Prêmio Faz Diferença Prêmio Faz Diferença 2019

Laurentino Gomes é premiado com o Faz Diferença na categoria 'Segundo Caderno/Livros'

Autor apresentou a milhares de leitores as chagas da escravidão e mostrou os desafios que o país terá que enfrentar para superar seus traumas

Laurentino Gomes lançou o primeiro volume de seu monumental "Escravidão" Foto: Camilla Maia
Laurentino Gomes lançou o primeiro volume de seu monumental "Escravidão" Foto: Camilla Maia

Para Laurentino Gomes, o ano de 2019 trouxe o primeiro passo de um desafio gigantesco. Fenômeno editorial brasileiro com livros sobre a História do Brasil, o jornalista e escritor lançou o primeiro volume de seu monumental “Escravidão”, saga que descreve aquela que é considerada por muitos a maior das nossas assombrações. O livro foi bem recebido pelo público e por historiadores, e desde o lançamento ocupa a lista das obras mais vendidas do país.

— Quando ele é relevante e trata de assuntos que são importantes para a sociedade e para as pessoas que o leem, um livro tem um poder de transformação — diz Laurentino. — Ele transforma o próprio autor, que adquire uma importância maior do que tinha antes de lançar o livro. Ele transforma o mercado editorial. E mexe com os leitores e com a sociedade. Por isso, o Prêmio Faz Diferença é uma grande honra para mim. Fico bastante feliz que os jurados tenham reconhecido esse mérito do meu trabalho.

Laurentino vendeu 2,5 milhões de exemplares com seus livros anteriores, que narram nossa História desde a chegada da corte portuguesa ao Brasil, passando pela Independência e chegando à proclamação da República. Em “Escravidão”, ele nos mostra o horror dos navios negreiros, que jogavam os doentes ainda vivos ao mar para conter epidemias. E traz informações econômicas sobre aquele que foi o maior de todos os negócios do mundo até o começo do século XIX. A saga, publicada pela Globo Livros, terá mais dois títulos, um ainda este ano e o último em 2021:

— A escravidão é o assunto mais importante da sociedade brasileira. E, principalmente, um assunto escamoteado. Nunca demos a devida atenção a esse tema. É um tema que nos atormenta e nos desafia nesse início de século XXI.

Laurentino acredita que, enquanto o Brasil não resolver as consequências da escravidão, não será um país “digno dos nossos sonhos”.

— O livro serve para chamar a atenção das pessoas para as decisões fundamentais que o Brasil tem que tomar daqui para a frente, como resolver o problema da desigualdade e completar a obra da abolição. O país abandonou seus escravos à própria sorte e isso hoje aparece na forma de números inaceitáveis nos indicadores sociais. Por todos os critérios que a gente quiser medir o Brasil, há um legado que é assustador — afirma.

Conheça os premiados no Faz Diferença 2019

Jurados

Mànya Millen (editora adjunta de Cultura); Bernardo Mello Franco (colunista); Cora Rónai (colunista); e Marco Lucchesi (vencedor do Faz Diferença 2018 na categoria).