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Após denúncia de estupro, alunas da UFF criam grupos de WhatsApp para evitar andarem sozinhas na universidade

Imagens de câmeras de segurança instaladas em todos os andares do prédio onde teria ocorrido o crime são analisadas pela polícia
Corredor da Faculdade de Educação da UFF Foto: Agência O Globo
Corredor da Faculdade de Educação da UFF Foto: Agência O Globo

RIO — Alunas do curso de Educação da Universidade Federal Fluminense (UFF) criaram grupos no WhatsApp para evitar andarem sozinhas, principalmente nos períodos da tarde e da noite. A medida foi tomada após uma denúncia feita por uma estudante, que alegou ter sido estuprada num banheiro da faculdade , que fica no campus do Gragoatá, em Niterói, na Região Metropolitana do Rio.

O ataque relatado pela jovem teria acontecido na noite da última terça-feira. A estudante afirmou que estava a caminho de uma aula no prédio da Faculdade de Educação, quando parou para ir ao banheiro.

No horário do ataque, segundo alunos ouvidos pelo GLOBO, o prédio fica vazio. Dois vigilantes costumam ficar no térreo, controlando a entrada do prédio. Há câmeras de segurança em todos os andares. As imagens estão sendo analisadas pela polícia.

A Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam) de Niterói investiga o caso. De acordo com a delegada Alriam Fernandes, titular da Deam de Niterói, a jovem afirmou que sofreu uma pancada na cabeça, desmaiou e acordou sem a blusa.

— Ela acordou com uma estudante de Nutrição a socorrendo, com os seios desnudos, porém com a parte inferior do corpo preservada. Ela alega que teriam vestígios de esperma nos seios, mas alega tê-los lavado.

Faculdade cobra medidas da reitoria da UFF

Em nota, a Faculdade de Educação da UFF informou que estar ciente "do ato de violência que sofreu uma das estudantes da universidade no dia 28 de maio de 2019, entre os turnos tarde/noite, no Blobo A do Campus Gragoatá". No comunicado, a instituição disse ainda que, "internamente, a Direção e a Coordenação do Curso da FEUFF estão buscando intensificar medidas de proteção e prevenção em nossos espaços, dentre outras ações que estão sendo pensadas. Cobramos da Reitoria que também sejam tomadas medidas de precaução quanto às possíveis situações de vulnerabilidade em todos os espaços da universidade partindo da gravidade extrema da situação ocorrida."

A nota é assinada pelas professoras Rosane Marendino, diretora da Faculdade de Educação, e Walcéa Barreto Alves e Lisete Jaehn, da coordenação do Curso de Pedagogia.

comunicado da universidade
Fonte: FEUFF - Faculdade de Educação da Universidade Federal Fluminense
comunicado
da universidade
Transcrição
"Estamos cientes do ato de violência que sofreu uma das estudantes da Universidade no dia 28 de maio de 2019, entre os turnos tarde/noite, no Bloco A, do Campus Gragoatá"
Fonte: FEUFF - Faculdade de Educação da UFF

Em nota, a reitoria da UFF diz que está tomando as providências cabíveis. "A Ouvidoria e a Pró-Reitoria de Graduação prestaram atendimento aos familiares e a Superintendência de Manutenção fez vistoria no local. A instituição está apurando os fatos e contribuindo com investigação em curso da Polícia Civil", diz a nota.

Segundo a UFF, a vítima foi acolhida pelo Programa de Atendimento às Vítimas de Violência do Hospital Universitário Antonio Pedro, que está prestando acompanhamento médico e psicológico. "A UFF está abrindo sindicância interna por orientação da Procuradoria Federal à UFF para apurar o ocorrido e tomar as medidas administrativas. A Universidade Federal Fluminense reforça que repudia firmemente quaisquer atos de violência que possam ser cometidos contra a sua comunidade".

Nota da reitoria
Fonte: UFF
Nota da reitoria
Transcrição
“A Universidade Federal Fluminense informa que está tomando todas as providências cabíveis para acolher e prestar auxílio à vítima do ato de violência ocorrido nessa semana.
[...] A Universidade Federal Fluminense reforça que repudia firmemente quaisquer atos de violência que possam ser cometidos contra a sua comunidade.”
Fonte: UFF

Imagens serão submetidas a uma perícia

As imagens das câmeras de segurança da UFF serão submetidas a uma perícia. A delegada Alriam Fernandes disse que tenta também identificar a estudante de Nutrição que teria socorrido a jovem:

— As imagens serão submetidas a uma perícia. Estamos também ouvindo os vigilantes daquele andar do prédio (onde fica o banheiro em que a jovem denuncia ter sido atacada).

Segundo estudantes da universidade, o campus Gragoatá não é bem iluminado, principalmente perto do bandejão.

— O mato é bem alto, em especial quando se vai para  os blocos N, M, O e P — afirmou um aluno que pediu para não se identificar.

Veja a íntegra da nota da Faculdade de Educação da UFF

Estamos cientes do ato de violência que sofreu uma das estudantes da universidade no dia 28 de mao de 2019, entre os turnos tarde/noite, no Blobo A do Campus Gragoatá.

Informamos que, internamente, a Direção e a Coordenação do Curso da FEUFF estão buscando intensificar medidas de proteção e prevenção em nossos espaços, dentre outras ações que estão sendo pensadas. Cobramos da Reitoria que também sejam tomadas medidas de precaução quanto às possíveis situações de vulnerabilidade em todos os espaços da universidade partindo da gravidade extrema da situação ocorrida.

Confira a íntegra da nota da UFF

A Universidade Federal Fluminense informa que está tomando todas as providências cabíveis para acolher e prestar auxílio à vítima do ato de violência ocorrido nessa semana. A Ouvidoria e a Pró-Reitoria de Graduação prestaram atendimento aos familiares e a Superintendência de Manutenção fez vistoria no local. A instituição está apurando os fatos e contribuindo com investigação em curso da Polícia Civil.

A vítima foi acolhida pelo Programa de Atendimento às Vítimas de Violência do Hospital Universitário Antonio Pedro, que está prestando acompanhamento médico e psicológico especializados. Além disso, a UFF está abrindo sindicância interna por orientação da Procuradoria Federal à UFF para apurar o ocorrido e tomar as medidas administrativas.

A Universidade Federal Fluminense reforça que repudia firmemente quaisquer atos de violência que possam ser cometidos contra a sua comunidade.