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Para esfriar as cabecinhas: veja opções de parques ao ar livre para levar as crianças

Em tempos de pandemia, espaços como o Jardim Botânico e os parques Guinle, Lage e do Flamengo viram aliados de pais de pequenos
Natureza exuberante. O engenheiro Gustavo Martins com a filha Dora diante do lago do Parque Guinle Foto: fotos de Natália Boere
Natureza exuberante. O engenheiro Gustavo Martins com a filha Dora diante do lago do Parque Guinle Foto: fotos de Natália Boere

RIO - Como dar conta de tanta energia dentro de casa, senhoooor? Com creches e parte das escolinhas fechada, prédios sem playground e pandemia na cabeça, os espaços ao ar livre viraram os melhores amigos de pais de crianças pequenas na Zona Sul. Há quem peregrine de um em um. O Parque Guinle, em Laranjeiras, tem movimento de domingo a domingo, desde de manhã cedo até o início da noite. A entrada é gratuita; e a diversão para a criançada, garantida: há um lago cheio de patos, cisnes com filhotinhos que acabaram de nascer, gansos que adoram os pedacinhos de pão que os pequenos jogam. Tem também peixes e até tartarugas, que resolvem aparecer quando deixam a timidez de lado, além de um jardim projetado por Burle Marx.

Mas as opções não param por aí. Um parquinho infantil com gangorras, balanços, escorregas e um trenzinho de madeira ajudam a entreter as crianças. Nza última terça-feira, Manuela, de 1 ano e 10 meses, era a “maquinista” mais animada, sob o olhar atento da mãe, a advogada Adriana Mesquita.

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— Venho aqui para ela gastar energia, brincar, correr e interagir com outras crianças da idade dela. Eu me sinto segura, é um ambiente familiar. Gostava também de levá-la ao Palácio do Catete, que é bem perto da minha casa, mas ele está fechado — disse Adriana, que usava máscara, assim como a maioria dos frequentadores do parque.

Outro que tentou levar a filha, Dora, de 2 anos, ao Palácio do Catete e acabou indo parar no Parque Guinle com muito gosto foi o engenheiro Gustavo Martins, morador do Flamengo. Foi de bicicleta com a pequena e levou canga para os dois se sentarem na grama e comerem biscoito de polvilho, no melhor estilo paizão e filha.

— Com a pandemia, o volume de trabalho diminuiu muito, então tenho mais flexibilidade para ficar com a Dora. E ela adora os bichinhos daqui — diz Martins.

Segundo o Instituto Brasileiro de Museus, ainda não há previsão para a reabertura do Museu da República. Mas logo em frente, na altura da Rua Ferreira Viana, há outra boa opção: o Parque da Criança, no Aterro do Flamengo. Por ali também há uma fartura de brinquedos bem espaçados, com um adendo luxuoso: vista para o mar.

Paisagem. A psicóloga Luciana Pessoa com a filha Teresa e a cadelinha Meg no Parque do Flamengo Foto: Natália Boere
Paisagem. A psicóloga Luciana Pessoa com a filha Teresa e a cadelinha Meg no Parque do Flamengo Foto: Natália Boere

A psicóloga Luciana Pessoa, que mora no Catete, diz que achou o Parque da Crianças uma ótima opção para levar a filha Teresa, de 1 ano e 7 meses. Ela conta que ficar com ela trancada em casa por sete meses se tornou insuportável:

— Faz parte do desenvolvimento cognitivo, emocional e motor interagir com os ambientes. Mas não me sinto segura em espaços com ar-condicionado, gente sem máscara. Ao ar livre, consigo manter distância das pessoas, e minha filha consegue ter contato com a natureza, ver os passarinhos que ela adora. Em casa, ela fica entediada fazendo sempre a mesma coisa.

Para brincar na areia até cansar

Escultor. A designer Esther Barki conta que o filho Benjamin, de 3 anos, fica horas brincando na areia Foto: Ana Branco / Agência O Globo
Escultor. A designer Esther Barki conta que o filho Benjamin, de 3 anos, fica horas brincando na areia Foto: Ana Branco / Agência O Globo

O Jardim Botânico traz novidades, respeitável público: após sete meses fechado, acaba de reabrir o parque infantil, que fica perto do portão 915 da Rua Pacheco Leão. Tem um escorrega com muro de escalada de plástico, jacarés de balanço e casinhas de boneca de madeira em um amplo terreno com areia.

Logo na entrada do espaço há um totem com álcool gel e uma placa com as regras e condições de uso: o acesso é permitido para crianças de até 10 anos, o uso de máscara para crianças com mais de 3 anos é obrigatório e recomenda-se higienizar as mãos dos pequenos com frequência e evitar partilhar objetos com pessoas de fora do seu grupo.

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Para a artista plástica e designer Esther Barki, que mora na Gávea e é sócia do Jardim Botânico, o local é o ideal para levar os filhos Benjamin, de 3 anos, e Maria, de 10. Em tempos de pandemia e de limitações para circular livremente pelos lugares, o parque virou o quintal da casa deles, conta:

— Trago meus filhos pelo menos duas vezes por semana. Valorizo muito esse espaço aberto tão lindo e agradável, com tanta natureza. A reabertura do parquinho, então, foi uma alegria. Benjamin ficou muito feliz. Ele fica horas brincando na na areia, não quer ir embora. E adora ver as jacas, os macacos-prego.

Visitantes constantes. Lara Emily (à esquerda) e a prima Lara Sofia batem ponto toda semana no Jardim Botânico Foto: Ana Branco / Agência O Globo
Visitantes constantes. Lara Emily (à esquerda) e a prima Lara Sofia batem ponto toda semana no Jardim Botânico Foto: Ana Branco / Agência O Globo

O operador de caixa João Vieira, morador de São Cristóvão, conta que leva a filha Lara Sofia e a prima dela, Lara Emily, toda semana ao Jardim Botânico. Ele diz que mora numa casa pequena, sem muito acesso ao verde, e que o parque é um oásis para a sua família.

— O Jardim Botânico é longe da bagunça, do barulho da cidade, eu me sinto mais tranquilo e seguro. E as meninas se sentem livres para brincar, correr. Se elas estão se sentindo bem, então eu estou feliz — afirma Vieira.

O arboreto do Jardim Botânico reabriu em 9 de julho, cercado por protocolos de segurança. O acesso só é permitido mediante agendamento prévio, por meio do site agendamentovisita.jbrj.gov.br/fila.php. O funcionamento é do meio-dia às 17h, às segundas-feiras; e das 8h às 17h, de terça a domingo. O ingresso custa R$ 15 (inteira) e R$ 7,50 (meia). O pagamento só pode ser feito em dinheiro.

Marcos Gaspar, diretor de Conhecimento, Ambiente e Tecnologia do Jardim Botânico, explica que o arboreto é um espaço amplo, de 54 hectares, ao ar livre, com muitas árvores, lagos e belas paisagens, onde as famílias com suas crianças podem passear à vontade mantendo o distanciamento social.

— O Jardim Botânico adotou protocolos para proteger a saúde dos visitantes e das equipes e recebeu o selo de Turismo Consciente, das secretarias de Estado de Turismo e de Saúde, e o Safe Travels, selo internacional de segurança em saúde e higiene — conta.

Sombra e água fresca até para bebês

Aventureiros. Vinícius e Camila gostam de trilha e desejam que Letícia, de 2 meses, cresça perto da natureza Foto: Natália Boere
Aventureiros. Vinícius e Camila gostam de trilha e desejam que Letícia, de 2 meses, cresça perto da natureza Foto: Natália Boere

O palacete que o industrial Henrique Lage mandou construir para sua mulher, a cantora lírica italiana Gabriella Besanzoni, aos pés do morro do Corcovado, no Jardim Botânico, é dos palcos prediletos para quem quer fazer ensaios fotográficos. Em tempos de pandemia, o local também tornou-se queridinho de famílias com crianças em busca de um local seguro, tranquilo, arejado e arborizado. Era bem debaixo de uma sombrinha que Letícia, de 2 meses e meio, dormia ao som do canto de passarinhos na última quarta-feira, observada de perto pelos pais, o funcionário público Vinícius Zimmermann e a contadora Camila Nogueira. Era a segunda incursão da pequena às dependências do palácio.

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— Estávamos trancados em casa desde a gravidez dela. Passamos a sair há duas semanas e, em tempos de pandemia, evitamos lugares cheios e fechados, como shoppings e restaurantes. Como gostamos de fazer trilhas, queremos que nossa filha tenha bastante contato com a natureza logo cedo, para que ela aprenda a gostar também e nos acompanhe — diz Zimmermann.

A magia do verde. Claudia quer que a neta, Helena, tenha contato com o universo encantado do Parque Lage Foto: Natália Boere
A magia do verde. Claudia quer que a neta, Helena, tenha contato com o universo encantado do Parque Lage Foto: Natália Boere

Outra que esteve no local para passar uma “lição” foi a aposentada Claudia Berliner, que passeava com a neta Helena, de 2 anos.

— O Parque Lage me lembra a infância dos meus filhos e sobrinhos. Vínhamos muito aqui. É um lugar meio encantado, tem gruta da cuca, torre da Rapunzel, o palacete da princesa... Quero que Helena cresça nesse universo — afirma a vovó coruja.

Após quatro meses fechado, o Parque Lage reabriu em 9 de julho e atualmente funciona diariamente, das 9h às 17h. O acesso ao local, que em setembro recebeu em média 1.450 pessoas por dia, é gratuito.

Em tempos de pandemia, o protocolo é rígido: só entram 200 pessoas por vez. A cada dez que saem, outras dez podem entrar. No palacete, onde estão a piscina, o bistrô Plage e a loja de design, também abertos, o limite máximo é de cem pessoas. Há sinalização e totens de álcool gel por toda parte. A temperatura de cada visitante é aferida com um termômetro digital logo na entrada: quem estiver com mais de 38 graus não entra. Quem estiver sem máscara, também não. E é indispensável higienizar a mão com álcool gel antes de começar o passeio.

— Em alguns momentos, precisamos chamar a atenção de algumas pessoas, mas em geral elas estão seguindo os protocolos. Nosso objetivo é oferecer aos visitantes um passeio seguro — afirma Yole Mendonça, diretora da Escola de Artes Visuais do Parque Lage.

Outros pontos dentro do parque ainda estão fechados, para evitar aglomeração. O acesso a Capelinha, Grutas, Aquário, Parque Infantil, Cavalariças e áreas de piquenique estão lacrados com fitas. Também está proibido fazer confraternizações, eventos e piqueniques em áreas abertas do local.

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