O PT reconheceu nesta segunda-feira a reeleição do presidente venezuelano Nicolás Maduro, após a homologação dos resultados pelo Conselho Nacional Eleitoral sob protestos da oposição e de diferentes países, que contestam a lisura do pleito. Em nota assinada pela executiva nacional, o partido classificou o processo eleitoral do país vizinho como uma "jornada pacífica, democrática e soberana" e disse que espera que o governo eleito "continue o diálogo com a oposição". Por meio do comunicado, a sigla manteve o alinhamento com o governo de Maduro, sustentado historicamente pela legenda e também por sua presidente, a deputada federal Gleisi Hoffmann.
A primeira manifestação de apoio da presidente petista ao governo venezuelano aconteceu em 2017, logo após ser eleita para comandar a sigla. Durante sua participação em uma reunião de lideranças de esquerda da América Latina, Gleisi manifestou "solidariedade" ao presidente Nicolás Maduro "frente à violenta ofensiva da direita". Na época, o chefe do Executivo da Venezuela articulava a dissolução da Assembleia Nacional, comandada pelo líder opositor Juan Guaidó.
Aprovação do resultado de eleições
Já em 2019, a presidente do PT foi à Venezuela para acompanhar a posse de Maduro em seu segundo mandato. A viagem de Gleisi gerou incômodos, inclusive entre seus próprios correligionários. Após as críticas, ela emitiu um comunicado afirmando que teria ido ao país vizinho "para mostrar que a posição agressiva do governo Bolsonaro contra a Venezuela tem forte oposição no Brasil".
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Poucos meses depois, quando o líder oposicionista Juan Guaidó se autodeclarou presidente interino do país, Hoffmann criticou o reconhecimento da decisão pelos então presidentes Jair Bolsonaro e Donald Trump, nos Estados Unidos. A petista defendeu a postura de que Nicolás Maduro foi eleito em um processo eleitoral legítimo e que a iniciativa dos dois países criaria "instabilidade" na América Latina.
— Imagina se a moda pega? Vamos ter o presidente dos Estados Unidos, do Brasil, de outros países interferindo na soberania dos países? É mais grave ainda o governo brasileiro se posicionar favorável, porque pode levar a uma intervenção com a força bruta. O presidente Bolsonaro vai enviar tropas brasileiras para Venezuela? Com que dinheiro? Colocando em risco a vida dos brasileiros? — questionou Gleisi na época.
Recepção de Maduro no Brasil
Quatro anos depois, com Lula reeleito, Gleisi também defendeu a recepção no Brasil de Maduro como chefe de Estado e indicou a retomada da relação entre os dois países com o retorno do PT ao poder. Em uma postagem nas redes sociais, ela afirmou que havia "muito preconceito" contra a Venezuela, que ela considerava "um grande país".
— Foram solidários conosco quando Bolsonaro negou oxigênio para hospitais de Manaus. Querem retomar o comércio e a integração sul-americana. Sofrem mais de 900 sanções dos EUA num momento em que até a oposição de lá demitiu o falso "presidente’" Guaidó, reconheceu o processo eleitoral e disputará o governo em 2024 — destacou Gleisi.
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