Pré-candidato à prefeitura de Curitiba (PR), o atual vice-prefeito da capital paranaense, Eduardo Pimentel (PSD), caminha para reunir um amplo apoio de partidos e políticos identificados com a direita. Sua candidatura se apresenta como um teste para o campo político, ainda fragmentado para a próxima disputa nacional, quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve disputar a reeleição. Do partido do governador Ratinho Jr., Pimentel já tem ao seu lado Republicanos, Podemos, Novo e MDB. O vice-prefeito também costura o apoio do PL, partido de Jair Bolsonaro, e negocia com o União Brasil.
Na semana passada, Lula disse enxergar quatro governadores ligados ao bolsonarismo como possíveis adversários na corrida ao Palácio do Planalto em 2026. Um deles é o chefe do Executivo paranaense, além de Tarcísio de Freitas (São Paulo), Romeu Zema (Minas Gerais) e Ronaldo Caiado (Goiás). Pimentel pode ter o apoios das legendas de todos esses nomes em sua empreitada.
O primeiro passo para consolidar a convergência foi dado pelo ex-deputado e ex-procurador da operação Lava-Jato Deltan Dallagnol (Novo-PR), que desistiu de se lançar na disputa pela prefeitura da capital para apoiar o nome do PSD. Ao lado do atual prefeito, Rafael Greca (PSD), e de Ratinho, Pimentel já havia conversado com Dallagnol e, inclusive, sugerido que o ex-parlamentar fosse seu vice.
No cenário nacional, a postura de Dallagnol também é assumida por Zema. O governador de Minas Gerais disse que não necessariamente pretende concorrer como cabeça de chapa nas eleições presidenciais de 2026, abrindo a possibilidade ser candidato a vice em eventual composição com outro nome da direita.
Escolha de vice
O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, afirma que há a possibilidade de o deputado Paulo Martins (PL-PR) ser vice na chapa de Pimentel, embora o martelo não tenha sido batido.
— Sem querer desmerecer ninguém, o Ratinho e o Bolsonaro são imbatíveis em Curitiba — afirma Valdemar.
Pimentel quer ampliar a frente ampla do campo até as convenções partidárias e tenta trazer o União Brasil. Ele esbarra, contudo, em resistências internas da sigla, que já lançou a pré-candidatura do deputado estadual Ney Leprevost. O partido se reúne na próxima quarta-feira para discutir as eleições nas capitais. Há quem defenda o apoio ao candidato de Ratinho.
— Temos conversas boas e adiantadas com o PL do Paraná. Sempre falo que eu tenho interesse de fazer composição com União Brasil e com o Progressistas, que é uma frente ampla de apoio, de paz política — explica Pimentel.
O governador de Goiás, Ronaldo Caiado, afirma que serão ouvidas lideranças do Paraná e que o senador Sergio Moro (União-PR) é o maior nome da política do estado para ajudar a definir os rumos do partido. Sobre 2026, Caiado, que já se colocou como pré-candidato, prega a união.
— A boa prática política nos ensina aglutinar o máximo de lideranças para disputar qualquer eleição majoritária — defende.
A mesma resistência a Pimentel é sentida no PP. A sigla lançou a pré-candidatura da deputada estadual Maria Victoria, presidente estadual da sigla e filha do cacique Ricardo Barros, secretário estadual da Indústria, Comércio e Serviços e ex-ministro de Bolsonaro.
— Eu espero também que para 2026 ocorra uma grande composição de centro-direita. O governador Ratinho Júnior, para mim, é uma das lideranças mais expoentes do Brasil — aponta Pimentel.
Apesar da vasta costura à direita, o pré-candidato do PSD tem como desafio a baixa popularidade na cidade e deve enfrentar também uma ampla aliança da esquerda. Pimentel terá como principal adversário o deputado federal Luciano Ducci (PSB), que conta com o apoio oficial da federação PT-PV-PcdoB e pode ter Lula em seu palanque.
Prefeito de Curitiba entre 2010 e 2013, Ducci enfrenta, porém, resistência em setores do PT por ter sido vice do ex-prefeito Beto Richa (PSDB) e por posicionamentos passados. Em 2016, o deputado votou a favor do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff.