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'É para todas as cores e etnias', diz autor de novo livro infantil sobre ancestralidade africana

'Manidisa e a vovó Alegria' destaca troca de experiências entre gerações
Vagner Amaro é autor do livro infantil "Mandisa e a vovó Alegria" Foto: Divulgação/Editora Malê
Vagner Amaro é autor do livro infantil "Mandisa e a vovó Alegria" Foto: Divulgação/Editora Malê

RIO — Devolver o sorriso à neta é a missão que uma senhora sábia e dona de um nome inspirador cumpre em “Mandisa e a vovó Alegria” (Editora Malê). O encontro de gerações e a valorização da ancestralidade africana dão o tom da obra de Vagner Amaro, morador do Méier, que se inspirou na sobrinha Luísa, de 11 anos, para estrear como autor infantil. A partir da abertura de um antigo baú, o livro passeia pelas riquezas culturais do continente no período anterior à escravidão.

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A história começa quando Mandisa sofre uma perda e deixa de sorrir. Para resgatar a felicidade da netinha, Alegria, uma avó que tem o hábito de levar a menina para visitar museus e bibliotecas, busca no passado a solução para o presente. O objetivo de Amaro é fazer da literatura um canal de aproximação entre jovens e idosos, assim como um incentivo para que as famílias pesquisem sobre as suas origens.

"Mandisa e a vovó Alegria" tem a ancestralidade africana como tema Foto: Particular / Divulgação/Editora Malê
"Mandisa e a vovó Alegria" tem a ancestralidade africana como tema Foto: Particular / Divulgação/Editora Malê

— Depois que Alegria mostra a Mandisa objetos que foram dos seus bisavós e revela muito desta ancestralidade, a menina fica feliz novamente. Mandisa tem um reencontro com a sua autoestima e um encontro com a valorização do seu povo. Lamentavelmente, as histórias contadas sobre os africanos costumam mostrar subalternidade e desumanização. Mas a história que a avó Alegria conta é diferente. As escolas precisam parar de ensinar apenas sobre o período de escravidão e ampliar a transmissão de conhecimento. Por que não se aborda em sala de aula as riquezas culturais dos reinos africanos? E por que as famílias não procuram saber quem realmente foram os seus antepassados? — questiona o escritor e editor da Malê.

Amaro optou por não abordar o racismo em sua obra infantil.

— “Mandisa e a vovó Alegria” é para todas as cores e etnias. A criança preta precisa de um leque de experiências como qualquer outra criança. Nem todo livro infantil com personagens negros precisa falar de racismo. Mas, sem dúvida alguma, ter a ilustração de uma criança preta na capa tem um significado importantíssimo, já que na literatura há um número muito maior de personagens brancos. Essa invisibilidade negra é ruim, por isso ocupar todos os espaços é fundamental. O meu livro faz parte de um momento muito positivo em relação à representatividade, assim como os dos atores Lázaro Ramos (“Sinto o que sinto”) e Rodrigo França (”O pequeno príncipe preto”), publicados anteriormente — observa o escritor, que disponibiliza o perfil @editoramale, no Instagram, para contato.

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