro Paulo é o presidente do PSD no estado, tem montado o diretório com foco nas eleições e mantém canal direto com o presidente nacional, Gilberto Kassab. Também está ligado ao líder na Câmara, Antonio Brito (BA).

O GLOBO ouviu de aliados do prefeito, outros representantes da política do Rio e dirigentes do PSD nacional que a indicação de Pedro Paulo como vice é o caminho natural para os próximos meses. E, mesmo que algum empecilho apareça no caminho, o plano B deve sair de dentro do grupo mais próximo a Paes.

Um indicativo disso é que três dos secretários de maior confiança do prefeito tendem a deixar a prefeitura em abril, no prazo estabelecido pela Justiça Eleitoral para quem almeja disputar a eleição, e retornar aos mandatos na Câmara ou na Alerj. Assim, ficam à disposição caso a indicação de Pedro Paulo não avance. São eles Daniel Soranz, Eduardo Cavaliere e Guilherme Schleder, todos do PSD.

Outro que vinha sendo cotado como alternativa, o secretário de Governo, Felipe Santa Cruz, não deve se descompatibilizar. De fora do secretariado, um possível plano também é do PSD: o presidente da Câmara, Carlo Caiado.

No caso do PT, o Grupo de Trabalho Eleitoral (GTE) da sigla decidiu que o Rio será discutido entre o prefeito e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva de forma mais direta. A despeito de reivindicar o posto na chapa, o PT-RJ admite nos bastidores que é quase impossível não estar com Paes na eleição, seja quem for o vice. No entanto, caso o escolhido seja Pedro Paulo, a tendência é que o partido faça mais barulho.

Avaliação do PT

Por outro lado, há um entendimento de que o mais importante é pensar a médio prazo — ou seja, no papel que o prefeito pode desempenhar para o palanque de Lula no Rio em 2026. O entorno de Paes acredita que isso vai pesar na conversa com o presidente, que tem registrado índices baixos de aprovação no Sudeste e vê seu candidato à prefeitura de São Paulo, Guilherme Boulos (PSOL), ser ameaçado nas pesquisas pelo atual prefeito, Ricardo Nunes (MDB).

Adversários como Alexandre Ramagem (PL), apadrinhado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), já deram sinais de que vão explorar a associação entre Paes e o petista. No lançamento da pré-candidatura, o bolsonarista falou em “tirar os soldados de Lula do Rio”. A postura preocupa Paes, que tenta evitar a nacionalização da disputa. Nesse contexto, manter uma chapa “puro-sangue” daria menos munição a esse discurso. O PT, no entanto, ainda tenta a vice.

— A busca da vice passa por consolidar o interesse das duas partes — afirma o presidente municipal do PT, Tiago Santana. — Respeitamos o tamanho do prefeito, a liderança dele, mas o PT em 2022 fez mais deputados que o PSD. Chegamos para somar, não para dividir.

Para o pré-candidato do PSOL, Tarcísio Motta, o cenário de impasse entre Paes e os petistas é positivo.

— Se nem a vice o Eduardo vai dar para o PT, ele mostra que a candidatura não é de esquerda. Eduardo se consolida como centro-direita.

Quando Paes caminhava para encerrar seus dois primeiros mandatos, em 2016, Pedro Paulo foi o escolhido para disputar a sucessão. À época, eles eram do MDB. O candidato, no entanto, foi afetado pela revelação de que havia contra ele um processo de violência doméstica aberto pela ex-mulher. A pedido do Ministério Público, o caso foi arquivado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), mas permaneceu forte enquanto fato político, e Pedro Paulo não foi sequer ao segundo turno.

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