Política
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Por — São Paulo

RESUMO

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GERADO EM: 26/07/2024 - 03:30

Aumento de Mortes no Trânsito em São Paulo: Propostas e Debates

As mortes no trânsito aumentaram em São Paulo, com propostas dos candidatos à prefeitura incluindo mais agentes de trânsito, sinalização, e educação. Destaque para discordâncias sobre a eficácia dos radares. Principais vítimas são motociclistas e pedestres. Dados indicam crescimento contínuo das mortes, gerando debates sobre investimentos e medidas preventivas.

As mortes no trânsito na cidade de São Paulo aumentaram 31,6% no primeiro semestre do ano, segundo dados do Departamento Estadual de Trânsito (Detran-SP). Foram registrados 520 óbitos no primeiro semestre de 2024, contra 395 no mesmo período de 2023. O resultado é o mais letal desde 2015 para os meses entre janeiro e junho de cada ano.

O dado negativo deve ser explorado por adversários do prefeito Ricardo Nunes (MDB), pré-candidato à reeleição em outubro, que cobram aumento no número de agentes de trânsito, melhor sinalização nas vias e investimento em campanhas educativas. Alguns discordam, no entanto, sobre a eficácia de radares de velocidade na prevenção de acidentes.

Já a atual gestão argumentou, por meio da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), que "a principal causa de sinistros de trânsito é o desrespeito à sinalização e às leis de trânsito" e que o município "mantém um índice de mortes no trânsito abaixo das médias nacionais e estadual". O documento menciona ações realizadas, como cursos de educação de trânsito, implantação de "Faixa Azul" para circulação exclusiva de motos e inauguração de novas ciclovias, faixas de pedestres e "áreas calmas" com limite de velocidade de 30 km/h.

— Desde 2015, o número de motocicletas da capital aumentou 50%, passando de 1 milhão para 1,5 milhão. A pandemia também trouxe mudanças de comportamento que ampliaram o número de motos em circulação e a motivação dos deslocamentos (serviços de delivery) — argumenta a CET. Sobre o aumento nos atropelamentos de pedestres com mortes, não foi apresentada justificativa direta.

Paulo Bacaltchuck, consultor em engenharia de tráfego, concorda que a popularização dos serviços de entrega por aplicativo e a precarização do mercado de trabalho ajuda a explicar o aumento no número de acidentes com morte.

— Eles têm que ganhar dinheiro, então precisam fazer o maior número de viagens — aponta Bacaltchuck, sobre o comportamento de risco dos condutores, o que envolve ainda irregularidades nos veículos e com a Carteira Nacional de Habilitação (CNH).

Ele cobra, no entanto, mais fiscalização dos gestores públicos, principalmente com patrulhas nas rodovias e blitz, mais ativas e difíceis de serem dribladas do que os radares de velocidade.

Principais vítimas são motociclistas e pedestres

Segundo dados do Detran-SP, as principais vítimas dos acidentes fatais na capital paulista são motociclistas e pedestres, que respondem juntos por mais de 80% dos óbitos na cidade. Foram 236 ocorrências com condutores e passageiros de motos e 192 atropelamentos apenas no primeiro semestre deste ano.

As mortes no trânsito foram maiores que no ano passado em todos os meses do comparativo, exceto fevereiro. Em relação ao semestre imediatamente anterior, o número é mais estável, mas em patamares elevados para a série histórica — foram 533 óbitos de julho a dezembro de 2023, quase três por dia.

Em todo o Estado, também houve crescimento no período: de 2.436 para 2.999 mortes, aumento de 23,1%. Sem comentar diretamente os números, o Detran-SP declara que foram realizadas 14 campanhas educativas desde o início de 2023 e foram gastos R$ 364,5 milhões do "Fundo de Multas" para "educação, conscientização, fiscalização e melhorias da segurança viária".

Candidatos se comprometem a investir na prevenção de acidentes

O GLOBO procurou a campanha dos pré-candidatos mais bem colocados nas pesquisas para a prefeitura de São Paulo para entender quais são as propostas para reduzir a mortalidade no trânsito.

A equipe de Nunes, coordenada pelo ex-governador Rodrigo Garcia, promete ampliar a "Faixa Azul", que atualmente ativa em 145 quilômetros na cidade, além de "bolsões de espera" exclusivos para motos antes dos semáforos. Como mostrou o GLOBO, as faixas recebem elogios de adversários na corrida eleitoral, mas carecem de estudos técnicos mais robustos.

A Faixa Azul: projeto acelera em ano eleitoral, mas dados não mostram queda nos acidentes — Foto: Edilson Dantas
A Faixa Azul: projeto acelera em ano eleitoral, mas dados não mostram queda nos acidentes — Foto: Edilson Dantas

Para conter os atropelamentos, a pré-campanha de Nunes promete implementar "iluminação especial" nas faixas de pedestres com maiores índices de fatalidades, além de "semáforos inteligentes" e um "novo programa de educação e cuidados no trânsito".

Principal adversário de Nunes no pleito, de acordo com as pesquisas realizadas até o momento, o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL) não concedeu entrevista sobre o assunto, mas afirmou por meio de nota que "São Paulo está andando para trás sob a atual gestão".

— É preciso retomar um programa mais amplo de segurança no trânsito e fazer o que este prefeito (Ricardo Nunes) não fez: valorizar as pessoas em vez dos interesses eleitorais — afirma o deputado. Em termos de propostas, o psolista defende "ações de educação e conscientização e medidas integradas para pedestres e ciclistas, com investimentos contínuos em calçadas e faixas de pedestres, ampliação da rede cicloviária nas periferias, entre outras".

A deputada federal e pré-candidata a prefeita Tabata Amaral (PSB) diz que, ainda que se tenha responsabilidade individual, os acidentes de trânsito, em geral, são "mortes evitáveis" que decorrem "de uma série de questões viárias que não estão sendo olhadas" pelo poder público.

A principal proposta é trabalhar com estatísticas para entender onde estão as "zonas vermelhas" das ocorrências de trânsito e criar um "Centro Inteligente de Operações", aproveitando a estrutura existente da prefeitura para coletar e analisar mais dados.

— Essas mortes tendem a acontecer nos mesmos lugares, e a gente está falando de tempo de semáforo, de faixa de pedestre, de rotatória, de lombada, de entender qual a inclinação de uma via. Não são intervenções caras. Tem que colocar no mapa, entender onde estão acontecendo os acidentes, quais são as causas e ter um comprometimento absoluto com a vida — declarou a deputada ao GLOBO.

Tabata critica a alteração no Programa de Metas da gestão Nunes, que substituiu o objetivo 39 de "reduzir o índice de mortes no trânsito para 4,5 por 100 mil habitantes" para "realizar 18 ações para a redução do índice de mortes no trânsito", o que a deputada considera uma meta genérica. Pelos dados do Detran-SP, o índice de mortalidade deste ano é de 8,29 e apresenta tendência de alta desde 2021.

O apresentador do programa "Brasil Urgente" da TV Bandeirantes, José Luiz Datena (PSDB), anunciado como pré-candidato tucano em São Paulo, fala em campanhas educativas para evitar acidentes e reiterou ser "completamente contra" a ampliação do número de radares de velocidade.

Datena entende que nem todas as multas deveriam ser aplicadas e propõe reverter o dinheiro daquelas que considera "honestas" exclusivamente a campanhas educativas e conserto das vias.

— Eu sou completamente contra essa indústria do radar — alega Datena. — Não sou a favor de aumentar coisa nenhuma. Primeiro, tem que fazer funcionar esse sistema que aí está. A partir do momento em que se devolver para o povo, em forma de campanha, de melhorar as ruas, você pode pensar em qualquer outra coisa. Eu sou absolutamente contra aumentar radar porque isso é roubar o povo, e não educar o povo.

A economista Marina Helena, pré-candidata pelo Novo, é outra que coloca em dúvida a eficácia do sistema de radares para conter a escalada de mortes no trânsito. Para ela, o excesso de velocidade deve ser combatido com campanhas e melhor sinalização. Sobre o reforço no monitoramento, afirma que depende de "estudos" e é algo que pode ser mais eficiente mudando os equipamentos que já existem de lugar.

Marina Helena considera que a prioridade deve ser evitar casos de embriaguez ao volante, o que promete fazer aumentando o efetivo da Guarda Civil Metropolitana e agentes aptos a montarem blitz em locais com maior fluxo.

— A Guarda é autorizada, desde julho do ano passado, a realizar operações da Lei Seca e utilizar o bafômetro. Eu pretendo dobrar o efetivo, para melhorar a sensação de segurança da nossa população, inclusive em relação ao trânsito — afirma ela.

Outra promessa é chegar próximo à totalidade do dinheiro recolhido em multas em melhorias de trânsito, percentual que atualmente gira em torno de 64%, segundo reportagem do g1 com base em dados do Fundo Nacional de Desenvolvimento de Trânsito (FNDT).

O GLOBO pediu entrevista ao empresário Pablo Marçal, do PRTB, mas não teve resposta.

Em sabatina na semana passada, o coordenador do programa de governo do ex-coach, Filipe Sabará, defendeu a criação de uma rede de teleféricos, modal que seria inédito em São Paulo e se inspira nas cidades de La Paz (Bolívia) e Barcelona (Espanha). Para prevenir acidentes com pedestres, sugeriu investir em educação de trânsito e reforma de calçadas, oferecendo benefícios no IPTU para os munícipes que as consertarem por conta própria.

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