Posse de Bolsonaro tem dez chefes de Estado e elogio de Trump

Americano parabeniza presidente no Twitter, que responde menos de 15 minutos depois
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, desembarca em Brasília Foto: Reprodução/Twitter

BRASÍLIA — Ainda que ausente da posse de Jair Bolsonaro — que teve a presença de dez chefes de Estado e governo, três a menos do que na posse do segundo mandato de Dilma Rousseff —, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, manifestou apoio ao presidente no Twitter, onde postou uma mensagem minutos depois do discurso no Congresso. “Parabéns ao presidente Jair Bolsonaro, que acaba de fazer um grande discurso de inauguração. Os EUA estão com você!”, escreveu o ocupante da Casa Branca, de quem o brasileiro vem se aproximando desde a a campanha.

Bolsonaro respondeu, também pelo Twitter, menos de 15 minutos depois, com mensagens em português e inglês. “Senhor Presidente Trump, agradeço suas palavras de apoio. Juntos, sob a proteção de Deus, traremos mais prosperidade e progresso para nossos povos!”, postou.

 

Trump foi representado na posse pelo chefe da diplomacia americana, o secretário de Estado Mike Pompeo. As presenças incluíram o primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, conhecido por suas posições ultranacionalistas e anti-imigração, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, que se reuniu com Bolsonaro no Rio de Janeiro na última sexta-feira, e o presidente do Chile, Sebastián Piñera. Dos presentes, só os presidentes da Bolívia, Evo Morales, e do Uruguai, Tabaré Vázquez, representavam governos de esquerda.

Netanyahu, que afirma ter obtido de Bolsonaro o compromisso de transferência da embaixada brasileira em Israel de Tel Aviv para Jerusalém, disse depois no Twitter que trocou com o “bom amigo” brasileiro um “abraço caloroso”.

Os presidentes de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa; Paraguai, Mario Abdo Benítez; Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca; e Honduras, Juan Orlando Alvarado; além do primeiro-ministro de Marrocos, Saadeddine Othmani, foram os outros chefes de Estado ou governo presentes. No total, a posse teve a presença de 46 delegações estrangeiras.

Presidente Jair Bolsonaro ao lado da mulher, Michelle, durante desfile de carro aberto Foto: Pablo Jacob / Agência O Globo
Emocionado, Bolsonaro chorou durante o desfile de carro aberto. O presidente eleito estava acompanhado da mulher, Michele e do filho, Carlos, vereador pelo Rio de Janeiro Foto: RICARDO MORAES / REUTERS
Cavalos dos Dragões da Independência dão um susto na comitiva durante o desfile em carro aberto na posse de Bolsonaro Foto: Pablo Jacob / Agência O Globo
O 1º Regimento da Cavalaria de Guarda do Exército, popularmente conhecido como Dragões da Independência, acompanhou o desfile do presidente eleito Jair Bolsonaro Foto: CARL DE SOUZA / AFP
Desfile de carro aberto terminou no Congresso Nacional, onde Bolsonaro foi recebido pelos presidentes da Câmara e do Senado Foto: PILAR OLIVARES / REUTERS
Jair Bolsonaro faz símbolo de coração com as mãos na direção de eleitores ao chegar no Congresso Nacional Foto: CARL DE SOUZA / AFP
O vice-presidente eleito do Brasil, Hamilton Mourão chega à Catedral de onde o comboio presidencial partirá para o Congresso Nacional em Brasília para a cerimônia de posse Foto: CARL DE SOUZA / AFP
Eleitores pendurados em uma árvore para conseguir ver a chegada de Jair Bolsonaro no Congresso Nacional Foto: RICARDO MORAES / REUTERS

 

Alinhamento a Trump

Desde a pré-campanha, Bolsonaro manifesta alinhamento às posições de Trump, incluindo um distanciamento da China, maior parceiro comercial do Brasil e com a qual os EUA travam uma guerra comercial. As semelhanças entre os dois incluem críticas a organizações e tratados internacionais, como o Acordo de Paris sobre o clima, a defesa do porte de armas e ataques contra o politicamente correto e a imprensa, que o americano costuma chamar de “fake news”.

O primeiro contato entre Bolsonaro e Trump aconteceu logo após a vitória no segundo turno, quando Trump telefonou para parabenizá-lo. Na ocasião, Trump escreveu no Twitter que “Brasil e os Estados Unidos trabalharão em estreita colaboração comercial, militar e tudo mais”. Em novembro, o assessor de Segurança Nacional americano, John Bolton, visitou Bolsonaro, em um encontro de uma hora na casa do presidente na Barra da Tijuca, quando se dirigia à cúpula do G-20 em Buenos Aires. Também em novembro, o deputado federal e filho do presidente Eduardo Bolsonaro, que tem atuado como representante informal do pai em temas de política externa, esteve em Washington, onde se reuniu com representantes do governo. Na ocasião, Eduardo vestiu um boné defendendo a candidatura de Trump em 2020.

Entusiasmo chileno

Na posse, o presidente do Chile, Sebastián Piñera, afirmou que pretende fortalecer as relações de seu país com o Brasil “em todos os ângulos”. Piñera disse ter interesse especial em segurança, agricultura e na concretização do antigo projeto do corredor bioceânico, que sairia de um porto brasileiro, passaria por Paraguai e Argentina e chegaria ao Chile, dando acesso ao Pacífico.

— O Brasil é um país continental e vamos fortalecer nossas relações em todos os ângulos, em benefício dos dois países — afirmou.

Hoje, Bolsonaro terá quatro reuniões com dirigentes estrangeiros que vieram para a posse: com Pompeo, com o presidente de Portugal, com o premier húngaro Orbán e com o vice-presidente do Comitê Permanente da Congresso do Povo da China, Ji Bingxuan, que representou seu país na posse.

Com o secretário de Estado americano, o encontro será de cortesia, uma vez que Pompeo tratará de assuntos como a situação política na Venezuela, na Nicarágua e em Cuba com o novo ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo.

O novo chanceler, cuja cerimônia de transferência de cargo está marcada para o início da noite de hoje, tem uma extensa agenda de reuniões bilaterais, e se encontrará com autoridades de Angola, Polônia, Guiana, Sérvia, Cingapura, Japão, Canadá, Coreia do Sul e Emirados Árabes Unidos. Ontem à noite, os chefes de Estado e o presidente participaram de uma recepção no Palácio do Itamaraty.

Na segunda-feira, 11 chefes de Estado haviam confirmado presença, mas o presidente do Peru, Martín Vizcarra, deixou antecipadamente o Brasil, às 8h desta terça-feira. Seu retorno a Lima foi motivado pela destituição de dois promotores responsáveis pela chamada Lava-Jato peruana, que investiga supostas doações ilegais da construtora brasileira Odebrechet a políticos do país.