Política
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Apoiadores de Jair Bolsonaro (PL) participaram, na manhã deste domingo, de uma manifestação convocada pelo ex-presidente na Praia de Copacabana, Zona Sul do Rio de Janeiro. O evento foi marcado por falas de cunho religioso, sobretudo a da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, e por ataques ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A exemplo do que ocorreu no ato bolsonarista anterior, realizado em fevereiro, em São Paulo, o pronunciamento mais duro coube ao pastor Silas Malafaia, principal realizador dos dois encontros, que abriu fogo contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), chamado por ele de "frouxo" e "omisso".

Se, na Avenida Paulista, o tom geral da manifestação foi marcado por referências à ofensiva terrorista do Hamas em Israel, desta vez o tema mais corrente nos pronunciamentos e entre o público foi o embate entre Moraes e o bilionário sul-africano Elon Musk, proprietário do X (antigo Twitter). Desde o início do mês, o empresário vem tecendo críticas ao Judiciário brasileiro e ameaçando descumprir decisões que impuseram, por exemplo, o bloqueio de perfis suspeitos de compartilhar conteúdo golpista ou desinformação. Último a discursar, Bolsonaro afirmou que Musk "teve coragem" ao investir contra o ministro do STF:

— Eles fizeram voltar à cena do crime o maior ladrão da história do Brasil. Um apoiador de ditaduras. O que eles querem é a ditadura, com o controle social da mídia. Acusam agora o homem mais rico do mundo, que é dono de uma plataforma cujo objetivo é fazer com que o mundo todo seja livre, que é o X, o nosso antigo Twitter. É um homem que preserva pela liberdade para todos nós, que teve coragem de mostrar com todas as provas para onde nossa democracia estava indo.

Na sequência, Bolsonaro adotou a retórica de perseguição que vem encampando desde que foi declarado inelegível pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e lembrou polêmicas do governo Lula, como a visita de uma mulher condenada por associação criminosa e lavagem de dinheiro ao Ministério da Justiça, no ano passado, além de ter feito referências indiretas a associações falsas entre o petista e seu partido ao tráfico de drogas:

— Não vamos falar de fraude, vamos considerar 2022 coisa passada, mas quando meu partido questiona dentro da lei, é multado em R$ 22 milhões. O TSE me torna inelegível porque, sim, eu me reuni com embaixadores, eu não me reuni com traficantes no Complexo do Alemão. Eu não coloquei do meu lado a dama do tráfico do Amazonas no ministério.

Bolsonaro negou ainda a existência de uma minuta de golpe para interferir no resultado das eleições de 2022, documento encontrado pela Polícia Federal na investigação que apurar supostas investidas antidemocráticas na reta final de seu governo, após a derrota nas urnas para Lula. O ex-presidente também voltou a defender os presos pelos ataques de 8 de janeiro de 2023, quando apoiadores seus invadiram e depredaram as sedes dos três Poderes, em Brasília.

Penúltimo a falar sobre o carro de som, Silas Malafaia foi o único a discursar abertamente em tom de reprimenda ao ministro Alexandre de Moraes, um dos alvos mais constantes do bolsonarismo. O magistrado foi chamado pelo pastor de "censor", "ditador" e "ameaça à democracia".

—A minuta de golpe é a maior fake news. Bolsonaro não propôs golpe de Estado. Alexandre de Moraes, quem te colocou como censor da democracia? Quem é você para dizer o que um brasileiro pode ou não falar? Todo ditador tem um modus operandi. Prende alguns para colocar medo nos outros. Alexandre de Moraes é uma ameaça à democracia. Não vim aqui atacar o STF, mas pergunto: a maioria dos ministros do STF não concorda com o Moraes e não pode se calar. Ele está jogando o STF na lata do lixo da moralidade.

Malafaia não poupou críticas às Forças Armadas e ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco:

— Se esses comandantes militares honram a farda que vestem, renunciem dos seus cargos e que nenhum outro comandante assuma até que haja uma investigação do Senado. E o senhor presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, frouxo, covarde e omisso, vai ser acusado de prevaricação — afirmou.

Michelle: 'Política feminina e não feminista'

A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro abriu a série de discursos no trio elétrico com citações religiosas e chegou a comandar uma oração — repetindo, mais uma vez, o roteiro do ato na Avenida Paulista. A presidente do PL Mulher mandou um recado direcionado ao público feminino presente ao evento, pedindo que elas fizessem "política feminina e não feminista". Ela citou ainda a eleição municipal deste ano:

— Queremos passar uma mensagem para homens e mulheres de bem de que há esperança de dias melhores para o nosso povo. Um ano decisivo para o Rio de Janeiro, de eleições. Que vocês possam escolher bem seus candidatos — pediu.

A ofensiva de Musk contra Moraes também foi lembrada pelo deputado federal Gustavo Gayer (PL-GO), que chegou a discursar em inglês para se dirigir especificamente ao bilionário:

— Eles fizeram de tudo para impedir que vocês viessem hoje. O Brasil se tornou hoje o cenário da batalha pela liberdade no mundo inteiro. O mundo está admirado de ver um povo tão perseguido que não se cansa de lutar. Vou falar em inglês porque com certeza o Elon Musk está olhando para cá agora. Essa mensagem é para o mundo, o que você vê aqui são pessoas que amam a liberdade e que não vão desistir e que estão dispostas a dar suas vidas por ela — disse.

O também deputado Nikolas Ferreira (PL-MG), após criticar o governo Lula por supostas falhas no combate à dengue, seguiu linha semelhante à do correligionário, regendo o público em palmas destinadas a Musk.

— Quero deixar o meu agradecimento ao Elon Musk, pelo que ele está fazendo. Uma salva de palmas para ele. Esse país não precisa mais de leis e emendas, esse país precisa de homens com testosterona — disparou.

Também participaram do evento os governadores do Rio, Cláudio Castro, e de Santa Catarina, Jorginho Mello — ambos do PL —, mas nenhum dos dois discursou. Esperado, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), não compareceu.

Valdemar e Braga Netto

O ato deste domingo foi marcado para 10h, mas desde o começo da manhã já havia movimentação de participantes na orla. O primeiro a falar no trio foi do general da reserva Walter Braga Netto, ainda antes do início dos pronunciamentos oficiais. Investigados por supostas investidas golpista, ele, Bolsonaro e o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, estão proibidos de manter contato por determinação do Supremo Tribunal Federal (STF).

— Agradeço a vocês o carinho com o presidente Bolsonaro e comigo. Continuamos na luta pelo Brasil. Muito obrigada a todos vocês. Tenho que sair — afirmou Braga Netto, por volta das 9h.

Pouco depois, Valdemar recebeu a palavra e apresentou diversos políticos do PL. Ao citar o senador Romário (RJ), que não está presente na manifestação, vaias foram ouvidas no público.

— O PL mais forte do Brasil é no Rio de Janeiro. Vocês e o Bolsonaro fizeram do PL o maior partido do Brasil. Deus, pátria, família e liberdade — disse Valdemar, que, após deixar o palco, falou ao GLOBO. — A única coisa que eu fico triste é de não poder ficar junto com o Bolsonaro.

O primeiro integrante da família a chegar à Praia de Copacabana foi o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), que teceu críticas ao ministro Alexandre de Moraes, do STF, ao falar com a imprensa:

— Olha como o Alexandre de Moraes interferiu nas eleições de 2022 de uma forma totalmente parcial. Ele desequilibrou a livre concorrência nas eleições para beneficiar o Lula. Infelizmente, essa é a realidade. Tantas pessoas nas ruas, é exatamente um grito de liberdade ante todas as arbitrariedades que nós temos visto. Há uma perseguição implacável por um ministro apenas, que a gente lamenta — disse.

A manifestação em Copacabana é a segunda organizada pelo pastor Silas Malafaia nos últimos meses para ajudar Bolsonaro a demonstrar força política. A primeira, em fevereiro, foi na Avenida Paulista, em São Paulo, e aconteceu logo após o ex-presidente ser alvo de mandados de busca e apreensão no âmbito da investigação sobre uma suposta tentativa de golpe de Estado após a vitória de Lula.

Tumulto por credenciais

Na barreira montada na esquina da Rua Bolívar com a Domingos Ferreira, um tumulto foi formado após faltarem pulseiras para credenciamento de autoridades que desejavam acesso privilegiado ao ato. No local, os presentes apelam pela liberação entoando seus cargos no partido, mostrando e-mails trocados e até se declarando como pré-candidatos.

No entanto, poucos foram liberados sem a pulseira no pulso. Segundo a organização, não há previsão de chegada de novas credenciais. A orientação tem sido acessar o evento como o público em geral, pelas laterais. Mas isso desagrada quem apostava em algum tipo de tratamento diferenciado para ingressar na manifestação.

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