Niterói
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Por O Globo — Niterói

A história de amor proibido da indígena Jurema com o guerreiro Cauby vai ganhar o palco do Theatro Municipal de Niterói com “Itapuca, o musical”, que estreia quinta, dia 14. Inspirado na lenda da Pedra de Itapuca, o paulista Marllos Silva escreveu o texto e dirige o espetáculo. Só que nesta nova versão Cauby é escravizado. O musical tem temas inéditos do premiado compositor Elton Towersey e produção da Scuola di Cultura e faz parte das comemorações de aniversário de 450 anos de Niterói.

— “Itapuca, o musical” é um resgate da história de Niterói. É trazer à cena o DNA da cidade e do seu povo. Mostrar que os nossos heróis estão aqui ontem, hoje e amanhã. Apresentar essa história é dar força e relevância ao nosso povo. A trama se passa na aldeia Keriy, localizada no bairro de São Francisco, cruza o Carahy, atual Icaraí, e termina na Praia das Flechas. Visitamos também o Ingá e o Centro. Lugares conhecidos pela população são cenários da nossa história — destaca Silva, responsável pela criação do Prêmio Bibi Ferreira.

O elenco, formado por 11 artistas, tem como protagonistas a belenense Yasmin Pellerano (Jurema) e o carioca Pedro Madeira (Kaub). O espetáculo também conta com o retorno aos palcos niteroienses da atriz e cantora Giovanna Sassi, que interpreta Maria Antonieta. Ela volta a atuar na cidade depois de uma longa temporada de sucesso em São Paulo com o musical “Kafka e a boneca”. Além deles, estarão em cena três artistas indígenas, das aldeias macuxi (RO), marakanã (Rio) e xukuru (Pernambuco). Uma delas é a experiente Jana Figarella, que atuou em musicais como “Cássia Eller”, “Morte e vida severina” e “Por elas”.

— A minha personagem é uma matriarca indígena. Eu tenho encontrado muitas inspirações nas minhas origens ancestrais, principalmente na minha mãe, que é da aldeia macuxi. Ela é uma mulher guerreira e livre que sempre levou a vida com coragem, notadamente após a separação do meu pai, um militar. Foi minha mãe, por exemplo, que conseguiu me resgatar quando, ainda bebê, fui roubada por uma vizinha da vila militar, onde morávamos, em Manaus. Ela conseguiu evitar o meu sequestro, mas desde então nunca mais trabalhou fora de casa — conta Jana.

Ela diz que também se identifica com essa energia indígena de Niterói, como se sentisse a presença dos seus ancestrais na cidade. Jana atua ao lado de outros dois indígenas, Dario Jurema (Morubixaba Itanhyã) e Henrique Patuã (Taynã).

O elenco de profissionais por trás do espetáculo também foi escolhido a dedo. “Itapuca, o musical” conta com a colaboração do visagista indígena maranhense Sandro Akroá, de 28 anos, da aldeia akroá. Hoje morador da Aldeia Maracanã, no Rio, Akroá passou este ano no vestibular para a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), onde vai cursar Artes Visuais.

— Meus grafismos indígenas foram descobertos pelos pesquisadores da Uerj. Eles e o cacique Urutau, da Aldeia Guajajara, me orientaram a concluir o ensino médio no Colégio Estadual Antonio Prado Jr., em São Cristóvão. Sou filho de mãe indígena e pai preto e tenho muito orgulho da minha ancestralidade — frisa.

Além de Akroá, a produção tem nomes de peso na cena do teatro musical. O diretor musical Thalysson Rodrigues, por exemplo, atuou em produções de sucesso como “A cor púrpura” e “Mamma mia”. Gabriel D’Angelo, designer de som, fez “Sintonia” para a Netflix e “Odilon – Réu de si mesmo” na HBO. E Paulo Altafim, também designer de som, trabalhou em mais de 40 produções nos últimos dez anos, entre elas “Castelo Rá-Tim-Bum” e “Marrom, o musical”.

Reflexão crítica

O figurino é assinado por Ney Madeira (verbete na enciclopédia do Itaú Cultural) e Dani Vidal, que reúne prêmios em mostras internacionais como a World Stage Design — Seul (2009) e a Quadrienal de Cenografia de Praga (2019). A dupla já assinou figurinos de comissões de frente para Vila Isabel e Beija-Flor. Para Fabrizio Sassi, produtor executivo do projeto, o espetáculo aborda questões profundas de uma forma leve:

— Esse espetáculo dá luz à perspectiva dos povos originários, dos escravizados e dos colonizadores. De um modo leve, questões profundas são abordadas para que haja uma reflexão crítica sobre a História. Tudo isso envolto na força da lenda de Itapuca, que fala sobre o amor proibido de Jurema e Cauby, que tiveram o amor eternizado pelo deus Tupã.

A temporada vai até o próximo dia 24. O ingresso é gratuito para alunos das redes pública e particular. O público em geral paga R$ 30 (inteira); e moradores e niteroienses, R$ 10.

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