A deputada federal Tabata Amaral (PSB) foi oficializada como a candidata do partido para concorrer à prefeitura de São Paulo, neste sábado, mas não anunciou o nome de um vice para a chapa. A convenção partidária, na quadra da escola de samba Rosas de Ouro, Zona Norte da capital paulista, teve participação de caciques do PSB e ocorreu quase simultaneamente à convenção do PSDB, onde José Luiz Datena também foi anunciado concorrente à prefeitura.
— Esse nome será divulgado no momento certo. Neste sábado vamos celebrar o partido e a minha candidatura. Temos um plano para diferentes cenários. Mas estamos focados em fazer uma festa bonita neste sábado — havia dito a deputada, antes do evento.
Após a convenção, a deputada afirmou que o vice será anunciado até o dia 5.
A candidatura de Tabata foi homologada por unanimidade pelo PSB. Além da deputada, o partido também oficializou 56 candidatos a vereador para o legislativo paulistano — como Andre Ye, representante dos comerciantes chineses, a atual vereadora Jussara Basso, que trocou o PSOL pelo PSB.
No primeiro discurso após a homologação da candidatura, Tabata relembrou a infância na Vila Missionária, falou sobre a Cracolândia e defendeu uma política de segurança de "controle total". Também falou sobre o trabalho que desenvolveu no Congresso, como a atuação da parlamentar no projeto que deu origem a lei que criou o programa Pé de Meia, do governo federal.
— Eu me sinto honrada e me sinto grata por subir nesse palco. Porque vamos falar a verdade: não era pra eu estar aqui. Esse aqui não é o lugar que prepararam pra mim quando eu nasci. Não é o lugar da filha de uma diarista e de um cobrador de ônibus. De uma criança que cresceu numa ocupação, numa casa construída em cima de um escadão num bairro pobre e longe do centro — disse Tabata.
Antes da deputada discursaram caciques do PSB como Geraldo Alckmin e Márcio França. No evento, França foi quem fez o discurso mais duro contra o prefeito Ricardo Nunes (MDB), a quem chamou de uma pessoa “meio cinza” e “envergonhada”.
Ainda sem vice
Quando se tornou pré-candidata, em janeiro, Tabata tinha um acordo para o próprio Datena ser seu vice. O apresentador estava no PSB, mas, em abril, migrou para o PSDB com a expectativa de que isso sacramentasse uma união entre o partido da deputada e os tucanos. O caminho escolhido pelo PSDB, no entanto, foi lançar o jornalista como candidato — naquilo que foi entendido como uma traição por parte de Tabata.
Em sabatina na semana passada, Tabata disse que aguardaria até este sábado a decisão dos antigos aliados antes de definir um vice. Datena, de fato, acabou anunciado como candidato do PSDB. A candidatura ainda precisa ser registrada na Justiça Eleitoral.
Com isso, a vaga de vice de Tabata segue em aberto. A expectativa é que a deputada prefira uma chapa pura, com nomes do próprio PSB. Ela já citou a professora Lúcia França, esposa do ministro do Empreendedorismo e presidente nacional do partido, Márcio França, e também Lu Alckmin, mulher do vice-presidente Geraldo Alckmin, como alternativas. Lu Alckmin disse em entrevista ao O GLOBO, no entanto, que "nunca seria candidata".
Com a saída de campo do PSDB, o partido de Tabata deve também retirar o apoio aos tucanos em disputas nas cidades de Campo Grande (MS), Florianópolis (SC) e Vitória (ES).
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Além de Geraldo Alckmin e Márcio França, também estiveram na convenção do PSB nomes como Lúcia França, o governador do Espírito Santo, Renato Casagrande, o prefeito de Recife e namorado de Tabata, João Campos. Após o evento, a cúpula do PSB comentou sobre a oficialização da candidatura de Datena pelo PSDB:
— Não estamos preocupados com esse assunto — disse Tabata.
— Respeitamos o PSDB, respeitamos o José Luiz Datena, mas a candidatura da Tabata tem que ser o caminho — disse Alckmin.
— Em festa de tucano, as pombinhas não piam — completou França.
A trajetória de Tabata
Tabata, de 30 anos, foi eleita deputada federal por São Paulo pela primeira vez em 2018, com mais de 260 mil votos.
Na época, era filiada ao PDT, partido que deixou em 2021 após atritos internos iniciados em 2019, quando, contrariando a orientação da sigla, Tabata votou pela aprovação da reforma da Previdência. Ela deixou o partido sem perder o mandato, por decisão do Tribunal Superior Eleitoral. Em 2021, entrou no PSB.
Foi reeleita deputada federal em 2022, com 337 mil votos, superando em 78 mil votos a contagem do primeiro pleito.
Tabata cresceu na Vila Missionária, na periferia da Zona Sul de São Paulo. Na adolescência foi medalhista em olimpíadas de química, astronomia, robótica e linguística e representou o país em competições internacionais, quando era bolsista do colégio particular Etapa.
Filha de um cobrador de ônibus e de uma vendedora de flores, Tabata foi aprovada em diversas universidades americanas como Yale, Columbia, Princeton e na USP e acabou estudando na Universidade de Harvard, onde se formou em ciência política.
Em 2017, entrou para a política como aluna do RenovaBR, uma escola de formação de políticos idealizada por Eduardo Mufarej que teve diversos candidatos de primeira viagem nas eleições de 2018, como Tabata, Felipe Rigoni, atualmente secretário do Meio Ambiente no Espírito Santo, Joênia Wapichana, presidente da Funai e o ex-deputado Vinicius Poit (Novo).
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