Exclusivo para Assinantes
Política

'Se gritar pega centrão, não fica um meu irmão', cantarola general na convenção de Bolsonaro

Evento, no entanto, tem parlamentares de partidos do arco político sentados à mesa
Lançamento da candidatura de Jair Bolsonaro Foto: Guilherme Pinto / Agência O Globo
Lançamento da candidatura de Jair Bolsonaro Foto: Guilherme Pinto / Agência O Globo

RIO – Com parlamentares de partidos do centrão sentados à mesa na convenção do PSL , legenda de Jair Bolsonaro , o general da reserva Augusto Heleno Pereira chamou de “ladrões” os políticos que integram o centrão, arco político que decidiu apoiar o pré-candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin. Heleno não usou a palavra “ladrão”, mas cantou ao microfone, em seu discurso, uma adaptação ao clássico de Bezerra da Silva:

– Se gritar pega centrão, não fica um meu irmão – cantarolou o general.

Heleno é do PRP e foi cotado a vice de Bolsonaro, mas foi vetado pelo próprio partido. A vice mais cotada, agora, é a professora e advogada Janaína Paschoal, filiada ao PSL e autora do pedido de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. O general, um dos principais conselheiros de Bolsonaro, nega que Bolsonaro esteja isolado.

– Esse pessoal aí, quanto mais falarem (no horário de TV), melhor. Eles podem terminar com uma musiquinha sensacional. Vou pela primeira vez cantar uma coisa que não é hino pátrio: “Se gritar pega centrão, não fica um meu irmão”.

Quando falava do centrão, Heleno foi interrompido pela plateia: “lixão”, gritaram alguns, em relação à união de partidos como o PR, DEM, PRB e PP.

– Lixão não pode dizer. Está proibido por uma nova lei ambiental – disse o general. Depois, ele afirmou que o centrão é a “materialização da impunidade”:

– O centrão é a materialização da impunidade. Vai lutar pela impunidade. Vai apresentar um programa de governo cheio de mentiras. Não adianta fazer um programa de governo com frases maravilhosas. Cheio de mentira. Primeiro ato do presidente carimbado de centrão vai ser uma anistia ampla e irrestrita, indulto a todos os envolvidos na Lava-Jato. Não tenham dúvidas disso.

'PR perdeu o bonde da história', diz Magno

Outro que acabou declinando de uma candidatura a vice de Bolsonaro foi o senador Magno Malta (PR-ES), presente na convenção. O PR, partido símbolo do centrão, chegou a ensaiar uma aliança com Bolsonaro, mas recuou e voltou a compor com os partidos do centrão, em torno de Alckmin. O próprio Malta fez críticas ao centrão.

– Quando eles querem garantir a bandalheira, eles não dizem que são esquerda nem extrema direita. Dizem que são centrão – afirmou o senador em seu discurso.

Outro parlamentar de partido do centrão, Onyx Lorenzoni (DEM-RS), está presente na convenção, na mesa central onde está Bolsonaro.

Magno Malta, que decidiu concorrer à reeleição, afirmou que seu partido, o PR, “perdeu o bonde da história” – a legenda vai apoiar o presidenciável tucano. O senador também reverberou uma proposta de Bolsonaro, que passou a defender o aumento do número de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).

– Temos que enfrentar bandido de terno e gravata também. Temos que enfrentar os tribunais superiores do país. Precisamos mexer no texto da Constituição para alterar a composição do Supremo, colocar mais dez lá dentro. Quando ministro gosta de defender bandido, é garantista – disse Malta.