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Alvo de operação contra quadrilha de venda de cigarro, Adilsinho fez festa de aniversário no Copacabana Palace com presença de famosos

Convite para o evento em maio, que contou com presença de artistas, foi em formato de vídeo inspirado no filme 'O Poderoso Chefão'
Evento no Copacabana Palace reuniu cerca de 500 pessoas, em maio Foto: Reprodução
Evento no Copacabana Palace reuniu cerca de 500 pessoas, em maio Foto: Reprodução

RIO — Acusado de ser um dos chefes de uma quadrilha que vende cigarros de forma ilegal, Adilson Oliveira Coutinho Filho, conhecido como Adilsinho, comemorou seu aniversário no dia 14 de maio deste ano com uma festa para 500 pessoas no Copacabana Palace , hotel de luxo na Zona Sul do Rio. Na ocasião, os convidados receberam um convite em forma de vídeo com a trilha sonora do filme Poderoso Chefão. Contra Adilsinho há um mandado de prisão na Operação Fumus , realizada nesta quinta-feira pela Polícia Federal e pelo Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público do estado.

Convite para festa de acusado de envolvimento com máfia dos cigarros tem música de Poderoso Chefão. Comemoração para 500 pessoas foi realizada no hotel Copacabana Palace.
Convite para festa de acusado de envolvimento com máfia dos cigarros tem música de Poderoso Chefão. Comemoração para 500 pessoas foi realizada no hotel Copacabana Palace.

A gravação de 36 segundos, em preto e branco, mostra três homens dentro do hotel, fumando charutos e bebendo, com a música do filme ao fundo. A festa contou com a apresentação de cantores como Gusttavo Lima, Ludmilla, Alexandre Pires e Mumuzinho e causou bastante polêmica nas redes sociais. Adilsinho é primo de Helio Ribeiro de Oliveira, o Helinho, presidente de honra da Grande Rio.

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Na ocasião, viralizaram vídeos da comemoração na internet , mostrando aglomeração e pessoas sem máscara. A entrada dos convidados aconteceu pela Avenida Nossa Senhora de Copacabana, pelos fundos do hotel, para evitar que fossem fotografados. Agentes de Secretaria de Ordem Pública (Seop) estiveram no início do evento e afirmaram, num primeiro momento, que não encontraram nenhuma irregularidade no local.

Com a repercussão na internet, a secretaria voltou atrás e multou o Copacabana Palace em R$ 15 mil . O hotel também ficou impedido de realizar festas por 10 dias. A assessoria de imprensa do estabelecimento afirmou, na ocasião, que para realização do evento tinham sido cumpridas todas as exigências e obrigações legais.

A empresa da promoter Carol Sampaio foi contratada para realizar o cerimonial da festa. Em vídeo no Instagram, Carol afirmou que o espaço para festas no hotel tem capacidade para 1,8 mil pessoas, portanto o número de convidados teria ficado dentro dos 60% da lotação, conforme determinação legal.

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Adilsinho foi um dos alvos de uma operação realizada nesta quinta-feira. Ele teve a prisão preventiva decretada pela Justiça, mas não foi encontrado e é considerado foragido.

Em nota, o Copacabana Palace disse que “não comenta sobre eventos de terceiros realizados no hotel”. A rede hoteleira não quis informar se a direção da unidade já foi intimada pela PF a prestar esclarecimentos sobre a festa.

Em maio, a assessoria de imprensa do cantor Gusttavo Lima disse que o contratante informou que todas as medidas de segurança estavam sendo seguidas, e que todos fizeram teste de Covid.

A assessoria de Mumuzinho afirmou que ele foi convidado pela produção da festa e do aniversariante. O artista salientou que não recebeu cachê.

A assessoria da cantora Ludmila, uma das mais criticadas nas redes sociais, foi procurada. Ainda não houve retorno. A promoter Carol Sampaio não atendeu aos telefonemas da reportagem. O GLOBO não conseguiu contato com os cantores Alexandre Pires e Dudu Nobre. A defesa de Adilsinho também não foi encontrada.