Gustavo Gayer desiste da eleição em Goiânia, e Bolsonaro explica: 'Pré-candidatura não será oportuna'

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Bolsonaro cumpre agenda no estado desde o início da semana. Em um comício realizado na região da Avenida 44, próximo à rodoviária de Goiânia, o ex-presidente discursou ao lado de Gayer e Rodrigues. Segundo o ex-presidente, Gayer deve continuar no Congresso por ter ganho projeção "além dos limites de Goiás".

Ainda em sua argumentação, o ex-presidente fez referência aos planos do PL de reforçar sua atuação no Congresso Nacional. Hoje com a maior bancada na Câmara, o partido mira expandir também sua presença no Senado em 2026 -- e Gayer, segundo interlocutores do partido, é cotado para concorrer a uma das duas vagas na Casa na próxima eleição.

— Aqui em Goiânia, capital, nós vínhamos trabalhando com um nome para a prefeitura, que seria o pré-candidato Gustavo Gayer. Um homem que já ganhou projeção além dos limites de Goiás. Ele é uma pessoa extremamente importante para nós dentro do plenário brasileiro e até fora (do país). — discursou Bolsonaro, indicando o nome do candidato da Alego à prefeitura.

— Chegamos a um acordo, essa pré-candidatura em Goiânia não será oportuna (...) Ele (Fred Rodrigues) é amigo do Gayer, meu amigo, e nós pretendemos levar essa pré-candidatura pra frente -- completou o ex-presidente.

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Fred Rodrigues era cotado como candidato a vice-prefeito de Gayer. Desde que Bolsonaro desembarcou no estado, o deputado estadual tem acompanhado as agendas do ex-presidente, que passou pelos municípios de Rio Verde, Jataí, Aparecida de Goiânia e a capital Goiânia.

Pesa contra a candidatura de Rodrigues, porém, o fato de ter tido seu mandato de deputado estadual cassado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) no fim de 2023. A cassação ocorreu devido à falta de prestação de contas de Rodrigues quando foi candidato a vereador em Goiânia, em 2020. A jurisprudência adotada pelo TSE sugere que candidatos na mesma situação de Rodrigues se tornam inelegíveis até o fim da legislatura corrente -- prazo que, no caso do ungido por Bolsonaro, expira somente no fim de 2024.

O anúncio de Rodrigues como pré-candidato atropelou outras instâncias partidárias do PL, que já tentavam uma alternativa à candidatura de Gayer. O deputado estadual Delegado Eduardo Prado (PL), por exemplo, vinha tentando ao longo deste ano se viabilizar como candidato do bolsonarismo na capital goiana, caso Gayer recuasse da candidatura.

O PL chegou a filiar no início do ano uma aliada do governador Ronaldo Caiado (União), Mayara Mendanha, em um ensaio de composição que foi rechaçado pela ala bolsonarista do partido. O senador Vandelan Cardoso (PSD), pré-candidato à prefeitura de Goiânia, também tem buscado manter pontes com o PL. Cardoso chegou a se desentender publicamente com Gayer, por divergências na eleição de Rodrigo Pacheco (PSD) à presidência do Senado no ano passado, mas hoje diz que a briga está "superada".

-- Tive problemas com Gayer, mas foi algo pontual. Estamos na fase de dialogar com alguns partidos -- afirmou Cardoso ao GLOBO.

Bolsonaro é um candidato com capital político em Goiânia. Na eleição de 2022, o ex-presidente teve 63% dos votos válidos no segundo turno, enquanto Lula recebeu 36%. Mesmo assim, a candidatura de Gayer não era unanimidade nem dentro do PL municipal e entre a direita.

Aliado do ex-presidente, o governador Ronaldo Caiado (União) decidiu lançar um pré-candidato próprio em Goiânia: o empresário e ex-deputado Sandro Mabel. Interlocutores de Caiado avaliam que Gayer representa a ala mais “radical” do PL, e que o governador busca se posicionar para eleger seu atual vice, Daniel Vilela (MDB), como sucessor no Executivo estadual em 2026.

Mabel é presidente licenciado da Federal das Indústrias de Goiás (Fieg), e tem boa entrada com o empresários locais. Nesta semana, por exemplo, ele se reuniu com representantes da Associação Comercial, Industrial e Serviços de Goiás para discutir demandas, e apresentar propostas, e recebeu o apoio à sua candidatura. Na semana passada, em um evento do União Brasil, Mabel recebeu o endosso de caciques da sigla como ACM Neto, e do senador Sergio Moro, como "o melhor nome" para administrar Goiânia.

Além de Mabel, Gayer disputaria a eleição municipal com o atual prefeito, Rogério Cruz (Solidariedade), que é ligado à Igreja Universal do Reino de Deus. O chefe do executivo é mal avaliado em sua gestão, e teve seu projeto de reeleição abandonado pelo Republicanos, seu antigo partido, que temia repetir um "efeito Crivella" em Goiás.

Enquanto o campo da direita se divide em Goiânia, o PT busca consolidar a pré-candidatura da deputada federal Adriana Accorsi à prefeitura. Adriana é também delegada da Polícia Civil e chegou a ser cotada para assumir um hipotético Ministério da Segurança Pública no governo Lula (PT), caso a pasta da Justiça fosse desmembrada.