Niterói
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Por — Niterói

“Estamos com muita dificuldade para pegar ônibus. As linhas 61, 23, 24 e 21 sumiram. Quando preciso pegar o 61, por exemplo, porque é essa linha que faz o caminho entre Icaraí e Engenhoca e passa por dentro de São Lourenço, onde moro, tem demorado bastante. Eles dizem que tem um horário de saída, mas a gente não consegue acompanhar isso via aplicativo. Às vezes, ficamos esperando por meia hora ou mais. Quando não temos sorte, passam dois ônibus seguidos e ficamos mais de uma hora. Isso acontece”.

A percepção diária da manicure Mara Rodrigues sobre o aumento na espera de coletivos na cidade não é um fato isolado.

Uma pesquisa realizada pelo Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe/UFRJ) revela que, após a pandemia de Covid-19, quem vive em Niterói mudou o hábito no deslocamento pela cidade. E os principais fatores para essa mudança foram falta de conforto físico, tempo de viagem, custo e falta de disponibilidade do serviço.

Um panorama do transporte público

O estudo “Será que mudamos? Um panorama do transporte público na Região Metropolitana do Rio de Janeiro” buscou entender quais são os desafios e as responsabilidades da iniciativa privada, do poder público e da sociedade civil para a promoção de um transporte público sustentável. Em Niterói, o percentual mostrou que cerca de 12% dos entrevistados mudaram o padrão de deslocamento. A pesquisa ouviu mais de quatro mil pessoas, na Região Metropolitana, e levantou dados como o perfil socioeconômico da população e meio de transporte utilizado antes e depois da pandemia.

Para o engenheiro civil Glaydston Mattos Ribeiro, o estudo revela como cada município reagiu no setor e como as políticas públicas ainda estão distantes de atender a verdadeira demanda da população.

— No geral, o ônibus ainda é o meio de transporte mais utilizado em toda a Região Metropolitana. Mas os carros de aplicativos, além de de serem mais usados, ocasionam o aumento de veículos individuais nas ruas, e isso reflete diretamente no trânsito. É preciso pensar em cidades mais sustentáveis. O único município do estado que foge ao padrão levantado é Maricá, por ter tarifa zero. Esperamos chamar a atenção dos gestores do setor para essa questão — diz.

De acordo com a pesquisa, para a população que recebe até três salários mínimos o padrão pouco mudou, e o ônibus continua a ser o transporte mais utilizado. Já a parcela de quem recebe de três a cinco salários apresentou uma redução de 8% no uso de coletivos. No caso do grupo que recebe de cinco a sete salários, a redução no uso do ônibus foi de 17,6%. Na faixa salarial acima de dez salários não houve mudança significativa, pois o uso de carro particular ainda continua a ser o principal meio de transporte.

— O recorte de renda e escolaridade da população economicamente ativa ainda é grande. Apesar de as pessoas estarem gastando mais tempo no deslocamento casa/trabalho, o trabalho remoto também é uma realidade que precisa entrar nessa equação. Não existem outros modais no Leste Fluminense para desafogar o trânsito— diz Cíntia Oliveira, engenheira e professora do Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca.

Finanças em frangalhos

Sobre o problema relatado por Mara, o Setrerj, sindicato que representa os consórcios Transnit e Transoceânico, afirmou, em nota, estar empenhado em disponibilizar o melhor serviço para os usuários, porém as operadoras estão com sua capacidade financeira fragilizada. “O Setrerj expressa sua preocupação com a perda contínua de qualidade do serviço prestado à população pela indefinição da prefeitura sobre as medidas que devem ser tomadas para a recuperação do sistema de ônibus em Niterói. Como o próprio município já afirmou publicamente, inclusive à Justiça e à Câmara dos Vereadores, a tarifa está desatualizada e o sistema está desequilibrado do ponto de vista econômico e financeiro”, diz.

Por sua vez, a prefeitura disse que a queda de demanda provocada pela Covid prejudicou os consórcios; para resolver a questão, o município está com um projeto de lei na Câmara Municipal que estabelece o subsídio ao transporte coletivo da cidade. De acordo com a prefeitura, a partir do subsídio, o município vai conseguir reequilibrar o contrato com os consórcios, colocar mais ônibus nas ruas e assim melhorar a frequência, os intervalos e a qualidade do sistema como um todo.

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