Rio Bairros

Máscaras de tecido: proteção também para o bolso

Biomédica e microempresária encontram na confecção do produto uma forma de gerar renda durante a pandemia de coronavírus

A biomédica Priscilla Julião mostra peças que criou Foto: Divulgação / divulgação
A biomédica Priscilla Julião mostra peças que criou Foto: Divulgação / divulgação

RIO — A biomédica Priscilla Julião , moradora da Barra , fechou sua clínica de estética no bairro em março, com o início da quarentena em razão da pandemia de Covid-19 . A saída foi se dedicar ao ateliê de costura (@inriorj) que mantém em Caxias desde o ano passado, mas não vinha dando lucro. Diante da chancela do Ministério da Saúde para que os cidadãos comuns usem máscaras de tecido, ela decidiu fazer destas peças seu novo produto, aproveitando a lycra que usava até então para confeccionar capas de cadeiras de praia. A produção começou no último dia 3, e ela conta que em dez dias vendeu mais de duas mil máscaras.

— Como já tinha o ateliê, eu me mobilizei inicialmente para fazer máscaras para a família e os amigos e eles me deram a ideia de vender — conta. — Minha clínica está fechada há um mês, mas as contas continuam chegando.

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A máscara da Inrio custa R$ 15 e é feita com duas camadas de TNT de gramatura 80 e uma de lycra com fator de proteção 50. Outro diferencial, diz Priscilla, são as estampas. A divulgação é via Instagram. Além de vender, ela doou 500 unidades para profissionais de saúde e planeja repetir a ação:

— O mais difícil agora está sendo encontrar o TNT e o elástico para a produção.

Priscilla contratou duas costureiras para auxiliá-la e uma pessoa para cortar os tecidos. As entregas são feitas por ela mesma ou via Sedex, se for para fora do Rio.

— Busco as máscaras na casa das costureiras para elas não precisarem sair. Finalizo botando a etiqueta e o elático. Passo noites sem dormir, mas está valendo a pena. É melhor trabalhar do que ficar sem fazer nada e endividada — brinca.

Dona de um brechó na Praça Seca, Rosângela Neves também buscava formas de sustentar o filho, de 14 anos, até o fim da quarentena. Tem esperança de receber o auxílio de R$ 600 prometido pelo governo federal, mas, enquanto o dinheiro não chega, arregaçou as mangas. Uniu-se a quatro amigas costureiras para fazer máscaras de algodão.

— Tínhamos os panos, mas, com as lojas fechadas, foi difícil comprar os outros itens necessários. Não desistimos e hoje, quase um mês depois do início da produção, já vendemos mais de 500 unidades — conta.

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Como Priscilla, ela busca as peças nas casas das amigas. No início, as máscaras eram vendidas por R$ 10. Agora, o preço baixou para R$ 8.

— Tivemos que diminuir o preço por causa da concorrência. Minha estratégia agora é focar em empresas e não mais em pessoas físicas. Vendo para condomínios e comércios daqui mesmo. Estamos dando até nota fiscal — explica ela, que faz as vendas pelo WhatsApp (99129-6167). — Quando é aqui perto, eu mesma entrego. Se for para outros bairros, chamamos um mototáxi.

Rosângela se diz aliviada por ter conseguido uma forma de se manter e de ajudar outras profissionais:

— Antes de começarmos as máscaras, chegou a faltar comida aqui em casa. Todas as outras costureiras são autônomas, estava difícil para elas também. Agora, com o lucro, uma já conseguiu até pagar a mensalidade da faculdade do filho.

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