De olho nas eleições municipais deste ano, as peças do tabuleiro político da cidade se movimentam em busca de apoios e plataformas para o cargo máximo da prefeitura. Dentro deste cenário, destacam-se três prefeitáveis: Rodrigo Neves (PDT) e os estreantes Talíria Petrone (PSOL) e Carlos Jordy (PL). Temas como segurança, saúde, educação e transporte estarão entre os principais pontos que devem pautar as discussões das plataformas políticas de cada grupo.
O conhecido cacique Rodrigo Neves, além de já ter ocupado o cargo por dois mandatos consecutivos (2013-2020), faz parte do grupo que ocupa a cadeira do Executivo desde a década de 1980, quando o também pedetista Jorge Roberto Silveira se elegeu. Rodrigo, que saiu em 2015 do PT, sigla na qual construiu toda a história política desde a adolescência, passou ainda pelo PV e chegou ao atual partido em 2017, participando ativamente da candidatura de Ciro Gomes à Presidência da República no ano seguinte.
Nos bastidores, os vereadores governistas já apoiavam seu possível retorno. Atualmente, a definição de um nome para entrar na chapa como vice parece ser a principal prioridade. Nomes como o da deputada estadual Veronica Lima (PT) e do atual vice-prefeito Paulo Bagueira (União Brasil) são ventilados.
Conhecido também por ter sido um dos líderes do movimento “dos caras pintadas”, na década de 1990, Rodrigo conquistou o posto de pré-candidato após o atual prefeito Axel Grael (PDT) abrir mão de concorrer à reeleição em favor do atual secretário executivo. Pessoas ligadas ao partido dos correligionários afirmaram que a decisão foi uma grande negociação, que incluiu até pesquisas de intenção de votos contratada por Rodrigo, mas era vista como certa.
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A cientista política e professora do Ibmec Christiane Romeo avalia que o grupo pedetista tem poucos entraves na cidade, pelo histórico de sucessão da mesma ala e por ter a máquina na mão. Mas não descarta que o discurso da direita bolsonarista cresça.
— O fato é que este processo eleitoral tem tudo para ser marcado pela maior polarização entre esquerda e direita. Esses polos estão bem definidos. Resta saber como a esquerda vai se posicionar em questões sensíveis, como segurança pública, que, apesar de não ser uma competência municipal, virá com força. E sabemos que a ala bolsonarista tem um viés extremamente populista — afirma.
Já o deputado Carlos Jordy (PL), que recentemente virou alvo de uma operação da Polícia Federal para apurar os atos golpistas de 8 de janeiro, lançou oficialmente a pré-candidatura a prefeito na última quinta (22), no Clube Português. Constantemente, o político ligado à família Bolsonaro se apoia no discurso anticorrupção para mostrar as falhas da atual gestão, defendendo que a prefeitura “gasta milhões em shows enquanto crianças estão fora da escola”. Além disso, o presidente Lula é usado para mostrar uma possível ligação entre o petista e Rodrigo Neves, que foi preso em 2018, durante as investigações da Lava-Jato. Niteroiense, ele estreou na política nas eleições de 2016, quando foi alçado ao cargo de vereador pelo PSC, e tem como forte aliado na cidade o vereador Douglas Gomes (PL).
— Ele defende abertamente a internação compulsória e foi muito bem na cidade na eleição para deputado federal. Niterói votou mais à esquerda, mas o Jordy recebeu mais de 22 mil votos. Mesmo que não vença, ele pode fazer seu nome crescer para o cenário estadual — destaca Christiane.
Militante dos direitos humanos e da mulher e ligada ao movimento negro, a deputada federal Talíria Petrone representa uma candidatura que busca renovar a imagem da esquerda em Niterói. Professora de história, Talíria foi a vereadora mais votada em 2016 na cidade, quando recebeu mais de cinco mil votos. “É a chance de Niterói ter pela primeira vez uma mulher negra e de luta na prefeitura!”, defende a parlamentar nas redes. Nos bastidores, um nome para compor a frente de esquerda como vice ainda é uma incógnita. Durante a última eleição, ela recebeu apoio do presidente Lula. Na cidade, a deputada adotou a postura de realizar visitas a diversas iniciativas da sociedade civil organizada, como lideranças das áreas de saúde, meio ambiente e educação. A intenção é recolocar estes agentes no centro do debate da construção de políticas públicas no município.
— Ela representa o voto mais organicamente ideológico, ligado à defesa das pautas minoritárias. O grande problema aqui é a possível divisão de votos. Em 2022, Rodrigo e Talíria não eram competidores. Ou seja, as pessoas podiam votar em ambos. Mas agora não. Ela vai precisar fazer uma costura política que seja mais ampla — diz a professora.
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