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Política Eleições 2022

Proximidade do petista André Ceciliano com Cláudio Castro causa incômodo na esquerda no Rio

Pré-candidato ao Senado, presidente da Alerj tem apoio de Lula e relação próxima com aliado de Bolsonaro. Siglas que apoiam Freixo no Rio buscam outros nomes para chapa
Amigo do peito. André Ceciliano beija a testa de Cláudio Castro: proximidade tem irritado petistas Foto: Brenno Carvalho / Agência O Globo / 02/02/2021
Amigo do peito. André Ceciliano beija a testa de Cláudio Castro: proximidade tem irritado petistas Foto: Brenno Carvalho / Agência O Globo / 02/02/2021

RIO — A proximidade do presidente da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), André Ceciliano (PT), com nomes ligados à pré-candidatura à reeleição do governador do Rio, Cláudio Castro (PL), tem feito com que outros partidos de esquerda busquem alternativas ao Senado e considerem não apoiá-lo, mesmo com a já declarada defesa do ex-presidente Lula (PT) a seu nome. O PSOL, por exemplo, lançará a advogada Luciana Boiteux a senadora. Nos bastidores do partido, a avaliação é que Ceciliano não representa bandeiras defendidas pela sigla, justamente pela proximidade de nomes bolsonaristas.

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Com apoio de Lula e também do pré-candidato ao governo estadual Marcelo Freixo (PSB), Ceciliano tem boa relação com Castro e alguns de seus aliados. O presidente da Alerj voltou de viagem oficial a Israel acompanhado do ex-prefeito de Duque de Caxias, Washington Reis (MDB), favorito para ser o vice na chapa de Castro— que, por sua vez, é apoiado pelo presidente Jair Bolsonaro (PL). No último mês, dois episódios acenderam o alerta de militantes da esquerda que esperavam o acerto entre PT e PSB pelo nome escolhido entre Ceciliano e Alessandro Molon (PSB) para o Senado .

Ceciliano faltou ao aniversário de Freixo, no dia 14, com a alegação de que precisava viajar para evitar assumir o governo fluminense, por ser o primeiro na linha sucessória. Pela regra da desincompatibilização, ele ficaria impedido de disputar as eleições. Ainda em março, Ceciliano esteve no aniversário de Castro. Naquela noite, Lula, que estava no Rio, encontrou com o cantor Martinho da Vila e nomes da esquerda.

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A proximidade com o governador rendeu a Ceciliano o poder de fazer indicações no governo. A ele é creditada a nomeação de Max Lemos, na Secretaria de Obras, e do comandante-geral do Corpo de Bombeiros, Leandro Sampaio Monteiro. Lemos deixou a pasta de Obras no último mês e, em seu lugar, assumiu Rogério Lopes Brandi, que trabalhava na secretaria e conta com o aval de Ceciliano.

O PT do Rio, com a aprovação de Lula, não abre mão do nome ao Senado na chapa de Freixo. Cacique do PSB no Rio, Molon trabalha para ser o candidato numa chapa puro sangue do partido .

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Nome do PSOL ao Senado, Luciana Boiteux lembra que a candidatura pode significar o terceiro palanque para Lula no Rio, caso Molon avance nos planos de ser candidato, mesmo sem o apoio do ex-presidente.

— O PSOL terá candidatura própria. É uma forma de mobilizar a nossa militância, em um ano que não teremos candidatos do governo, além de reforçar a pauta feminista e abrir diálogos com a campanha do Freixo, a quem apoiamos para o governo. O Ceciliano está distante daquilo que acreditamos como ideal para um candidato de esquerda — afirma a advogada. O PCB já abriu conversas com o PSOL para apoiar o partido na empreitada ao Senado, de acordo com pessoas da legenda.