RIO - No segundo depoimento prestado ao delegado Henrique Damasceno, titular da 16ª DP (Barra da Tijuca), nesta quarta-feira, dia 14, a empregada doméstica Leila Rosângela de Souza Mattos acrescentou informações à declaração que apresentou na mesma delegacia em 23 de março. A funcionária contou estar no apartamento do médico e vereador Jairo Souza Santos Júnior, o Dr. Jairinho (sem partido), e de Monique Medeiros da Costa e Silva, em 12 de fevereiro, data em que a babá Thayna de Oliveira Ferreira narrou em tempo real as agressões do parlamentar ao filho da professora, Henry Borel Medeiros, de 4 anos. Segundo ela, o menino saiu do quarto com "cara de apavorado". O casal está preso pela morte da criança, ocorrida em 8 de março.
Rosângela relatou que Jairinho chegou na residência por volta de 15h15. Henry, que, segundo ela, estava no sofá, saiu correndo, pulou no colo do padrasto e o abraçou. O comportamento do menino teria gerado estranheza a ela e a babá, que, de acordo com a empregada, chegou a ligar para Monique para contar sobre o episódio. A funcionária disse que o vereador então chamou o enteado para lhe mostrar no quarto algo que ele comprara para viajar.
Laudo do Instituto Médico- Legal (IML) constatou muitas lesões espalhadas pelo corpo do menino, infiltrações hemorrágicas nas partes frontal, lateral e posterior da cabeça, contusões no rim, no pulmão e no fígado. A mãe afirmou acreditar que ele tenha caído da cama e batido a cabeça Foto: Reprodução / Instagram
Coletiva sobre a conclusão do inquérito sobre a morte do menino Henry Borel. Da esquerda para a direita estão:
Marcos Kac (promotor do caso), o delegado Antenor Lopes (diretor da DGPC), Henrique Damasceno (delegado titular da 16ª DP), Denise Rivera (perita criminal) e Ana Paula Medeiros (delegada-adjunta da16ª DP) Foto: Fabiano Rocha / Agência O Globo
O delegado titular da 16ª DP (Barra da Tijuca), Henrique Damasceno, deu uma entrevista coletiva sobre a conclusão do inquérito que apurou a morte de Henry. "A única pessoa calada foi o Henry. Ele pediu ajuda e não foi ajudado", disse o investigador Foto: Fabiano Rocha / Agência O Globo
Monique Medeiros, mãe do menino Henry, exibe a tatuagem feita para esconder uma homenagem ao ex-marido nas redes sociais. O desenho foi feito no dia em que Monique pediu que Jairinho "pagasse suas coisas" para não prejudicá-lo Foto: Reprodução
Os avós de Henry com o menino ainda bebê. 'Me sinto muito culpada', disse mãe do menino ao pai uma semana após morte. Conversa com o avô da criança faz parte do conteúdo recuperado pela polícia no celular de Monique: 'Tudo foram escolhas minhas', disse ela em outro trecho Foto: Reprodução
Henry em sua última festa de aniversário: pai compartilhou foto nas redes sociais no dia em que o menino faria 5 anos Foto: Arquivo pessoal
Monique revela 'humilhações e agressões' em carta sobre a relação com Jairinho. Carta foi escrita na última sexta-feira (23), no Hospital Penitenciário Hamilton Agostinho, no Complexo Penitenciário de Gericinó, onde recebe tratamento contra a Covid-19. A professora descreve uma rotina de violências, humilhações e crises de ciúmes do namorado, o médico e vereador Jairo Souza Santos Júnior, o Dr. Jairinho (sem partido) Foto: Reprodução
Dr. Jairinho e Monique Medeiros, em fotos feitas no ingresso do casal no sistema penitenciário Foto: Reprodução / Agência O Globo
Vereador Dr. Jairinho, preso, ao lado de diretor de presídio. Na imagem ele come um sanduíche que o diretor entregou para ele Foto: Reprodução
O advogado André Françao, que representava Jairo Souza Santos Júnior, o Dr. Jairinho, Barreto renunciou à defesa do vereador no caso Foto: Fabio Rossi / Agência O Globo
Doutor Jairinho durante discurso na Câmara de vereadores, onde os sete membros do Conselho de Ética da Câmara dos Vereadores decidiram, por unanimidade, abrir o processo de cassação do mandato do vereador Foto: Renan Olaz / Agência O Globo
Dr. Jairinho foi preso junto com Monique, mãe do menino Henry, por tentar interferir na investigação do caso. Segundo a polícia, o casal será indiciado por tortura e homicídio duplamente qualificado, além de poder perder o mandato na Câmara dos Vereadores do Rio Foto: Guito Moreto / Agência O Globo
Monique Medeiros, mãe do menino Hnery cumpre prisão preventiva e será indiciada por tortura e homicídio duplamente qualificado Foto: Brenno Carvalho / Agência O Globo
Peritos chegam ao edifício Majestic para fazer a reconstituição da morte do menino Henry Foto: Domingos Peixoto / Agência O Globo
Câmera encontrada por policiais da 16ª DP (Barra da Tijuca) no quarto de Henry. Anotação recuperada em celular de Monique Medeiros da Costa e Silva expõe sua vontade de instalação do equipamento dentro de imóvel no Majestic Foto: Reprodução
Edifício Majestic, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio, onde o menino Henry vivia com a mãe e o padrasto Foto: Reprodução / TV Globo
Henry no colo da mãe enquanto Dr. Jairinho faz um carinho nele Foto: Reprodução
A mãe de Henry, Monique Medeiros, e o padrasto, o vereador Dr. Jairinho, chegam à 16ª DP (Barra) para ser ouvidos como testemunhas Foto: Reprodução / TV Globo / Agência O Globo
Polícia cumpre mandado na casa da família de Monique, em Bangu, Zona Oeste do Rio Foto: Fabiano Rocha em 26/03/2021 / Agência O Globo
Leniel Borel de Almeida em entrevista ao Fantástico: 'Acordo de manhã chorando. Tem que ter muita força, cara. E o que eu sei é que esse menino não pode ter morrido em vão' Foto: Reprodução / TV Globo
Dr. Jairinho na Câmara dos Vereadores do Rio. Ele era padrasto de Henry Foto: Gabriel Monteiro / Agência O Globo - 23/05/2019
Henry Borel Medeiros tinha 4 anos quando morreu na madrugada do dia 8 de março em condomínio na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio, onde morava com a mãe e o padrasto. A causa da morte, segundo laudo do IML, foi "hemorragia interna causada pelo rompimento do fígado" Foto: Reprodução / Instagram
O pai de Henry, o engenheiro Leniel Borel de Almeida, que é separado da mãe do menino, tem publicado fotos e mensagens para o menino. Ela diz ainda esperar respostas Foto: Reprodução / Instagram
Em trocas de mensagens entre o pai e a mãe, Monique Medeiros, foi revelado que Henry não gostava de voltar para a casa, onde vivia com Monique Medeiros e o padrastro, o vereador Dr. Jairinho Foto: Reprodução / Instagram
Monique com o filho Henry Foto: Reprodução TV Globo
A empregada contou ainda que, ao ir ao closet guardar roupas, notou que a porta do cômodo onde os dois ficaram por cerca de dez minutos fora trancada. Ela confirmou que Thayna demonstrou preocupação com esse fato, tendo dito que Monique "não queria que eles ficassem sozinhos no quarto". Assim como a babá, Rosângela disse que, ao voltar para a sala, Henry "correu imediatamente" para o colo dela, dizendo que não queria mais "ficar sozinho".
Trechos do depoimento da empregada de Jairinho e Monique Foto: Editoria de Arte
A funcionária negou ter visto o menino relatar à babá que levou "bandas" e "chutes" do vereador. Ela contou que, embora Thayna tenha perguntado à criança sobre o que acontecera no quarto, Henry nada teria respondido - ao menos que Rosângela tenha ouvido. Ela relatou que o menino disse estar mancando por ter "caído da cama" e pediu para não ter os cabelos penteados, pois sua "cabeça doía".
Durante o depoimento, Rosângela contou ter ligado duas vezes para Thayna para ter notícias do menino. Ela admitiu que "estranhou esses acontecimentos", mas afirmou nunca ter comentado mais sobre o assunto depois daquele momento. A empregada doméstica relatou ainda que, dias depois, ao ligar para Monique para saber quando o casal voltaria de Mangaratiba, na Costa Verde fluminense, onde passava o carnaval, ela foi informada pela patroa que Henry havia tido "um surto com Jairinho" e que "foi a maior discussão", tendo ela conseguido acalmá-lo em seguida.
Sobre não ter abordado esses assuntos no primeiro depoimento prestado, Rosângela disse não ter se recordado de “tais acontecimentos”, mas negou ter problemas de memória.
Henry Borel Medeiros tinha 4 anos Foto: Reprodução
Rosângela relatou ainda que Monique, Jairinho e Henry "tomavam muitos remédios". Em relação ao menino, ele tomava três por dia, além de xarope de maracujá, pois, segundo a mãe contava, a criança "não dormia direito", "passando muito tempo acordado".
Ouvida na 16ª DP também nesta quarta-feira, a irmã de Jairinho, Thalita de Souza, negou ter tido conhecimento de qualquer agressão praticada pelo vereador. No seu segundo depoimento, a babá relatou que, além da avó materna e da empregada, Thalita também fora informada das sessões de violência e foi quem a orientou a não contar "tudo que sabia" na delegacia, episódio também não confirmado por Thalita.