Política

Responsável por página derrubada pelo Facebook tem relação próxima com Bolsonaro

Durante a campanha de 2018, Tercio virou um dos principais assessores do então candidato, sendo responsável por 'cuidar' da imagem, fazer vídeos, transmitir as lives e também elaborar e disparar 'cards' e 'memes'
Tercio Arnaud e Jair Bolsonaro Foto: Reprodução
Tercio Arnaud e Jair Bolsonaro Foto: Reprodução

BRASÍLIA — Apontado como um dos responsáveis pelas páginas derrubadas pelo Facebook , o assessor especial da Presidência da República Tercio Arnaud Queiroz tem uma ligação próxima com o presidente Jair Bolsonaro. De recepcionista em um hotel do Rio de Janeiro, Tercio virou — ainda durante a campanha presidencial — um dos principais assessores de Bolsonaro. Era ele o responsável por “cuidar” da imagem do candidato, fazer vídeos, transmitir as lives e também de elaborar e disparar “cards” e “memes” que viralizavam entre apoiadores.

Sonar : Perfis bloqueados pelo Facebook atacavam adversários de Bolsonaro nas eleições de 2018

O “sucesso” da campanha foi levado para dentro do Palácio do Planalto. Tercio e mais dois assessores — José Matheus Salles Gomes e Mateus Matos Diniz — foram instalados no terceiro andar presidencial, numa sala ao lado de Bolsonaro. Com visão radical, o trio logo ganhou fama de gabinete do ódio e foi apontado por interlocutores do próprio governo como responsáveis por disseminar mensagens agressivas contra integrantes de outros Poderes.

Pedro Doria : Decisão do Facebook está longe de ser suficiente

Tercio, José Matheus e Mateus se revezam para acompanhar Bolsonaro no dia a dia. São eles que ajudam nas transmissões dos vídeos que são gravados nas entradas e saídas do Palácio da Alvorada e também nas lives de quinta-feira. Antenados nas redes sociais, eles também dão ao presidente “um termômetro” de como os seguidores recebem determinados assuntos. Recentemente, com o novo posicionamento do governo de pacificar as relações com os Poderes, o grupo radical vem perdendo voz junto a Bolsonaro, mas ainda permanece no terceiro andar.

Míriam Leitão : Bolsonaro terá que explicar o que faziam os manipuladores dentro do seu gabinete

Em 2019, quatro dias depois de Bolsonaro tomar posse, Tercio foi nomeado para o gabinete pessoal da Presidência em um cargo comissionado DAS 102.5, que hoje tem remuneração de R$ 13.623,39. Ainda nos primeiros dias de governo, o assessor ganhou a autorização para ocupar um imóvel funcional em Brasília. Desde que assumiu o cargo, o assessor já acompanhou o presidente em 15 viagens pelo Brasil.

'Rachadinha' : STJ autoriza prisão domiciliar de Fabrício Queiroz e Márcia para 'dispensar as atenções necessárias' ao marido

Os 'rolos' de Queiroz : Entenda as principais suspeitas sobre Flávio Bolsonaro

Em março de 2019, foi a vez da mulher dele, Bianca Diniz Arnaud, ganhar um cargo no governo. Bianca passou a integrar a Coordenação de Saúde do Planalto, uma espécie de complexo médico da Presidência, com nível DAS 101.2, de remuneração R$ 3,4 mil. Em 17 de junho do ano passado, mudou de cargo e foi nomeada assistente na Divisão de Serviços Integrados em Saúde da Coordenação de Saúde do Planalto, com DAS 102.2, e salário de R$ 3,7 mil.

De Campina Grande (PB), Tercio começou a chamar a atenção da família Bolsonaro antes mesmo da campanha presidencial de 2018. Ele comandava a página Bolsonaro Opressor 2.0 e, em dezembro 2017, passou a ocupar um cargo comissionado no gabinete do vereador Carlos Bolsonaro, no Rio de Janeiro.

Na época, uma reportagem do GLOBO revelou que Tercio recebia salário da Câmara sem trabalhar de fato no legislativo da cidade. Durante a pré-campanha de Bolsonaro à Presidência, ele era um dos principais responsáveis pela produção de conteúdo digital, filmando e fotografando Bolsonaro em momentos de descontração e em intervalos de sua agenda como pré-candidato. O chefe de gabinete de Carlos Bolsonaro, Jorge Luiz Fernandes, negou ao GLOBO que Tercio trabalhava na campanha.

Logo após a vitória de Bolsonaro, Tercio passou a se apresentar como assessor de comunicação do presidente eleito, recebia demandas da imprensa, divulgava agendas e compartilhava áudios e imagens oficiais, mesmo enquanto estava lotado no gabinete de Carlos.