Rio Bairros

Cursos de idiomas apostam em tecnologia para mediação do ensino

Escolas investem em aplicativos e realidade virtual para apoiar aprendizado de línguas
Sala Tech Spot, em parceria com a Google for Education, oferece estrutura para realização de excursões virtuais, com recurso de realidade aumentada Foto: Divulgação/Alessandra Libonatti
Sala Tech Spot, em parceria com a Google for Education, oferece estrutura para realização de excursões virtuais, com recurso de realidade aumentada Foto: Divulgação/Alessandra Libonatti

RIO — O aprendizado de uma nova língua envolve as dimensões da fala, da escrita, da escuta e da leitura. Além de materiais didáticos, as escolas estão investindo cada vez mais no desenvolvimento de tecnologia para mediar o ensino. Aplicativos, audiobooks, games, realidade virtual e inteligência artificial são algumas das apostas das casas de idiomas.

A Wizard by Pearson, em parceria com a IBM, desenvolveu um sistema computacional para o Wiz.me, aplicativo que funciona como tutor pessoal para os alunos, dentro e fora das salas de aula. O estudante acessa o assistente por um tablet, quando está na escola, pelo próprio celular ou computador, quando está em casa, ou em outros lugares. O sistema ouve perguntas e as responde, corrige a pronúncia e oferece exercícios adicionais aos praticados em sala de aula.

Além disso, a tecnologia reconhece pontos onde o estudante precisa de reforço e ajuda o professor a avaliar o desenvolvimento dos alunos, auxiliando a condução do aprendizado de cada um. Esses recursos complementam o material didático tradicional e ampliam as possibilidades de acesso dos acadêmicos.

Juliano Costa, vice-presidente de Educação da Pearson, acredita que a tecnologia aumenta o engajamento dos estudantes porque amplifica sua exposição e explora os sentidos de forma simultânea.

Aplicativo Wiz.me funciona como tutor virtual para alunos Foto: Marcelo Js Fotografia / Divulgação
Aplicativo Wiz.me funciona como tutor virtual para alunos Foto: Marcelo Js Fotografia / Divulgação

— Quando inserimos o digital no processo de aprendizagem, potencializamos as competências necessárias para a compreensão do idioma. Ou seja, o aluno aprende com mais consistência e nós conseguimos oferecer um ensino mais alinhado às necessidades de cada um, melhorando engajamento e resultados — declara.

Na Cultura Inglesa, os estudantes têm acesso à sala Tech Spot, em parceria com a Google for Education, com estrutura de videoconferência, onde são realizadas aulas de conversação com pessoas de outros países e excursões virtuais, além de produção e reprodução de telejornais. O espaço faz parte do novo modelo de unidade da rede de escolas de idioma, o Cultura Inglesa Spot, inaugurado em 2018 no Rio (na Zona Sul, serão inauguradas novas unidades no primeiro semestre).

Para Renata Souza, de 27 anos, a possibilidade de estudar com o suporte de aparatos tecnológicos cria um ambiente mais dinâmico.

— Essa inovação proporcionou uma aula mais interessante. Após um dia longo de trabalho, acredito que ter uma ferramenta que explore outros sentidos além da leitura, da escrita e da fala, chama a atenção e deixa o aprendizado mais atraente — comenta a estudante.

Na unidade do Jardim Guanabara, na Ilha do Governador, foi montada uma sala específica para promover a imersão dos alunos nas ferramentas tecnológicas. A Tech Spot é equipada para uso de realidade virtual aumentada, para fazer videoconferências com pessoas do mundo todo e até para produzir vídeos com efeitos especiais, como se o aluno pudesse estar em qualquer lugar mesmo sem sair da sala. A gerente da unidade, Claudia Sarmento, explica que o principal objetivo do espaço é fazer com que os alunos deixem de ser meros espectadores e passem a produzir conteúdo, tornando-se uma espécie de “co-designers” das aulas.

— Outras ferramentas, como as da Google For Education, colaboram muito também. Por meio dos “Hangouts in the classroom”, por exemplo, conversamos em tempo real com pessoas em outros países, uma troca de experiências que enriquece ainda mais a aprendizagem. Na sala Tech Spot, alunos de todos os níveis produzem seus próprios telejornais, cenas de filmes, releituras de comerciais e programas de TV, entre outras possibilidades, com o uso do Chroma Key e de técnicas de produção audiovisual — conta.

Os recursos tecnológicos no CNA, também no Jardim Guanabara, são todos integrados através do portal CNAnet, exclusivo para os alunos. Nele, é possível ter acesso às weblessons , atividades on-line de consolidação do conteúdo, além de dicionários, jogos em rede e da possibilidade de interagir com outros alunos de todo o país via chat. De acordo com a diretora pedagógica da unidade, Daiane Siqueira, o on-line mais robusto ajuda na imersão do aluno em outros idiomas.

—São essas tecnologias que ampliam as fronteiras do que é trabalhado em sala de aula, que é onde tudo começa. E isso de forma dinâmica, divertida e leve — explica.

Autonomia na ponta dos dedos

A chegada às escolas de idiomas da nova geração, nativa dos tablets e celulares e acostumada a descobrir tudo primeiro a partir de pesquisas no Google, está mudando a dinâmica do ensino de outras línguas em muitas delas. Dar autonomia aos pequenos e também aos jovens e adultos para que, sozinhos, busquem as respostas de que precisam e desenvolvam eles próprios o ritmo com que avançam no conteúdo, tem sido a tônica dos métodos em diversos cursos.

No Wizard, na Estrada do Galeão, além das turmas tradicionais, são oferecidas aulas em um programa que explora experiências de conexão e interação para promover a autonomia dos estudantes. Elaine dos Santos de Marca Pedras, coordenadora de ensino da unidade, diz que a mudança na forma de conduzir o aprendizado, passando o protagonismo para os alunos, também alterou a função dos professores.

— Isso acontece porque é cada vez maior a busca pela personalização dos estudos. Acabou essa história de o professor ser o detentor de todo o conhecimento, mas ele não perdeu a importância dentro de sala. Agora atua como um tutor. A cada ano que passa conseguimos investir mais em aplicativos e métodos para desenvolvermos essa ideia. São ferramentas com áudio, filtros vocais e diversas atividades que permitem ao aluno se preparar dentro de uma determinada lição para que ele seja atendido de forma individual pelo professor. Aí, ele faz a checagem da assimilação do aluno com um feedback diário e pode partir para outra fase ou não — explica.

Segundo ela, o aluno não precisa mais ir até o fim de um período para ser reprovado e ter que voltar para fazer tudo de novo:

— A dificuldade é identificada de forma pontual, a cada lição, e ele só avança depois que consegue superá-la.

Na Cultura Inglesa, a plataforma on-line “My cultura”, com área de exercícios complementares, livros digitalizados e aplicativos, é que cumpre essa missão, de acordo com Claudia Sarmento, gderente da unidade:

— Além de armazenar atividades complementares, que ficam disponíveis para serem acessadas a qualquer momento, é uma das ferramentas que inserem inovação no ensino e expandem os limites físicos de uma sala de aula, mostrando que o aprendizado é contínuo e que o aluno cria o seu ritmo de estudos.

*Estagiária sob a supervisão de Ana Beatriz Marin

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