A Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciou por crimes relacionados ao 8 de Janeiro o coronel da reserva José Placídio Matias dos Santos, que atuou como assessor no Gabinete de Segurança Institucional (GSI) durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O processo tramita em sigilo no Supremo Tribunal Federal (STF).
No dia dos atos antidemocráticos que depredaram as sedes dos três poderes no Distrito Federal, o militar usou as redes sociais para ofender e ameaçar o então ministro da Justiça Flávio Dino e pedir um golpe de estado. Uma das publicações foi direcionada ao então comandante do Exército, general Júlio César de Arruda, e pedia a insubordinação ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
"General Arruda, o Brasil e o Exército esperam que o senhor cumpra o seu dever de não se submeter às ordens do maior ladrão da história da humanidade. O senhor sempre teve e tem o meu respeito. FORÇA!!", diz a postagem no Twitter.
Ainda no dia dos atos terroristas, Placídio conclamou as Forças Armadas a atuarem. "Brasília está agitada com a ação dos patriotas. Excelente oportunidade para as FA entrarem no jogo, desta vez do lado certo. Onde estão os briosos coronéis com a tropa na mão?", publicou.
No dia seguinte aos atos, Placídio voltou às redes sociais para afirmar que havia "esquerdistas baderneiros infiltrados" nos atos golpistas da véspera. "Não sei o que vai acontecer, ninguém sabe ao certo. O que temos de evidente é que o povo ordeiro e patriota, o que não inclui os esquerdistas baderneiros infiltrados, jamais aceitará a usurpação de poder levada a cabo pelo sistemão", escreveu.
Procurado, o GSI não se manifestou. A assessoria do Exército, por sua vez, informou que a Força "não se manifesta sobre processos de investigação conduzidos por outros órgãos". "Cabe destacar que esse é o procedimento que tem pautado a relação de respeito do Exército Brasileiro com as demais instituições da República", diz, em nota.
Assessor do GSI
Na reserva desde março de 2022, Placídio Matias ocupou durante cerca de três anos um cargo no Gabinete de Segurança Institucional, no governo Jair Bolsonaro (PL). Sob o comando do general Augusto Heleno entre 2019 e 2022, o GSI é um dos órgãos que integram a Presidência da República e sua função é assessorar o chefe do Executivo em temas militares e de segurança. Nele, o coronel Placídio ocupou um cargo de confiança de fevereiro de 2019 até março de 2022, como assessor chefe militar da Assessoria Especial de Planejamento e Assuntos Estratégicos da Secretaria Executiva do GSI.
Entre agosto de 2021 e abril 2022, o militar atuou como representante do Poder Executivo Federal no Conselho Nacional de Proteção de Dados e da Privacidade (CNPD), órgão consultivo ligado a Autoridade Nacional de Proteção de Dados. Ele também fez parte da equipe técnica que redigiu o Plano Nacional de Política sobre Drogas, de 2022.