Política Obituário

Políticos e admiradores de Olavo de Carvalho lamentam morte do escritor: 'Inegável seu legado'

Filósofo autointitulado, guru do bolsonarismo morreu aos 74 anos nesta segunda-feira; ele estava hospitalizado nos Estados Unidos
Olavo de Carvalho entre o ex-ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, e o presidente Bolsonaro, durante encontro com conservadores na embaixada do Brasil em Washington, Estados Unidos, em 2019: escrito é chamado de 'guru' do bolsonarismo Foto: ALAN SANTOS / Agência O Globo
Olavo de Carvalho entre o ex-ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, e o presidente Bolsonaro, durante encontro com conservadores na embaixada do Brasil em Washington, Estados Unidos, em 2019: escrito é chamado de 'guru' do bolsonarismo Foto: ALAN SANTOS / Agência O Globo

RIO - Políticos e admiradores do escritor e autointitulado filósofo Olavo de Carvalho lamentaram nas redes sociais a morte do guru do bolsonarismo . Nas publicações, afirmaram que "é inegável seu legado" e que ele foi "uma das maiores referências do conservadorismo no Brasil e no mundo". Rompida com o pai, sua filha Heloísa de Carvalho pediu que "Deus perdoe ele de todas as maldades que ele cometeu".

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Olavo morreu aos 74 anos na noite desta segunda-feira. A notícia foi comunicada pela família nas redes sociais do escritor. Segundo a publicação, o guru da família Bolsonaro estava hospitalizado na região de Richmond, no estado americano da Virgínia.

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Olavo de Carvalho foi diagnosticado com Covid-19 em 16 de janeiro . Oficialmente, porém, a causa da morte ainda não foi divulgada. Segundo revelou a colunista do GLOBO Bela Megale, o médico particular do escritor negou que a causa do óbito tenha sido a doença.

Em seu perfil no Twitter, o presidente Jair Bolsonaro lamentou a morte: "Nos deixa hoje um dos maiores pensadores da história do nosso país, o Filósofo e Professor Olavo Luiz Pimentel de Carvalho. Olavo foi um gigante na luta pela liberdade e um farol para milhões de brasileiros. Seu exemplo e seus ensinamentos nos marcarão para sempre", escreveu.

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O perfil oficial do governo também se manifestou e disse que, "de contribuição inestimável ao pensamento filosófico e ao conhecimento universal, Olavo deixa monumental legado". Citou ainda que o escritor foi "reconhecido por grandes escritores nacionais".

Filhos do presidente, os parlamentares Carlos e Eduardo publicaram condolências à família. O deputado Eduardo, ex-aluno de Olavo, afirmou que "seus livros, vídeos e ensinamentos permanecerão por muito tempo". Carlos Bolsonaro cita o "legado" deixado pelo guru bolsonarista.

O assessor da Presidência, Filipe Martins, afirmou que Olavo sempre será seu "grande farol intelectual" e disse que, para ele, "é como se a filosofia brasileira tivesse morrido".

O ministro Onyx Lorenzoni e a deputada estadual Janaina Paschoal também repercutiram a morte. O ex-ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles disse que o autointitulado filósofo era uma "pessoa especial", de "personalidade forte" e que "jamais fugiu da polêmica".

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O deputado federal Coronel Tadeu lamentou que não teve a "honra de conhecê-lo", mas afirmou que "mesmo na eternidade será uma luz para os patriotas". A deputada Kátia Sastre escreveu que Olavo era "uma das maiores referências do atual movimento conservador no Brasil".

O também deputado federal Carlos Jordy chamou Olavo de um "homem brilhante"  e afirmou que "é inegável seu legado para o conservadorismo no Brasil e no mundo".

O ex-assessor da Presidência Arthur Weintraub, irmão do ex-ministro da Educação, publicou que é "muito triste perder esse gigante".

Oposição se manifesta

Filiada ao PT e rompida com o pai , Heloisa de Carvalho publicou ainda durante a madrugada sobre a morte do guru golsonarista. Declarou: "Que Deus perdoe ele de todas as maldades que cometeu".

Outros políticos da oposição também comentaram sobre a morte de Olavo. Diversos parlamentares repercutiram os posicionamentos negacionistas e antivacina do ideólogo, e associaram seu falecimento ao fato de Olavo ter sido diagnosticado recentemente com a doença, no último dia 16, ainda que o médico do pensador tenha negado a relação.

Crítico do governo Bolsonaro e relator da CPI da Covid, o senador Renan Calheiros (MDB-AL) lembrou que Olavo chegou a negar a existência do vírus em uma ocasião e afirmou que foi a doença a causa de sua morte. Calheiros disse ainda que ele será “sepultado na Terra redonda”, em alusão a questionamentos já embarcados pelo escritor que levantavam hipóteses sobre o formato do planeta.

“Olavo de Carvalho negou o vírus, escarneceu dos mortos, não se vacinou, morreu do vírus e será sepultado na Terra redonda”, escreveu o parlamentar em sua conta no Twitter.

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A deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ) destacou que “não se comemora” nenhum caso de falecimento, mas ressaltou que o discurso negacionista de Olavo influenciou diversas pessoas a minimizarem os riscos da pandemia de Covid-19.

“Morte não se comemora. Nunca. Nem de figura abjeta q influenciou milhões com discurso anti vacina e difundiu fakenews q levaram muitos a minimizar a pandemia. Lamento pelos q perderam suas vidas por acreditar nessas mentiras”, escreveu a parlamentar na rede social.

Também deputada federal, Talíria Petrone (PSOL-RJ) disse que a morte do “guru da extrema-direita” deixa como recado que “negligenciar a imunização mata” e pediu aos seus seguidores que convençam aqueles que ainda hesitam a se vacinarem contra a Covid-19. O senador Rogério Carvalho (PT-SE) também relacionou o óbito à pandemia, e afirmou que “um dos maiores líderes antivacina do mundo não entendeu que a Covid poderia vitimar inclusive ele”.

Antigo apoiador de Bolsonaro, o deputado federal Alexandre Frota (PSDB-SP) disse que o “rei do Bolsonarismo se foi” e que “lá em cima,vai ver que a Terra não é plana e sim redonda”. Também deputado federal, Paulo Pimenta (PT-RS) lembrou a proximidade do diagnóstico pela Covid-19 e questionou: “o ideólogo do Bolsonarismo, que sempre negou a ciência, morreu de Covid?”, em sua conta no Twitter.