O União Brasil marcou para o dia 2 agosto a convenção em que confirmará a candidatura do deputado estadual Rodrigo Amorim à prefeitura do Rio. A empreitada atende a dois interesses prioritários. Neste ano, ajuda a direita a fragmentar a eleição, o que pode facilitar a ida da disputa para o segundo turno, com provável presença de Alexandre Ramagem (PL) contra o prefeito Eduardo Paes (PSD).
Em outra frente, a candidatura de Amorim faz com que o União se coloque, desde já, como um projeto de oposição a Paes na eventual tentativa do prefeito de disputar o governo do estado em 2026.
Além de receber o aval da família Bolsonaro para entrar no jogo, Amorim tem tido a campanha coordenada por Gutemberg Fonseca, secretário estadual de Defesa do Consumidor que é ligado ao senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e suplente de deputado federal pelo PL. Durante o lançamento da pré-candidatura, em junho, o presidente estadual do União Brasil, Rodrigo Bacellar, assumiu que “prestou continência” ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) a fim de buscar o aval ao movimento de lançar candidatura própria.
Paes tentou atrair o partido para sua aliança, e o fez sobretudo por meio da boa relação que tem com figuras do diretório nacional, como o ex-prefeito de Salvador ACM Neto. Esbarrou, contudo, na direção estadual. Presidente da Assembleia Legislativa, Bacellar é um potencial candidato ao Palácio Guanabara daqui a dois anos, em possível confronto com Paes.
— Bacellar está forjando sua marca como um político de palavra — diz Amorim, ao comemorar a manutenção da candidatura. — Eduardo Paes tentou de todas as formas impedir uma candidatura própria do União Brasil, sem sucesso. União é um partido forte, independente e estratégico. Vai lançar mais de 30 candidaturas no estado e seguir forte para 2026.
Ensaio para os debates
Ao receber a confirmação de que a candidatura é para valer, Rodrigo Amorim passou a se dedicar em duas frentes: preparar-se para os debates, nos quais vai exercer o papel de fazer ataques duros a Paes, e escrever, de próprio punho, um programa de governo.
Famoso por ter quebrado uma placa com o nome da vereadora assassinada Marielle Franco na eleição de 2018, ele vai inserir no documento uma série de medidas caras à direita ideológica. Entre elas, militarizar escolas e proibir linguagem neutra nas unidades de ensino e na máquina municipal como um todo.
Assim como no caso de Ramagem, a segurança pública vai ser o principal tema explorado por Amorim na campanha. Promete, por exemplo, transformar a Guarda Municipal em “polícia municipal armada” e elevá-la ao status de secretaria. Em outras áreas, tem se debruçado sobre números para tentar bater de frente com Paes também em temas que o prefeito domina.
De perfil belicoso, Amorim escolheu para vice o cantor católico e deputado estadual Fred Pacheco (PMN), a quem chama de seu “posto Ipiranga” da área social. No lançamento da pré-candidatura, despertou atenção a discrepância entre o perfil de cada um. Após Pacheco cantar uma música religiosa, o cabeça de chapa entrou em cena e proferiu xingamentos contra Paes.
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