Prêmio Faz Diferença Prêmio Faz Diferença 2019

Karim Aïnouz é premiado com o Faz Diferença na categoria 'Segundo Caderno/Cinema'

Cineasta cearense foi premiado em Cannes e emocionou o público com história sobre mulheres que tiveram seus sonhos interrompidos
Karim Ainouz: diretor de "A vida invisível" foi premiado em Cannes Foto: Denny Sach
Karim Ainouz: diretor de "A vida invisível" foi premiado em Cannes Foto: Denny Sach

O 2019 dourado do cinema brasileiro em festivais internacionais deve muito ao cearense Karim Aïnouz. Adaptação do romance “A vida invisível de Eurídice Gusmão”, de Martha Batalha, o seu longa “A vida invisível” brilhou no Festival de Cannes, conquistando a mostra Um Certo Olhar. Conhecido por filmes como “Madame Satã”, “O céu de Suely” e “Praia do Futuro”, o diretor emocionou o público com a trajetória de duas irmãs que são separadas e impedidas de seguir seus sonhos no Rio dos anos 1950. Mesmo em caminhos distintos, enfrentam o machismo e o sistema patriarcal.

Mais frequente representante do país no circuito internacional, Aïnouz competiu em Veneza com “O céu de Suely” e em Berlim com “Praia do Futuro”. Também já ganhou retrospectivas de seus filmes na Espanha, na Suíça, na França e nos Estados Unidos. Na televisão, escreveu e dirigiu a minissérie “Alice”. Radicado em Berlim desde 2009, trabalha neste momento em um novo filme, todo rodado no celular.

Selecionado pela revista americana “The Hollywood Reporter” como um dos dez melhores filmes do Festival de Cannes e pelo jornal O GLOBO como um dos melhores filmes de 2019, “A vida invisível” foi definido pelo seu diretor como um “melodrama tropical”. Para entender melhor o assunto do seu filme, o cineasta chegou a entrevistar mulheres entre 70 a 90 anos que tiveram o mesmo destino.

— Por ser um melodrama tropical, o filme atingiu lugares bem profundos e fico extremamente feliz de estar vivendo essa experiência. — comemora. — Mas além do “Vida”, 2019 foi um ano excepcional para o cinema nacional, muito rico e frutífero. Marcamos nossa presença nos festivais mais relevantes do mundo.

O filme também esteve no centro de uma polêmica na Ancine, após o cancelamento, sem explicação, de uma sessão destinada a funcionários da agência. Como reação, eles acabaram se reunindo na Cinelândia, junto a ativistas e ao público, para assistir a uma projeção montada às pressas. A exibição, para cerca de 500 pessoas, ganhou contornos políticos com gritos de “Viva o cinema brasileiro!”.

— Eu queria isso todo dia, 500 pessoas se reunindo para ver um filme, um espetáculo, um show em lugares públicos. Para quem estiver sem ideia na Secretaria da Cultura, tá aí uma boa sugestão — propõe o diretor.

Conheça os premiados no Faz Diferença 2019

Jurados

André Miranda (editor executivo); Fátima Sá (editora de Cultura); Eduardo Rodrigues (editor assistente de Cultura); e Cacá Diegues (vencedor do Faz Diferença 2018 na categoria).