Política
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Por — São Paulo

O deputado federal Guilherme Boulos (PSOL), pré-candidato à prefeitura de São Paulo nas eleições de 2024, apresentou nesta quinta-feira, 1º, a versão final do seu plano de governo. O documento é requisito legal para concorrer a cargos no Executivo e deve ser submetido à Justiça Eleitoral junto ao registro da candidatura, com prazo até o dia 15 de agosto. Segundo o deputado, o material já está protocolado no Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP).

Boulos afirmou que o documento é composto por 119 propostas e une contribuições de especialistas e "sabedoria popular" de quem convive com os problemas da cidade. Nem todos os pontos foram apresentados no evento. Entre as novidades, prometeu criar um "mutirão Paulo Freire" para zerar o analfabetismo em São Paulo e inaugurar "casas do trabalhador de aplicativo" pela cidade, para servir como local de repouso, alimentação, recarga de celular e assistência jurídica. Equipamentos semelhantes foram propostos para a população idosa, com mais de 60 anos, e mulheres, incluindo vítimas de violência doméstica.

Segundo o Censo Demográfico de 2022, 2,6% da população de 15 anos ou mais é analfabeta na cidade de São Paulo.

Dando o tom da campanha, Boulos prometeu zerar a fila de exames, procedimentos e consultas do Sistema Único de Saúde (SUS) por meio de 16 centros de atendimento clínico e diagnóstico batizados de "Poupatempo da Saúde", além de universalizar a coleta seletiva em parceria com cooperativas de catadores. Outras metas, caso eleito, envolvem substituir pelo menos 50% da frota de ônibus da capital por modelos elétricos e híbridos em até quatro anos e beneficiar 100 mil famílias com novas moradias e urbanização de favelas.

— O que a gente viu nos últimos quatro anos é uma prefeitura que parece um Titanic. Indo pelo caminho errado, sem comando e agora, além de tudo, com mafiosos de plantão tocando violino à espera do iceberg — disse Boulos.

O evento ocorreu em um centro de eventos em Barra Funda, zona oeste da cidade, e não teve participação da ex-prefeita Marta Suplicy (PT), candidata a vice em outubro, que cumpria "agendas complementares", segundo Boulos. Foram ao local lideranças dos partidos que apoiam o psolista. Boulos conta com o endosso de oito partidos: além dos já conhecidos PSOL, PT, Rede, PCdoB, PV, PDT, PMB, a novidade foi a entrada do PCB, que abriu mão de candidatura e repetiu aliança de 2020. A coligação é denominada "Amor por São Paulo".

O plano de governo, de maneira geral, ajuda a entender como os candidatos pensam e serve como um guia para a campanha. Por outro lado, não está prevista qualquer penalidade em caso de descumprimento futuro, e a legislação não cobra um formato específico. Ou seja, cada candidato pode escrever sobre o que quiser no documento, em quantas páginas julgar adequado.

Camila de Caso, coordenadora do programa de governo, ressaltou que as propostas foram construídas a partir de 30 grupos de trabalho formado por especialistas e movimentos sociais e recebeu sugestões dos moradores da cidade por meio de plenárias nos bairros.

Antes da apresentação, Boulos foi recebido aos gritos de "prefeito" e exibiu vídeo destacando as gestões de Luiza Erundina (1989-1993), Marta Suplicy (2001-2004) e Fernando Haddad (2013-2016) — a estratégia ajuda a colar experiência no candidato, que não tem passagem pelo Executivo e construiu sua carreira política como voz de oposição. Ao contrário de outros eventos recentes de campanha, o evento não teve a presença de ministros do governo Lula.

'Tarifa zero com ônibus zero'

Ao longo da apresentação, Boulos fez diversas críticas a políticas adotadas pelo atual prefeito, Ricardo Nunes (MDB). Sobre a gratuidade no transporte público aos domingos, por exemplo, que deve ser uma das principais bandeiras do mandatário na eleições municipais, Boulos acusou as empresas de reduzirem a quantidade de veículos em circulação e disse que essa é uma proposta histórica de Luiza Erundina e da esquerda brasileira.

— Queremos fazer tarifa zero com ônibus. E não tarifa zero com ônibus zero, como tem sido feito aos domingos — alfinetou Boulos, que retomou as críticas mais à frente: — São Paulo é uma Ferrari. O problema é que o piloto é muito ruim. A gente precisa trocar o piloto, porque dinheiro tem.

No dia 18 de julho, Boulos já havia adiantado "cinco eixos" que deve priorizar caso seja eleito, incluindo um modelo de contratação análogo ao "Mais Médicos", programa criado pelo presidente Lula (PT) que contou com mão de obra estrangeira, porém focado em médicos especialistas. Ele também reiterou a promessa de implementar o ensino integral em todas as escolas municipais e a criação de centros de oportunidades nas regiões mais pobres da cidade, com cursos profissionalizantes especialmente nas áreas de tecnologia e serviços.

Na área da segurança urbana, defendeu dobrar o número de agentes da Guarda Civil Metropolitana (GCM). A corporação era formada, em maio deste ano por 7.039 agentes, segundo informações da Secretaria Urbana da cidade de São Paulo. A ideia é reforçar a vigilância em locais de grande circulação, como pontos de ônibus, ronda escolar e saída de grandes eventos, além de criar uma "força-tarefa" contra roubos de celulares nos moldes de uma política adotada no Piauí, direcionada a coibir a receptação da mercadoria ilícita no comércio.

O plano de reduzir a emissão de poluentes é acompanhado por outras promessas de mobilidade, como construir mais corredores de ônibus e faixas exclusivas, em especial nas avenidas Radial-Leste, Aricanduva, M’Boi Mirim e Bandeirantes. A equipe de Boulos também quer alterar a forma de remuneração das empresas de ônibus para pagar por viagem efetuada, e não pelo número de passageiros, descarta aumentar a tarifa em 2025 e promete estudos para ampliar gradualmente a "tarifa zero", presente hoje aos domingos.

Apoio do PT e de Marta Suplicy

Ex-candidato a presidente nas eleições de 2018 e com origens políticas como líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Guilherme Boulos está em seu primeiro mandato de deputado federal em Brasília, eleito com a maior votação do Estado de São Paulo, pouco mais de 1 milhão de votos. Em 2020, chegou ao segundo turno da eleição municipal da capital paulista, mas foi derrotado por Bruno Covas (PSDB), prefeito paulistano que viria a falecer em maio de 2021.

É a primeira vez na história do PT que a sigla não terá nome próprio nas eleições para a Prefeitura de São Paulo. Até então, desde a redemocratização, em 1985, o partido tinha candidato na cabeça de uma das chapas. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem demonstrado interesse em atuar de modo frequente na campanha de Boulos, em uma tentativa de garantir um aliado forte no maior colégio eleitoral do País e barrar o atual mandatário, Ricardo Nunes (MDB), que se aliou ao ex-presidente Jair Bolsonaro e ao PL em meio à sua aliança de 12 partidos.

Na pesquisa mais recente do Datafolha, divulgada em 5 de julho, Boulos aparece empatado na liderança com Nunes. O emedebista marcou 24% das intenções de voto, contra 23% do psolista. A dupla é seguida por José Luiz Datena (PSDB), com 11%, Pablo Marçal (PRTB), com 10%, Tabata Amaral (PSB), com 7%, e Marina Helena (Novo), com 5%. A margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou para menos.

Já o levantamento da Genial/Quaest, de 30 de julho, aponta empate triplo entre Nunes, Boulos e Datena; o prefeito marca 20% e os dois adversários, 19%, com margem de erro de 3,1 pontos.

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