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Por Maíra Rubim — Rio de Janeiro

Dados do Instituto de Segurança Pública (ISP) apontam que em janeiro do ano passado foram registrados 562 furtos na área do 18º Batalhão (que patrulha Anil, Cidade de Deus, Curicica, Gardênia Azul, Jacarepaguá, Taquara, Freguesia, Pechincha, Praça Seca, Vila Valqueire e parte do Tanque), enquanto no primeiro mês deste ano houve notificação de 724 casos, um aumento de 28,8%. Em relação ao número de roubos, comparando-se os mesmos períodos, foram 285 em 2022 e 324 em 2023, variação de 13,7%. O número de registros de ocorrência de todos os tipos de crime também saltou. Foram 2.546 em janeiro do ano passado, contra 3.135 no mesmo mês de 2023, aumento de 23,1%. Não é de se estranhar, portanto, que a segurança seja uma das principais preocupações de moradores e comerciantes da região.

O tema chegou à Alerj, e foi discutido na última quinta-feira, durante uma audiência pública solicitada pela Comissão de Segurança da Casa e que contou com a presença de membros do Conselho de Segurança Comunitário (CCS) de Jacarepaguá, moradores, síndicos e representantes de condomínios e da Associação Comercial e Industrial de Jacarepaguá (Acija).

Presidente da Associação de Moradores e Amigos da Freguesia, Yuri Leal conta que no ano passado a demanda por mais segurança cresceu no bairro, e os moradores começaram a cobrar que algo fosse feito. Entre as principais queixas, furtos de carros na entrada de condomínios, assaltos nas ruas praticados principalmente por motociclistas e circulação de motos sem placa.

— Na Alerj, pedimos monitoramento inteligente nas entradas e saídas do bairro, o que resolveria parte dos problemas com assaltos de motos; e a volta do programa Segurança Presente, que foi encerrado em fevereiro do ano passado, além de cobrar que a prefeitura comece a fiscalizar e impeça o crescimento de comunidades no entorno, principalmente na Floresta do Quitite e no trecho da Floresta da Tijuca na subida da Grajaú-Jacarepaguá, próximo ao Hospital Cardoso Fontes — resume Leal.

Ele conta que a expectativa é que pelo menos algumas das propostas sejam implementadas:

— Essa é a nossa chance de ter pelo menos alguns pontos atendidos. Foi fundamental que o Legislativo, a Polícia Militar e outros órgãos pudessem nos ouvir. Também entregamos um ofício para deixar as demandas registradas.

O síndico Marco Antônio Valério relata que moradores de seu prédio, na Freguesia, foram abordados ao entrar ou sair  do edifício — Foto: Fábio Rossi
O síndico Marco Antônio Valério relata que moradores de seu prédio, na Freguesia, foram abordados ao entrar ou sair do edifício — Foto: Fábio Rossi

A solicitação para a audiência foi fruto de um trabalho conjunto de moradores com o CCS e o perfil nas redes sociais Freguesia em Ação.

— Esta página têm conseguido respostas de pessoas influentes, como assessores do governo. Colhemos muitas informações lá e protocolamos ofícios que são repassados às autoridades. Nossa associação criou no ano passado um grupo de trabalho para discutir somente a questão da segurança — conta Leal.

Uma das queixas dos moradores é a troca frequente de comando no 18° BPM, responsável pela área. Um comandante teria ficado somente um mês no cargo, o que, frisam, prejudica o planejamento das ações. Entre as informações postadas na página Freguesia em Ação, há um registro de que técnicos de uma operadora de telefonia se recusaram a fazer uma manutenção no bairro por classificá-lo como área de risco.

— Aqui nunca foi área de risco. Vários moradores relataram ter o mesmo problema, e encaminhamos o relato à Polícia Civil. O que acontece é que para fazer a manutenção, a empresa precisa ir ao Tirol; por isso pedimos uma unidade de polícia lá. Os moradores do bairro não podem ser prejudicados e começar a ficar sem serviços — diz.

Síndico há dez anos de um prédio na Rua Firmino do Amaral, Marco Antônio Valério relata que no ano passado, em duas ocasiões, em setembro e outubro, chegaram a ser registrados dois assaltos no mesmo dia na via. Ele destaca que o modo de operação era sempre o mesmo: dois rapazes em uma motocicleta sem placa e utilizando capacetes para não serem identificados abordavam as vítimas.

—Moradores do meu prédio já foram vítimas ao sair do edifício. Basicamente eles roubaram celular e pertences quando abordaram as vítimas, que estavam entrando na garagem. Uma moradora teve o seu carro roubado por volta das 23h por quatro homens que estavam em duas motos. O meu filho perdeu o celular por volta das 14h. Em outubro, conseguimos estabelecer contato com o 18º BPM, e eles intensificaram as rondas aqui na rua e na Araguaia, o que melhorou um pouco a situação. Eles circulam em motos e viaturas — afirma Valério.

Quando conversou com O GLOBO-Barra, Rodrigo D’Beça, presidente do CCS de Jacarepaguá, aguardava a reativação da cabine blindada da PM na Rua Tirol, o que acabou acontecendo dias depois, na noite da última quarta-feira. Ele diz que os índices de violência em Jacarepaguá pioraram desde outubro de 2022. E defende um aumento do efetivo de policiais.

— A região de Jacarepaguá está sendo afetada como um todo. Tem tiroteio todo dia aqui. Hoje (quarta-feira) teve na Praça Seca, no Anil e na Covanca. Há empresas que não estão querendo atuar na área porque o tráfico está cobrando taxas altíssimas, assim como faz a milícia— reclama.

D’Beça diz que os moradores estão mobilizados para solucionar o problema.

— As pessoas querem se sentir seguras e poder andar nas ruas com tranquilidade. Sabemos que há diversos pedidos para realizar prisões aqui na região. Esperamos que a Justiça os conceda — afirma.

Bairro Presente será implantado na Freguesia e em Valqueire

Em conversas de moradores, na imprensa e nas redes sociais, os relatos de violência em Jacarepaguá são frequentes. Entre os pontos mais visados, segundo os relatos, estão a Rua Marquês de Jacarepaguá, na Taquara; as ruas Vírgínia Vidal e Lívio Barreto, no Tanque; e as ruas Zoroastro Pamplona, Guanumbi e Araguaia, na Freguesia.

Carro queimado na Rua Guanumbi, na Freguesia — Foto: Fábio Rossi
Carro queimado na Rua Guanumbi, na Freguesia — Foto: Fábio Rossi

No Anil, num intervalo de uma semana houve pelo menos nove homicídios. Em 2 de março, um ataque a tiros deixou quatro mortos e um ferido em uma padaria da Rua Araticum. Cinco dias depois, bandidos mataram um homem na mesma via, após atirar contra quatro pessoas. No dia seguinte, quatro suspeitos foram mortos em confronto com a polícia, que fazia uma incursão numa área de mata devido à guerra entre traficantes e milicianos que tem assustado o bairro.

Nas redes sociais, além do Freguesia em Ação, o perfil Jacarepaguá Notícias RJ reúne quase que diariamente relatos de crimes enviados por internautas. Na quarta-feira da semana passada, entre outras notícias, a página mostrava a filmagem de um assalto na Rua Joaquim Tourinho, no Pechincha, na qual dois bandidos em uma moto roubam o celular de um homem na porta de um edifício. Um dos ladrões, armado, chega a entrar no prédio para pegar o aparelho. Uma outra postagem relatava um assalto na Rua Bacairis, na Taquara, por volta das 22h40, quando um homem teve seu celular e seu documento de identidade levados por dois motociclistas.

Na última segunda-feira, o montador de caixas Uesclei da Silva Estácio, de 29 anos, morreu após ser atingido por uma bala perdida quando voltava para casa na comunidade do Tirol, na Freguesia. Em menos de um ano, foi a segunda pessoa morta por bala perdida na mesma rua do local. Segundo a família do rapaz, o disparo que atingiu a vítima partiu de policiais militares que trocavam tiros com bandidos, e, após ser ferido, Uesclei precisou esperar 40 minutos para receber ajuda.

A Rua Marquês de Jacarepaguá, na Taquara, tem sido alvo de assaltantes, segundo moradores — Foto: Fábio Rossi
A Rua Marquês de Jacarepaguá, na Taquara, tem sido alvo de assaltantes, segundo moradores — Foto: Fábio Rossi

Na Praça Seca, onde bandidos se enfrentam rotineiramente em disputas de território, a população convive com tiroteios frequentes.

Procurada, a Polícia Militar informa que este ano já foram feitas na região mais de 70 prisões e apreendidos dez fuzis, 28 pistolas e mais de duas toneladas de drogas, além de terem sido removidas mais de dez toneladas de obstáculos colocados em vias públicas por bandidos. Afirma ainda que tem direcionado o efetivo do 18º BPM (de 802 homens, cerca de 270 por turno) e de outras unidades para coibir as movimentações criminosas que afetam esta parte da Zona Oeste, além de investir em ações de inteligência com a Polícia Civil.

Ainda segundo a PM, o Batalhão de Polícia de Choque mantém equipes diariamente na Gardênia Azul, e o Batalhão de Ações com Cães e o Batalhão de Operações Policiais Especiais atuam como reforço operacional na região.

O comando do 18ºBPM, por sua vez, informa que está sendo finalizado o planejamento para implementação na Freguesia e em Vila Valqueire do projeto Bairro Presente (antigo Bairro Seguro), já existente nos condomínios Rio 2 e Cidade Jardim, que consiste em intensificar o patrulhamento nas áreas atendidas.

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