Rio

Caso Henry: em novo depoimento, empregada admite 'cara de apavorado' do menino após agressões de Jairinho

Leila Rosângela de Souza Mattos contou ter visto criança mancando e reclamando de dores de cabeça após episódio ocorrido em 12 de fevereiro
A doméstica Leila Rosângela chega à 16ª DP Foto: Maria Isabel Oliveira / Agência O Globo
A doméstica Leila Rosângela chega à 16ª DP Foto: Maria Isabel Oliveira / Agência O Globo

RIO - No segundo depoimento prestado ao delegado Henrique Damasceno, titular da 16ª DP (Barra da Tijuca), nesta quarta-feira, dia 14, a empregada doméstica Leila Rosângela de Souza Mattos acrescentou informações à declaração que apresentou na mesma delegacia em 23 de março. A funcionária contou estar no apartamento do médico e vereador Jairo Souza Santos Júnior, o Dr. Jairinho (sem partido), e de Monique Medeiros da Costa e Silva, em 12 de fevereiro, data em que a babá Thayna de Oliveira Ferreira narrou em tempo real as agressões do parlamentar ao filho da professora, Henry Borel Medeiros, de 4 anos. Segundo ela, o menino saiu do quarto com "cara de apavorado". O casal está preso pela morte da criança, ocorrida em 8 de março.

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Rosângela relatou que Jairinho chegou na residência por volta de 15h15. Henry, que, segundo ela, estava no sofá, saiu correndo, pulou no colo do padrasto e o abraçou. O comportamento do menino teria gerado estranheza a ela e a babá, que, de acordo com a empregada, chegou a ligar para Monique para contar sobre o episódio. A funcionária disse que o vereador então chamou o enteado para lhe mostrar no quarto algo que ele comprara para viajar.

A empregada contou ainda que, ao ir ao closet guardar roupas, notou que a porta do cômodo onde os dois ficaram por cerca de dez minutos fora trancada. Ela confirmou que Thayna demonstrou preocupação com esse fato, tendo dito que Monique "não queria que eles ficassem sozinhos no quarto". Assim como a babá, Rosângela disse que, ao voltar para a sala, Henry "correu imediatamente" para o colo dela, dizendo que não queria mais "ficar sozinho".

Trechos do depoimento da empregada de Jairinho e Monique Foto: Editoria de Arte
Trechos do depoimento da empregada de Jairinho e Monique Foto: Editoria de Arte

A funcionária negou ter visto o menino relatar à babá que levou "bandas" e "chutes" do vereador. Ela contou que, embora Thayna tenha perguntado à criança sobre o que acontecera no quarto, Henry nada teria respondido - ao menos que Rosângela tenha ouvido. Ela relatou que o menino disse estar mancando por ter "caído da cama" e pediu para não ter os cabelos penteados, pois sua "cabeça doía".

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Durante o depoimento, Rosângela contou ter ligado duas vezes para Thayna para ter notícias do menino. Ela admitiu que "estranhou esses acontecimentos", mas afirmou nunca ter comentado mais sobre o assunto depois daquele momento. A empregada doméstica relatou ainda que, dias depois, ao ligar para Monique para saber quando o casal voltaria de Mangaratiba, na Costa Verde fluminense, onde passava o carnaval, ela foi informada pela patroa que Henry havia tido "um surto com Jairinho" e que "foi a maior discussão", tendo ela conseguido acalmá-lo em seguida.

Sobre não ter abordado esses assuntos no primeiro depoimento prestado, Rosângela disse não ter se recordado de “tais acontecimentos”, mas negou ter problemas de memória.

Henry Borel Medeiros tinha 4 anos Foto: Reprodução
Henry Borel Medeiros tinha 4 anos Foto: Reprodução

Rosângela relatou ainda que Monique, Jairinho e Henry "tomavam muitos remédios". Em relação ao menino, ele tomava três por dia, além de xarope de maracujá, pois, segundo a mãe contava, a criança "não dormia direito", "passando muito tempo acordado".

Ouvida na 16ª DP também nesta quarta-feira, a irmã de Jairinho, Thalita de Souza, negou ter tido conhecimento de qualquer agressão praticada pelo vereador. No seu segundo depoimento, a babá relatou que, além da avó materna e da empregada, Thalita também fora informada das sessões de violência e foi quem a orientou a não contar "tudo que sabia" na delegacia, episódio também não confirmado por Thalita.