Uma menina de 13 anos, estudante da rede pública da cidade, diz ter sido humilhada com ataques racistas por uma professora de educação física do Colégio Estadual Manuel de Abreu, em Icaraí, na última segunda-feira. Ela relatou que as agressões aconteceram no pátio, durante a aula, em frente aos seus colegas, quando a professora a teria chamado de “encardida” e mandado que fosse “cuidar do cabelo horrível”.
Filha de uma mãe negra, a menina tem pele clara e cabelo cacheado e estava há um ano passando por um processo de transição capilar. Após o ocorrido, a família solicitou transferência da aluna para outra escola da rede estadual na cidade.
— Tudo começou porque a minha filha foi ajudar um colega que tinha se machucado na quadra jogando futebol. A professora falou para ela não se meter e que era para a minha filha cuidar do cabelo horrível. Aí minha filha perguntou o que isso mudava na aula dela, e ela continuou falando que minha filha era uma encardida, maltratada, que isso mudava porque ela tinha que olhar para a cara dela todos os dias — relata a mãe, que registrou Boletim de Ocorrência por injúria racial e prefere não se identificar a pedido da filha, que está traumatizada e não quer falar do assunto. — Ela está muito abalada, pediu para sair da escola e quer cortar o cabelo. Um ano de transição capilar para destruírem a sua autoestima em dez minutos. Eu sinto o peso do racismo até hoje por ser negra, ter filhos brancos e os outros sempre acharem que sou a empregada. Minha filha já vive isso de perto. Se a professora faz isso com minha filha, que tem pele clara, imagina com uma criança de pele escura — completa.
Ainda segundo a mãe da jovem, depois do ocorrido ela foi procurada por outros alunos com relatos envolvendo a mesma professora:
— Essa professora é reincidente em problemas com alunos. Até funcionários que foram acalmar minha filha no dia não se surpreenderam ao saber de quem se tratava.
Na quinta, a presidente Jaqueline Cristina da Silva Santos Comissão de Igualdade Racial da OAB Niterói e o vice-presidente Luiz Henrique de Oliveira Júnior, em parceria institucional com a subsecretária municipal de e Igualdade Racial, Glória Anselmo, visitaram a Diretoria Regional da Secretaria de Educação e Cultura para formalizar a denúncia por meio de ofício para averiguação e providências cabíveis.
A Secretaria de Estado de Educação (Seeduc) disse que foi aberta uma sindicância e já foi pedido o afastamento da professora. “A equipe diretiva da unidade escolar já adotou, junto com a Diretoria Regional, todas as providências necessárias para a proteção da estudante e a devida apuração. Enfatizamos que a Seeduc repudia toda e qualquer manifestação de preconceito e discriminação”, diz a nota.
Inscreva-se na Newsletter: Niterói