Política
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O senhor se considera candidato de esquerda, centro ou direita?

Eu sou de esquerda, com capacidade de dialogar com outros campos políticos.

Seus adversários têm usado questões internacionais para criticá-lo, como um suposto apoio ao Hamas e a defesa de países como a Venezuela. Qual é a sua opinião sobre esses temas?

Condenei os ataques terroristas do Hamas de forma pública e sigo condenando. Também condeno o massacre de mais de 10 mil crianças na Faixa de Gaza. Às vezes as pessoas querem uma posição unilateral, e não dá pra ser assim. Isso falseia a realidade. Como alguém pode naturalizar a morte de milhares de crianças, uma família ser bombardeada numa fila de comida, numa região de guerra? Não podemos perder esse componente básico de humanidade.

E qual é sua opinião sobre o governo Maduro?

Não defendo governo autoritário, independente da sua matriz ideológica. Assim como o presidente Lula expressou preocupações sobre a maneira como estava sendo conduzido o processo na Venezuela, faço coro com essas preocupações. Mas acho que os bolsonaristas não têm autoridade moral no tema da democracia. Quando eu vejo pessoas que um ano atrás estavam tentando dar golpe de Estado agora clamando por democracia, é uma piada pronta.

O senhor é o mais rejeitado entre os pré-candidatos, de acordo com as pesquisas. De onde vem essa rejeição, na sua opinião, e como o senhor pretende revertê-la?

Toda eleição polarizada é uma eleição de rejeições. O Lula, na véspera da eleição de 2022, tinha 46% de rejeição, e ganhou do Bolsonaro. Quem tinha a rejeição mais baixa era a Simone Tebet, e ficou com 4% dos votos. Nem rejeição alta significa inviabilidade eleitoral, nem rejeição baixa significa grande trunfo eleitoral.

O GLOBO participou de uma pesquisa qualitativa conduzida pelo Instituto Travessia no fim de março com eleitores indecisos e os pesquisadores descobriram que sua pecha de “invasor” ainda é forte...

Fake news têm contaminado o ambiente político no Brasil cada vez mais. É duro dizer isso. Tenho orgulho da minha história. Lutei por mais de 20 anos ao lado das pessoas que precisam de casa. Estou ansioso para fazer uma comparação da minha biografia com a do prefeito. Eu quero ver quem tem coisa para esconder e quem tem coisa para mostrar.

A única prefeitura de capital comandada pelo PSOL é a de Belém, onde o prefeito Edmilson Rodrigues tem alta reprovação. Isso não deixa uma imagem de que o PSOL é um partido de oposição e não tem experiência para comandar o Executivo?

Eu tenho o maior respeito pelo Edmilson. É o terceiro mandato dele em Belém. Já foi reeleito com uma aprovação muito grande. Belém passa por uma situação muito difícil, uma crise tremenda com as concessionárias de lixo. Tem um orçamento que talvez seja um terço do orçamento da Zona Leste de São Paulo. Não tem como você comparar (com São Paulo).

A falta de experiência no Executivo não pode prejudicar o senhor?

Marta e Lula também não tinham experiência no Executivo antes de serem os governantes melhor avaliados na Prefeitura e na Presidência. Não digo que isso não importa. Todo dia dedico pelo menos duas horas para ler os relatórios que a minha equipe produz. Conheço todos os bairros dessa cidade, cada quebrada. E tenho ao meu lado uma pessoa que tem uma experiência inquestionável, que é a Marta.

Se eleito, o senhor precisará de uma coalizão na Câmara Municipal para governar, visto que a esquerda costuma ser minoritária. Com quais partidos o senhor não pretende se aliar?

O único partido com quem não vejo espaço para uma posição conjunta é o PL. Qual é o limite para mim? É o bolsonarismo, que faz mal à democracia e ao país. Mas as minhas posições firmes não significam incapacidade de diálogo. Em um ano de mandato (como deputado federal), eu aprovei três projetos de lei, com votos de parlamentares do PSDB, do MDB, do União Brasil, do Republicanos.

O senhor tem feito um esforço para colar a imagem de Ricardo Nunes a Jair Bolsonaro. A nacionalização da eleição não pode dificultar a discussão de temas municipais?

Eu vou discutir a cidade. Mas sabemos que a eleição de São Paulo tem impacto nacional. O bolsonarismo construiu essa aliança com o prefeito com vistas ao seu projeto de 2026, de tentar voltar à Presidência, usando São Paulo como trampolim. Se o prefeito tenta esconder (Bolsonaro), esse é um problema que ele vai ter que resolver. Eu vou expor a minha história, mas também a dele precisa ser exposta.

Dois momentos da sua pré-campanha estão sendo questionados na Justiça eleitoral. Não foi campanha antecipada o pedido de voto do presidente Lula no senhor no 1º de maio?

Não era um ato oficial de governo, foi uma manifestação das centrais sindicais. O que a legislação veda é que os candidatos peçam voto, e eu não pedi. O que eu acho uma hipocrisia do prefeito é que ele faz evento até para inaugurar placa de rua e dedica um tempo para falar mentiras a meu respeito e para promover a candidatura dele usando a máquina pública. Isso sim é campanha antecipada.

Além disso, o senhor foi condenado a pagar uma multa de R$ 53 mil por conta da divulgação de uma pesquisa que excluía o nome da pré-candidata Tabata Amaral e juntava os resultados diferentes numa espécie de média. Esse tipo de publicação não acaba desinformando o eleitor?

Aquela pesquisa foi um erro e nós assumimos isso. O post dizia que eu vencia de todos os candidatos bolsonaristas, por isso não estava a Tabata. Mas eu mesmo reconheci que foi um erro, alertei a nossa equipe.

A criminalidade é vista como o principal problema da cidade pelos moradores, segundo pesquisas, mas segurança pública é uma questão de âmbito estadual. Como o senhor pretende tornar São Paulo uma cidade mais segura?

São Paulo tem 7 mil agentes na Guarda Civil Metropolitana. É menor que a do Rio. Vamos fazer um plano ambicioso de aumento do efetivo da GCM, de qualificação da formação, para que esses guardas possam fazer um policiamento de proximidade. Preventivo, comunitário, ostensivo, gerando sensação de segurança nas maiores manchas de criminalidade da cidade. É preciso fiscalizar a receptação de celulares roubados, melhorar a iluminação pública, ter mais presença de câmeras de vigilância. Se eleito, vou chamar o presidente Lula e o governador Tarcísio de Freitas para discutir a ação integrada de segurança urbana na cidade.

Como trabalhar em conjunto com o governador se os senhores têm tanta divergência?

Quem senta na cadeira de prefeito não representa apenas seu partido e suas convicções, mas toda uma cidade. Vou buscar ter uma relação civilizada e republicana com o governador. Mas, de fato, em um ano e meio de mandato, o governo Tarcísio não deixou nenhuma marca positiva. Temos o aumento extremo da letalidade policial, além de decisões muito ruins na área da educação.

O que o senhor acha do programa de tarifa zero aos domingos? Pretende ampliá-lo?

Nós devemos ampliar. O que não pode é tarifa zero com ônibus zero, que é o que está acontecendo nos domingos. As empresas estão recebendo mais e botando uma frota menor.

São Paulo tem hoje mais de 60 mil pessoas morando na rua, segundo dados da UFMG. Qual é o seu plano para lidar com esse problema?

Primeiro, o acolhimento humano. Nos abrigos, as pessoas muitas vezes não podem levar o cachorro, a carroça, passam por humilhação, até mais do que na rua. Segundo, geração de renda. Tem muitos caminhos: escolas de formação de pedreiro, ajudante, carpinteiro, um acordo para as construtoras contratarem essas pessoas. As próprias obras públicas podem ter obrigatoriedade de contratar um percentual. Terceiro, moradia. Lógico que isso não significa zerar (o número de pessoas morando na rua), porque nenhuma cidade do mundo, nem as mais ricas, deixaram de ter sem-tetos.

Conseguiria nos dizer um defeito e uma qualidade de cada um dos seus principais adversários? Ricardo Nunes, Tabata Amaral, Kim Kataguiri e Marina Helena?

Ricardo Nunes é um prefeito incompetente, cheio de suspeitas de corrupção. Mas tem projetos que eu continuaria, como a faixa azul para motos. A Tabata é uma deputada aguerrida com uma luta muito forte pela educação. Mas acho que ela poderia ser mais aberta ao diálogo para desmontar algumas visões preconceituosas que ela disse a meu respeito. Kataguiri faz parte de um grupo que foi um dos precursores das fake news e do método bolsonarista de fazer política. Qualidade eu não sei. Ele é corintiano? (risos). Sobre a Marina Helena, francamente, eu não a conheço.

Série de entrevistas

O GLOBO iniciou nesta semana a série de entrevistas com pré-candidatos às prefeituras de São Paulo e Rio. Serão entrevistados os três primeiros colocados da corrida paulistana na última pesquisa Datafolha.

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