Interessado em ter a vice na chapa de reeleição do prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD), o PT rebateu as falas do presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, em defesa de uma chapa “puro-sangue” do partido. As declarações do dirigente expuseram o movimento que há tempos se constrói nos bastidores do grupo político de Paes.
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– Ninguém mais que o Kassab compreende a importância do diálogo e das alianças. Não se faz política sozinho – diz um dos cotados para o posto na chapa, André Ceciliano, ex-presidente da Assembleia Legislativa do Rio e secretário de assuntos federativos no governo Lula.
Já o presidente do PT estadual, João Maurício de Freitas, afirma que a presença de um partido aliado na chapa “soma” mais à campanha do que um vice do próprio PSD.
– Acho que a chapa tem que representar a pluralidade da eleição. Politicamente, ter na vice algum partido aliado do Eduardo soma mais eleitoralmente numa disputa tão complexa como as municipais – avalia.
Além de Ceciliano, o nome que o PT indicou para Paes é o de Adilson Pires, secretário de Assistência Social da prefeitura até semana passada. Ele foi vice do atual prefeito entre 2013 e 2016.
PDT pressiona
Na noite de hoje, após reunião com o ministro da Previdência Social e presidente do PDT, Carlos Lupi, a deputada estadual Martha Rocha foi oficializada como a escolhida do partido para tentar a vice. Em 2020, ela concorreu à prefeitura e protagonizou duros embates com o atual prefeito.
– Eu sou muito feliz como deputada estadual, estou no meu terceiro mandato. Mas eu tenho um compromisso com o meu partido. O papel que eu mais gosto de exercer é o de militante do PDT. Eu tenho um lado, a minha voz é a voz do meu partido – disse. – Então, estou à disposição do meu partido, mas deixando bem claro que estamos aqui para construir 2024 na perspectiva de 2026. Se isso é importante para o meu partido, estou pronta.
Ao GLOBO, em entrevista publicada na edição de hoje, Kassab defendeu que a boa aprovação à gestão Paes e o fato de o prefeito ser cotado para disputar o governo do estado daqui a dois anos justificam uma chapa puro-sangue. Ter um vice do próprio grupo político e do partido do prefeito seria uma forma de dizer ao eleitor que a prefeitura, caso Paes seja reeleito e deixe o mandato no meio, continuaria nas mãos de alguém de confiança.
— Ele está muito motivado a ser prefeito cumprindo mandato em tempo integral, mas não vai poder, quando for perguntado se vai ser candidato a governador, afirmar que existe essa possibilidade se não tiver um vice do mesmo partido, que conheça os projetos, alguém de dentro do time. Essa é efetivamente a posição dele, e principalmente a da nacional do PSD— afirmou Kassab.
Dentro do PSD, o favorito de Paes é o deputado federal Pedro Paulo. Outros nomes considerados são os deputados estaduais Eduardo Cavaliere e Guilherme Schleder, além do presidente da Câmara do Rio, Carlo Caiado.