O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) justificou o gasto de, pelo menos, R$ 1,9 mil em uma casa lotérica em abril do ano passado. Em postagem na rede social X (antigo Twitter), o ex-mandatário afirmou que "costuma fazer uma fezinha" (pequena aposta) quando acumula um "alto valor na Mega Sena". O valor foi revelado em um relatório divulgado pela Polícia Federal (PF) nesta segunda-feira.
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"Quando acumula um alto valor na Mega Sena costumo fazer uma fezinha. Geralmente são jogos de R$ 5,00 (6 dezenas) ou R$ 35,00 (7 dezenas). Acumulando, repito os jogos. Foi isso que aconteceu em abril de 2023", disse Bolsonaro.
O ex-presidente afirma que a PF "foi para cima" do destinatário da transferência "sem saber que era o dono da lotérica" e aponta que o valor representa a soma da quantia gasta com o jogos.
"PF continue investigando meus PIX, certamente encontrarão um repasse de R$ 100 mil, entre outros de menor valor. Só espero que preservem o nome das beneficiárias por questão humanitária", completou.
No relatório final da investigação sobre a venda das joias recebidas pela Presidência, a PF lista uma série de provas para ligar diretamente o ex-presidente Jair Bolsonaro ao "desvio" dos objetos. O relatório foi tornado público nesta segunda-feira pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
A defesa do ex-presidente classificou nesta segunda-feira o inquérito sobre o suposto desvio das joias do acervo presidencial de "insólito". Os advogados do ex-mandatário disseram que Bolsonaro "em momento algum pretendeu se locupletar ou ter para si bens que pudessem de qualquer forma, serem havidos como públicos".
Como apurou a coluna Malu Gaspar, entre os gastos do ex-presidente também estão apostas transferências Pix para Michelle Bolsonaro no valor de R$ 6 mil, o aluguel de R$ 13 mil da casa onde Bolsonaro e a ex-primeira-dama vivem em Brasília, além do pagamento de um boleto para o STF no valor de R$ 223,79.
Segundo o relatório, a investigação encontrou no celular do assessor Marcelo Câmara uma planilha com detalhes das despesas e receitas mensais do ex-presidente. Para a PF, o documento “possivelmente” é um controle financeiro de Bolsonaro referente ao mês de abril de 2023, feito pelo próprio Câmara
O ex-presidente, o seu ex-ajudante de ordens Mauro Cid e mais dez pessoas foram indiciados pela PF no inquérito que apura o desvio de joias do acervo presidencial. Os crimes atribuídos aos dois primeiros são de peculato, associação criminosa e lavagem de dinheiro. Caberá agora à Procuradoria-Geral da República decidir se oferece denúncia ou pede o arquivamento do caso.