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Rio

Artigo: Vans não devem ser pauta eleitoral

Governantes devem buscar viés técnico para transporte, diz cientista polític
Vans e ônibus em rua da Zona Norte do Rio Foto: Fabiano Rocha / Agência O Globo
Vans e ônibus em rua da Zona Norte do Rio Foto: Fabiano Rocha / Agência O Globo

RIO - A questão do transporte, seja ele público ou não, aceita várias narrativas. Será questão de engenharia de trânsito, quando trata de mobilidade. Será questão legal, na perspectiva da legislação. Será questão social, à medida que a ordenação urbana privilegie certas classes sociais e não outras. Poderá ser fonte de corrupção quando empresários, funcionários e políticos pactuam acordos que atendem a seus interesses, e não os da população. Poderá ser assunto de política eleitoral, se os governantes usam seu poder de decisão para, demagogicamente, e de modo imediatista, atender a demandas de grupos, contra o cidadão.

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A possibilidade de cerca de 2 mil vans voltarem às ruas se enquadra na última alternativa. As vans servem àqueles que moram em regiões distantes e, sem acesso a transporte de qualidade, delas se servem para usufruir de maior conforto e rapidez. Não podem pagar por táxis, não têm carros. Há racionalidade na escolha desse tipo de veículo, mas de lógica pessoal e, no limite, egoística.

Mas o transporte por vans, além de não resolver o problema do trânsito, na verdade o agrava. Significa mais congestionamentos, poluição ambiental, e possibilidade de acidentes. Piora o tráfico. O sistema de transporte se desordena mais.

O problema das vans deve ser elemento de reflexão de uma política de transporte eficiente e cidadã. A política no transporte não pode e não deve ser instrumentos de objetivos menores, muitas vezes guardando sentido meramente eleitoreiro.

* Diretor do Instituto de Estudos Estratégicos da Universidade Federal Fluminense