Ascânio Seleme
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Ascânio Seleme

Por Ascânio Seleme


Uma vergonha o presidente do Brasil. Se havia alguma dúvida de que Jair Bolsonaro intervém nas ações da Polícia Federal, ela deixou de existir depois da prisão do ex-ministro Milton Ribeiro. Nesse caso, ele não apenas interferiu na investigação policial, como vazou para o investigado que haveria uma operação de busca e apreensão em sua casa, o que permitiria que ele se livrasse de provas ou documentos inconvenientes. Depois da prisão, Bolsonaro teria operado para que o seu ex-auxiliar não fosse transferido para Brasília e impediu o seu depoimento à PF.

Trata-se de mais um crime de responsabilidade de Bolsonaro, que já somam mais de 40. Este vem com o agravante de tentar obstruir a justiça. O processo que abrangia apenas um ex-ministro sem foro privilegiado, foi encaminhado ao Supremo Tribunal Federal uma vez que agora alcança o presidente. O curioso do episódio é que quando Ribeiro foi preso, Bolsonaro disse que ali estava a prova de que não interferia no trabalho da PF. Foi uma farsa, mais uma, esta gravada em entrevista para uma rádio de Minas Gerais.

Bolsonaro pode se defender negando que tenha alertado Ribeiro. Mas certamente haverá como provar que houve ligações de telefones do Planalto ou à serviço do presidente para o ex-ministro. O fato é que quando o episódio eclodiu, Milton Ribeiro já havia sido gravado afirmando que os pastores que faziam tráfico de influência no MEC tinham preferência no seu gabinete porque ele atendia “pedido especial” do presidente. Trata-se da lama mais suja que pode-se encontrar. Bolsonaro agiu para defender o ministro não porque o estima e confia nele, mas para não se sujar ele próprio e o seu governo.

Também protege sua mulher Michelle, que indicou Milton Ribeiro para o cargo e que intercedeu em favor dos pastores que trocavam verbas do MEC por barras de ouro.

Quando estourou o escândalo dos pastores que nadavam de braçada no MEC, o presidente chamou aquilo de maldade contra o ministro Milton Ribeiro. Disse que confiava tanto no ministro que colocaria sua “cara no fogo” se Milton fosse culpado de qualquer coisa. Depois demitiu o ministro e passou a trabalhar nas sombras para salvá-lo. Ontem, disse que exagerou mas que ainda colocava “a mão no fogo” pelo ex-auxiliar.

Bolsonaro se queimou inúmeras vezes desde que assumiu o governo. Desta vez foi de modo explícito, publicamente.

O que vai acontecer em seguida já conhecemos. Bolsonaro vai se dizer perseguido, seus filhos vão alimentar suas estúpidas redes com discursos falsos, sua base vai mais uma vez dizer que a imprensa não gosta do presidente. Quem vai levar toda a culpa é Milton Ribeiro. Como se sabe, o ex-ministro é frágil emocionalmente, chorou copiosamente quando soube que seria solto. Um homem desses, com a qualidade do arquivo que retém é uma bomba ambulante, um perigo permanente para Bolsonaro e seu governo.

Os próximos dias serão muito intensos.

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