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O ritmo da opinião pública

Informações da coluna

Vera Magalhães

Jornalista especializada na cobertura de poder desde 1993. É âncora do "Roda Viva", na TV Cultura, e comentarista na CBN.

Pablo Ortellado

Professor de Gestão de Políticas Públicas na USP

Por O Globo — Rio de Janeiro

Empatados tecnicamente na liderança da eleição pela prefeitura de São Paulo, os pré-candidatos Guilherme Boulos (PSOL) e Ricardo Nunes (MDB) ainda não conquistam, a pouco mais de quatro meses do pleito, a adesão de parte expressiva do eleitorado que votou em seus principais aliados na última corrida presidencial. A última pesquisa Datafolha revela que o psolista soma 44% das intenções de voto entre os paulistanos que escolheram o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no pleito de 2022. Já o atual prefeito da capital tem ainda mais dificuldade de ter o apoio da fatia da população que preferiu o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). São 39% os que, nesse segmento, sinalizam escolher Nunes.

Os dados do Datafolha mostram que outras pré-candidaturas, hoje empatadas num “segundo pelotão”, contribuem para fragmentar o eleitorado mais bolsonarista. O coach e influenciador digital Pablo Marçal (PRTB), apoiador de Bolsonaro, atrai 14% do eleitorado que votou no ex-presidente em 2022. O apresentador José Luiz Datena (PSDB) e o deputado federal Kim Kataguiri (União Brasil), que é do Movimento Brasil Livre (MBL), conquistam 8% do segmento cada.

O cenário é semelhante na distribuição das intenções de voto entre quem escolheu o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) na eleição para o Palácio Bandeirantes. Nunes alcança 37% das intenções de voto nesse grupo. O emedebista é seguido por Marçal (12%) e Kataguiri (8%). Datena e a deputada federal Tabata Amaral (PSB), que integra a base do governo Lula na Câmara, têm adesão de 7% do eleitor de Tarcísio cada.

A entrada de Tabata na base do governador paulista se assemelha ao apoio que a deputada recebe entre os eleitores de Lula. A parlamentar tem adesão de 9% dos paulistanos que votaram no presidente no último pleito, taxa que cai para 4% entre quem preferiu Bolsonaro. No grupo que escolheu o petista, porém, a pré-candidata do PSB ainda fica atrás de Nunes, que conquista 17% dos paulistanos que votaram em Lula.

O mesmo ocorre no segmento que escolheu Fernando Haddad no pleito passado. Boulos soma 47% das intenções de voto dos que optaram pelo atual ministro da Fazenda em 2022, enquanto Nunes marca 17%. Tabata tem 9% desse eleitorado, enquanto Datena alcança outros 8%.

Exposição de aliados

Com mais intenções de votos herdadas de seu padrinho que Nunes, Boulos tem reforçado o vínculo com Lula em agendas conjuntas tanto com o presidente quanto com ministros do governo federal. Na cidade de São Paulo, o petista venceu a disputa contra Bolsonaro no segundo turno de 2022 (53,5% a 46,5% dos votos). Já Nunes adota estratégia distinta. Apesar de ser o nome de Bolsonaro na corrida, a aparição dos dois juntos é mais rara e sua vinculação mais discreta.

O prefeito, no entanto, tem feito acenos ao segmento mais bolsonarista, como a população evangélica. Ao lado de Tarcísio de Freitas, Nunes participou, por exemplo, da Marcha para Jesus esta semana. No evento, discursou, cantou e acompanhou o ato em cima do trio elétrico principal. Em fevereiro, o prefeito participou de forma discreta de um ato na Avenida Paulista, convocado por Bolsonaro para demonstrar apoio em meio às investigações da Polícia Federal (PF) por suposta tentativa de golpe de Estado.

O levantamento do Datafolha aponta que 61% dos eleitores da capital paulista não votariam de jeito nenhum em um nome apoiado por Bolsonaro. Já o apoio de Lula afasta 45% dos paulistanos. Por outro lado, Nunes teria hoje 18% dos votos dos entrevistados por causa do apoio do ex-presidente. Boulos, por sua vez, arregimenta 23% dos paulistanos por ser vinculado ao presidente.

Mais recente Próxima Datafolha: Boulos agrada a 44% de eleitores de Lula, e Nunes marca 39% entre os de Bolsonaro