NITERÓI - A cor verde foi a escolhida, em 1996, para estar nas bengalas de deficientes visuais sinalizando que o seu usuário tem baixa visão; enquanto cegos utilizam a guia na cor branca. A marcação por meio das cores começou na Argentina e, lentamente, espalhou-se pelo mundo. No Brasil, apenas em 2014 as primeiras bengalas verdes começaram a ser utilizadas, e este ano a Associação Fluminense de Amparo aos Cegos (Afac) passou a confeccioná-las e a fornecê-las gratuitamente a seus atendidos. Como próximo passo para uma maior inclusão social de pacientes com baixa visão, a entidade está elaborando uma campanha para orientar e conscientizar a população.
— É padrão que as pessoas associem um usuário de bengala a alguém cego, mas essa é uma concepção errada. Tem muitas pessoas que enxergam, porém, em níveis diferentes. A cor da bengala serve para essa identificação — destaca Neila Nunes, terapeuta ocupacional da Afac. — Tem gente que precisa de ajuda para embarcar num ônibus, mas, ao se sentar, começa a olhar o celular. Isso faz com que quem o ajudou pense que foi enganado. Com o conhecimento da bengala verde pela população, esse tipo de constrangimento vai deixar de acontecer.
Uma das pessoas que ganhou há pouco tempo uma bengala verde é Valéria Amaral, que há quatro anos foi diagnosticada com distrofia da retina e tem apenas 35% da visão central de um dos olhos:
— Recebi a bengala há um mês, e ela me ajuda porque minha deficiência não é visível. Quem me olha, pensa que tenho 100% de visão; a bengala funciona como uma identificação. Eu me sinto mais segura na rua, desde então.
Como Valéria, a paciente Maria Rita de Menezes está na fase de testes para aquisição da bengala verde:
— As pessoas não têm obrigação de adivinhar que preciso de ajuda, e a bengala verde vem para nos ajudar. A cor representa a esperança de sermos vistos pela sociedade de outra forma, com mais compreensão e respeito — conclui Rita, que tem apenas 4% da visão de um dos olhos e 25% de outro.
Encontro debaterá autonomia
Pela primeira vez, Niterói será sede do Encontro Brasileiro de Usuários de Dosvox, um software desenvolvido pelo Instituto Tércio Pacitti de Aplicações e Pesquisas Computacionais (NCE) da UFRJ para que deficientes visuais possam fazer atividades como cálculos ou leituras em computador. O evento será realizado de sexta-feira até o próximo domingo, na Associação Fluminense de Amparo aos Cegos (Afac), no Fonseca, e terá como pauta a discussão e apresentação de novas tecnologias.
Também estão previstas oficinas de percussão, de roda de samba, de autorretrato tátil e lançamento de programas e de jogos de computação acessíveis. A inscrição para o evento custa R$ 90 e pode ser feita até quarta-feira por meio do site intervox.nce.ufrj.br/encontro2018. Informações: 3938-3198 ou 2717-2822.
SIGA O GLOBO-BAIRROS NO TWITTER ( OGlobo_Bairros )