De piscina no salão a lona de circo: restaurantes apostam em decoração criativa como a moldura perfeita para sua gastronomia

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No caso do Nolita Roastery, a inspiração veio do próprio responsável pela empreitada, o restaurateur Marcelo Torres,dono de outras sete casas no Rio. Ele define o espaço como um “parque de diversões gastronômico”, que traz algumas referências de outros de seus restaurantes, como o Nolita, o Giuseppe Grill e o Giuseppe Mar.

— O Nolita Roastery é um ambiente único e diferente de tudo o que já foi feito aqui no Rio. Não é só um restaurante; o espaço é todo interligado. Começa com a roastery e termina em um salão supersofisticado. Pegamos todas as coisas que deram certo nas outras casas e reunimos nessa — explica Torres.

O investimento de R$ 24 milhões abriga o Milkbar, uma confeitaria; o Roastery, um espaço todo dedicado ao café; o Restaurante Nolita NY, com menu ítalo-americano; e a Fantástica Fábrica de Doces Nolita, um espaço no melhor estilo Willy Wonka onde é possível observar toda a produção de doces.

É na roastery, inspirada em uma das maiores do mundo, localizada em Milão, que a mágica acontece. Antes de beber, o cliente pode observar a torrefação e acompanhar o café sendo levado através de um sistema de tubulação aparente que desemboca direto nas moendas do bar de café.

— Contratamos um especialista para construir a estufa. Ela é bem tecnológica e tem várias peculiaridades, como a necessidade de pulverizar em horários marcados — afirma Marcelo Torres.

Outra novidade no espaço roastery é a máquina de expresso Victoria Arduino Venus, feita especialmente para o papa Bento XVI. Existem apenas cem delas no mundo, e a de número 12 é a que está no restaurante. Já na área central do estabelecimento, a piscina, inspirada na do restaurante Four Seasons, em Nova York, fechado há cinco anos, é o destaque.

— Eu adorava ir a esse restaurante. Fiz a piscina literalmente igual porque me traz uma memória afetiva — conta Torres.

No MII Restaurante, instalado no BarraShopping, o encanto pela cultura grega ditou cardápio e decoração. O ambiente, altamente instagramável, remete à ilha de Mikonos, uma das mais famosas do país.

— Temos também um piso que é popularmente visto no país, feito de pedras de basalto em meio a argamassa branca. O teto, de bambu, foi todo feito à mão, porque quisemos reproduzir realmente essa estética da Grécia. As paredes são todas brancas, e fizemos detalhes com isopor — conta o sócio Rodrigo Redoschi.

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O arquiteto responsável pelo projeto, Otávio de Sanctis, destaca que a sua vivência no país foi essecial para o resultado final:

— Projetei o espaço baseado em minhas memórias afetivas das viagens à Grécia. Em vez de utilizar elementos mais tradicionais, fui vasculhar em meu baú de memórias referências de acabamentos, pequenos detalhes. Entretanto, muita coisa não existia aqui e, mesmo procurando bons fornecedores, fomos obrigados a trabalhar com o similar em alguns casos, com criatividade e muita boa vontade dos nossos parceiros. A essência em si está preservada; o clima pretendido foi alcançado.

Uma tradição peculiar que o MII traz para seus clientes é a famosa quebra de pratos. É a sirtaki, prática realizada em eventos festivos como forma de expressar alegria.

O circo, esta arte milenar capaz de encantar adultos e crianças, por sua vez, inspirou a Circus Trattoria, inaugurada no ano passado também no BarraShopping. Os detalhes do espaço de 800 metros quadrados foram cuidadosamente planejados para que o público se sinta como se estivesse sob uma lona, da cortina típica na entrada à tenda instalada no teto do salão. Os clientes são recebidos por recepcionistas caracterizados de bilheteiros, e recebem seus pedidos em formato original — um prato de massa, por exemplo, pode ser servido em formato de bala e com as cores do arco-íris. Apresentações ao vivo de números como malabares e mágica, a cada 30 minutos, completam a ambiência.

O sócio Rômulo Groisman explica que restaurantes temáticos são uma tendência mundial e ainda pouco explorada no Brasil.

— Usamos muitas inspirações da Disney. A proposta foi uma decoração circense moderna; não puxamos pelo lado vintage. Na lateral, há cartazes, e no corredor para os banheiros temos diferentes tipos de espelho e um sol cercado de estrelas no teto. A parte externa, nós chamamos de Quintal do Circo, porque tem uma mesa de piquenique e grama sintetica — descreve.

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O ambiente pode, também, ser a mais perfeita tradução dos anseios de um determinado público. Como acontece no Madame Beach Club, misto de restaurante e casa noturna dentro do Hotel Wyndham (ex-Sheraton Barra), no Posto 4 da Avenida Lucio Costa. A primeira coisa que chama a atenção no espaço de 800 metros quadrados é o formato inovador dos lounges, separados por poltronas que servem também como divisórias e dispostos em torno de um bar no meio da pista de dança, o que torna mais fácil o acesso de clientes instalados em qualquer lugar. A ideia, explica o sócio Roberto Périssé, é integrar todos os frequentadores, ao mesmo tempo em que se garante seu direito a uma certa privacidade.

— Nós pensamos em um bar central para atender a toda a casa. Já o lounge surgiu da vontade de garantir exclusividade e privacidade para quem faz a reserva. E o clube não conta com uma determinada pista de dança. O que nós fazemos aqui é a transformação de todo o espaço em uma pista. Se a pessoa quiser, pode ir dançar mais no meio, mas cada um pode curtir no seu lounge também — conta Périssé.

O estabelecimento ostenta ainda luzes, quadros coloridos e móbiles de galhos secos, numa inspiração na decoração de boates de Barcelona, conta ele. O som é distribuído igualmente por todo o espaço, acrescenta, e a iluminação é mais um recurso para integrar.

— A casa se comunica como um todo, porque a iluminação é bem pensada: um dos nossos sócios tem uma empresa de iluminação. E o mesmo som que você escuta mais para a frente do palco, escuta atrás. Assim, todo mundo consegue curtir por igual.

As atrações musicais são fixas, voltadas para o pop rock, com sucessos dos anos 1990 e 2000 embalando as noites. Na ala da gastronomia, os pratos são ao estilo finger food.

— Tudo foi pensado para um público acima de 35 anos e com um poder aquisitivo maior. Nós revivemos o que acontecia nos anos 1990 em um ambiente moderno. O que os clientes mais elogiam é a vantagem de não ter que ficar no meio da multidão, com todo mundo se esbarrando. Os lounges com certeza são o nosso maior diferencial — destaca Roberto Périssé. — O objetivo do Madame Beach Club é trazer todo o glamour visto em boates internacionais para o Rio, desde a decoração até a sonorização.